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CASSIANO ANDRADE

Compositor revela segredo para hits de Lui em Vai na Fé: 'Sucesso antigo'

HEDER NUNEZ/TV GLOBO

José Loreto caracterizado como Lui Lorenzo em Vai na Fé; ele está sem camisa e dá um sorriso sedutor em cena da novela

José Loreto como Lui Lorenzo em Vai na Fé; músicas do personagem fazem sucesso no streaming

SABRINA CASTRO

sabrina@noticiasdatv.com

Publicado em 20/2/2023 - 6h25

Se é difícil compor uma música esperando que ela se torne um hit, é ainda mais complicado criar uma canção que já precisa nascer como um sucesso. Essa foi a tarefa de Cassiano Andrade, o compositor dos hits de Lui Lorenzo (José Loreto) em Vai na Fé. As músicas precisavam ser chicletes, pois são representantes dos tempos áureos da carreira do cantor fictício --que está em plena decadência no período em que se passa a novela das sete da Globo.

Para que isso funcionasse, o artista mergulhou em um trabalho intenso. Recorreu às referências indicadas pela autora da novela --Sidney Magal, Ricky Martin, Latino-- e dissecou seus maiores sucessos. Analisou as melodias e comparou quais mais se repetiam, entendeu os temas das letras e pensou em como elas seriam performadas, estudou sobre as rimas e harmonias mais comuns. Foi assim que chegou aos sucessos do artista da ficção, cujo principal hit, Pool Party do Lui, já somou 56 mil visualizações no Spotify.

Em entrevista ao Notícias da TV, o compositor afirma que grande parte desse sucesso vem de seu próprio repertório. Mas não descarta o fato de ser uma ciência --dada as intensas pesquisas para encontrar a fórmula mágica que transformam uma música em hit.

"Eu posso tentar compor em cima das ideias que já existem de um hit, mas afirmar que isso vai se tornar um hit não é tão fácil assim. O mágico é que você está comprando uma coisa que já existe, mas não existe ao mesmo tempo. Porque está escrito lá que são sucessos antigos da carreira [do Lui], né?", relembra ele.

A inspiração foi preponderante no sucesso de Lui. Joana safadinha é quase uma releitura de Renata, Ingrata, do Latino. Hoje a Bagunça É Lá em Casa lembra muito Festa no Apê, também do cantor. "Claro que, quando você vai compor inspirado em algum outro artista, não tem como ser diferente [a semelhança das músicas]. Não é proposital, mas é a inspiração, né?"

Andrade entrou na trilha a convite de Daniel Musy, diretor musical da novela, que assinou a produção das canções. Eles se conhecem de outros carnavais. Além de alguns trabalhos em conjunto, os dois cuidaram dos hits de outro cantor da ficção: Clóvis, de Segundo Sol (2018).

O cantor, interpretado por Luis Lobianco --o Vitinho da atual novela das sete, que, coincidentemente, é o compositor de Lui na trama--, tinha um estilo de música bem diferente. 

O processo, no entanto, foi semelhante. Ele recebeu uma lista de recomendações dos autores e pensou na letra da música. Depois de aprová-la com o diretor musical, criou a melodia (sequência dos sons) e a harmonia (combinação das notas) e aprovou tudo de novo. Consertou algumas partes, melhorou outras e voilá: temos uma música. 

Além de Lui Lorenzo

Em outros casos, o método pode ser diferente. A harmonia pode vir antes da letra, ou o compositor pode encaixar as palavras numa melodia pré-estabelecida. Depende do projeto. No caso de Cassiano, há muitas variáveis. Além da dramaturgia, o compositor escreve para outros artistas --Jorge Vercillo, Arlindo Cruz, Xande de Pilares, Zeca Pagodinho e Ivete Sangalo são alguns exemplos-- e para si mesmo.

