ORGULHO E PAIXAO
João Miguel Júnior/TV Globo
Vera Holtz (Ofélia) e Tato Gabus Mendes (Felisberto) em cena de Orgulho e Paixão: agora a ficha caiu
LUCIANO GUARALDO, no Rio de Janeiro
Publicado em 26/3/2018 - 6h07
Atriz profissional desde 1979 e emendando papéis de destaque na Globo há 30 anos, Vera Holtz finalmente entendeu o poder das novelas em que trabalha. A ficha da veterana de 64 anos caiu logo no início das gravações de Orgulho e Paixão, baseada na obra literária da celebrada escritora inglesa Jane Austen (1775-1817).
"Eu já tinha gravado algumas cenas, mas fui fazer uma sequência em que eu falava 'Todo homem solteiro de posses tem que estar necessitado de uma esposa!'. Na hora de falar isso, uma frase tão marcante, que abre o livro [Orgulho e Preconceito, principal inspiração da novela], eu tive uma visão", lembra Vera.
A intérprete da matriarca Ofélia Benedito imaginou que a novela viajaria pelo mundo todo e que milhões de pessoas que já tiveram contato com a literatura de Jane Austen veriam essa reimaginação das obras.
"Eu tomei consciência de que estava falando uma frase clássica não para mim, mas para dezenas de países. E nunca na minha carreira eu tinha sentido uma coisa dessas", empolga-se.
O insight de Vera fez ela valorizar ainda mais o seu trabalho como atriz. "Foi um momento de comunhão que eu tive com a dimensão que é uma telenovela brasileira e até onde ela alcança. Fico muito feliz de poder representar um papel nisso tudo."
Não que Ofélia seja o primeiro grande papel de Vera na TV. Ela já viveu personagens tão diferentes quanto a caçadora de vampiros Miss Alice Penn Taylor, de Vamp (1991), a alcoólatra Santana, de Mulheres Apaixonadas (2003), a catadora de lixo Lucinda, de Avenida Brasil (2012) e a terrível Magnólia, de A Lei do Amor (2016).
No currículo de peso, faltava uma adaptação literária. E o autor Marcos Bernstein, apesar de situar Orgulho e Paixão no Brasil de 1910, não esconde que bebeu intensamente na fonte de Jane Austen para construir a novela.
Na pele da matriarca, Vera Holtz tem a complicada missão de tornar amável uma mulher que só pensa em casar as cinco filhas: Elisabeta (Nathalia Dill), Jane (Pamela Tomé), Mariana (Chandelly Braz), Cecília (Anaju Dorigon) e Lídia (Bruna Griphao). O desespero de Ofélia para não ter uma herdeira encalhada gera situações divertidas.
"Ela fica inventando estratégias, e as meninas não fazem ideia. Manda uma das filhas para a casa do pretendente no meio da chuva para ela ficar doente e precisar passar a noite lá. A Ofélia se acha o máximo, um ás das casamenteiras", conta.
O humor e o contexto histórico da novela viraram armas para que a atriz justificasse o comportamento da personagem.
"Ela acredita que, se não ajudar as filhas, vão ficar todas solteiras, na soleira da porta da casa dela. E eu estou levando a Ofélia para uma região mais leve, da brincadeira, nunca para o embate, para a briga. Mesmo que haja uma destemperança, quero ela sempre no mais vibrante, divertido."
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