Esquema de pirâmide de bois engabelou até protagonista de O Rei do Gado

O personagem Bruno Mezenga (Antonio Fagundes) mexeu com o imaginário popular em O Rei do Gado (1996), tanto que muitos brasileiros quiseram também ter lucros na área rural e investiram num esquema de pirâmide que envolvia boiadas e ficou famoso na época da novela. Só que o negócio quebrou, e até Antonio Fagundes teve prejuízo.

Nos anos 1980, foi fundada a empresa Engorda de Gado nas Fazendas Reunidas Boi Gordo, conhecida popularmente como Boi Gordo. Nos intervalos de O Rei do Gado, a empresa começou a exibir comerciais do programa de investimento, com dizeres como "quem tem cabeça investe em gado".

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A Boi Gordo incentivava brasileiros a investirem em títulos da empresa, em compra de bois nelore, criados em fazendas das regiões Sudeste e Centro-Oeste.

Os interessados adquiriam ou 18 bois, em pagamentos mensais durante 18 meses, ou 30 bois de uma vez, mediante pagamento de R$ 245 por cabeça (o que hoje, com valores corrigidos pela inflação, corresponderia a cerca de R$ 2.150). Os investidores poderiam resgatar as aplicações após 18 meses, com promessa de lucros superiores a 40%.

A "oportunidade" chamou a atenção até de Antonio Fagundes e Benedito Ruy Barbosa, protagonista e autor da novela, respectivamente. De acordo com o Jornal do Brasil, ambos investiram na empresa.

No entanto, o negócio se tratava, na verdade, de um esquema de pirâmide. A empresa remunerava os clientes mais antigos com o dinheiro dos novos investidores. Até que o dinheiro deixou de entrar, e a pirâmide ruiu em 2001.

Segundo a revista Veja, 32 mil pessoas saíram prejudicadas, num rombo que chegou a R$ 6 bilhões, conforme a falência da empresa, em 2004. Antonio Fagundes, Marisa Orth e Hans Donner estavam entre os famosos que foram lesados pela Boi Gordo.

Em 2021, desembargadores da 10ª Câmara de Direito Público do Tribunal de Justiça de São Paulo concluíram a análise dos últimos recursos por parte da empresa, que tentava impedir que sete pessoas fossem consideradas responsáveis pelos prejuízos e tivessem seus bens usados para o pagamento de dívidas e ressarcimento de credores. A expectativa foi de arrecadação de R$ 600 milhões entre esses bens, um valor baixo perto do que foi perdido por todas as vítimas. 

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