Ele também segue carreira como cantor. Já lançou nove músicas como intérprete --um universo bem pequeno, comparando com a centena de composições suas apresentadas por outras pessoas. Mas ele pretende expandir a carreira.

Nisso, a novela tem ajudado. Desde a estreia, seu perfil no Spotify alcançou mil inscritos. Essas pessoas não só ouviram uma música ou outra, mas se inscreveram para acompanhar a carreira dele.

Parado no tempo?

Embora seja a mente por trás do sucesso de Lui Lorenzo, Cassiano Andrade optou por um caminho diferente para sua carreira como intérprete. Ele define seu trabalho como um "MPopB" --um MPB com pegada pop. Ele é um entusiasta de músicas das décadas passadas ("pô, sou da escola de Gilberto Gil, Djavan"), mas tem suas referências no momento atual.

"Eu tive a tendência de querer parar no tempo, mas aí comecei a procurar a beleza nas coisas novas. Tem muita coisa interessante. Por exemplo, se você ouvir um trabalho de um 5 a Seco da vida, é uma coisa bem feita, requintada. Tiago Iorc, Anavitória, Ana Vilela... Melim tem uma construção de música, muito rica, muito inteligente no sentido de construir um hit. Fora a galera que não aparece, né, que não consegue quebrar os tetos", enumera. 

Para que sua própria música seja colocada nesse rol, o artista tenta "furar as prateleiras", trazer referências clássicas à música popular. "Por que um cara que lança com Jorge Vercillo, é parceiro do Rodrigo Suricato, lança uma música com Lua Blanco, com Psirico? Porque Psirico é um pagodão baiano, né? Mas, se você for lá ouvir a canção, você vai ver que tem influência da música africana, da música baiana de uma maneira geral. Eu estou falando de Caetano Veloso, de Bethânia, de Gal Costa (1945-2022), Tom Zé...", diz.

Sucesso é relativo

Para ele, é isso que define um artista. O artista precisa questionar, ser diferente, fazer diferente. Mas como fazer isso? Há pesquisa envolvida, claro. No caso dele, ele "estuda" desde os dois anos. O pai trabalhava numa rádio, e, desde sempre, ele ouvia tudo o que era música.

"Ouvi muita música internacional. Os rocks do final dos anos 1970 e começo dos anos 1980. Dire Straits, The Police, Queen... Muito Queen. Lulu Santos e Legião Urbana. Sou muito apaixonado pelo trabalho do Renato Russo (1960-1996) na Legião Urbana. O pop dos anos 1980 também me emociona e alimenta o meu trabalho de compositor. Em dado momento, comecei a ouvir João Bosco, Milton Nascimento, Guns N' Roses... Formou meu caráter", ressalta.

De lá para cá, nunca abandonou a música. Aliás, sequer considerou seguir outra carreira, apesar das dificuldades. Foi corretor de imóveis durante dois anos, mas largou a carreira rapidamente. A paixão é vista nas paredes da casa --o único item de decoração visto durante a entrevista por videochamada foi um violão.

Mas Andrade não tem grandes ambições. Para ele, o sucesso é relativo. Ele não busca milhões de plays em suas músicas, e sim atingir um público mais restrito e não depender de uma fórmula como Lui Lorenzo.

O sucesso virou fórmula. Só explode um segmento, né? Depois da lambada, veio o axé. Depois o forró. Aí veio sertanejo, que ainda hoje domina muito o mercado brasileiro. Isso faz com que as pessoas mais velhas queiram parar no tempo. As músicas das últimas décadas eram muito ricas, em melodia e apelos emocionais, e a coisa foi ficando mais pragmática. Se bateu, levou [fez sucesso], pronto. 

Mas, apesar de querer extrapolar as fórmulas, ele não renega as músicas de Lui. "O trabalho do compositor alimenta o trabalho do artista. Não obrigatoriamente o que eu componho para uma novela ou para um artista é que eu vou cantar. Mas a alma é basicamente a mesma."


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