De gato sênior a tio brigadeirão: Verdadeira Kate entrega segredos de Vai na Fé

Defensora da juventude suburbana, Renata Sofia é a verdadeira Kate de Vai na Fé. A jornalista de 36 anos faz sua estreia como roteirista de uma novela já colhendo bons resultados. Ela está por trás da personagem que caiu no gosto do público com todo o seu deboche. Os apelidos que a atriz Clara Moneke dispara na pele da divertida Kate viralizam quase que instantaneamente --são os casos de "gato sênior", "brigadeirão", "gostoso ungido", "advogato" e "delincrente".

A roteirista esclarece que a personagem é uma criação de Rosane Svartman, que definiu os principais arcos da novela das sete da Globo em 2020 e trabalha na construção da história nestes últimos três anos. Por causa da pandemia da Covid-19, o processo foi desacelerado entre 2020 e 2021.

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Renata entrou para o time que escreve a trama em março do ano passado e passou a ter encontros semanais com os colegas de roteiro para discutir o conteúdo a ser produzido. Quando a novela estreou, eles tinham dois meses de frente: exatamente 60 capítulos escritos.

Dentro da equipe da autora, os colaboradores apadrinham alguns personagens que escrevem mais e se tornam "mães" ou "pais" deles.

"Durante muitos anos, no audiovisual, você tinha um preto para se conectar com ele. Agora, com Vai na Fé, sou um pouco Ben [Samuel de Assis], agora que eu tenho uma classe social mediana. Eu sou um pouco Jenifer [Bella Campos], que foi estudar em uma faculdade no início da política de cotas. Eu sou um pouco Kate, porque sou debochada, porque eu falo um monte de coisas e invento um monte de gírias", explica Renata ao Notícias da TV.

Ela afirma que Kate é uma pessoa que existe --na verdade, "são várias pessoas". O segredo está em misturar situações e personalidades que fazem parte do universo dela.

João miguel jr/divulgação

Renata Sofia trabalha com Rosane Svartman 

A amizade de Kate e Jenifer: ela é muito importante para mim, porque eu vejo muitas amigas minhas nelas. A Kate é muito essa garota do subúrbio. Ela é a caixa do supermercado, tem ingredientes do que eu observo, da atendente da padaria, das pessoas do meu ciclo, de coisas que a gente escuta no ônibus. Eu sou suburbana. Kate é puro suco do deboche dessa minha percepção.

Renata começou a carreira no jornal Extra, cobrindo novelas. A primeira foi Rebelde, da Record, em 2011. Depois, foi trabalhar no Gshow como repórter de Malhação, seu primeiro trabalho com Rosane Svartman. Ela também foi uma das responsáveis pelo site de Totalmente Demais (2015).

Noveleira, Renata foi fazer cursos de roteiros e perdeu o desejo de continuar trabalhando como repórter. Pediu demissão e se deu seis meses para arranjar algo no audiovisual; conseguiu entrar para salas de roteiros graças ao projeto de um infantil.

Depois de diversos trabalhos freelancers, foi contratada pela Globo para colaborar na Malhação dos irmãos Eduardo e Marcos Carvalho, que acabou cancelada. Lá, conheceu Paulo Silvestrini, que é o diretor artístico de Vai na Fé.

Kate foi garçonete no começo da novela

Com contrato em vigor, a jornalista viveu o momento mais inusitado de sua empreitada. Rosane ligou perguntando se ela queria fazer parte de sua equipe. "Você tem noção que é você, Rosane Svartman, me ligando e perguntando se eu quero virar roteirista da sua novela?", rebateu, beliscando-se.

Começava no início de 2022 a jornada dela que terminará agora em agosto, com o final da novela. Renata seguirá contratada, mas diz que não sabe qual será o próximo trabalho. Questionada sobre como foi esse "salto" para uma novela aberta, ela elenca alguns fatores.

'Cavalo de pau em transatlântico'

"Essa sensibilidade no ar é uma coisa que tem técnica, atenção, muita pesquisa, percepção... Não é achismo. Tem o fato de ir no set, conversar com o diretor. Tem muita coisa que vai alimentando uma obra aberta", diz a roteirista, antes de completar com uma comparação inusitada:

Alguém me perguntou como era fazer novela, tinha uma mudança por questão de produção, cenas que eram na rua e não podiam ser gravadas porque não parava de chover... E respondi que era como dar cavalo de pau em um transatlântico. É uma coisa enorme em movimento. Mas, às vezes, você precisa recalcular a rota.

Criada e escrita por Rosane Svartman, Vai na Fé é escrita também por Mário Viana, Pedro Alvarenga, Renata Corrêa, Sabrina Rosa e Fabricio Santiago, além da própria Renata Sofia. 

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