VAI FLOPAR?
REPRODUÇÃO/INSTAGRAM e TV GLOBO
Carlos Alberto Riccelli eternizou o galã corrupto César na novela de 1988 da TV Globo
Marco na teledramaturgia brasileira, Vale Tudo (1988) ganhará uma versão repaginada para os dias atuais no próximo dia 31. Escrita por Gilberto Braga (1945-2021), Aguinaldo Silva e Leonor Bassères (1926-2004), a trama que questiona a ética e a moral da sociedade brasileira é considerada uma das melhores novelas da história. Seu remake, porém, despertou críticas no elenco da primeira versão. Atores como Antonio Fagundes, um dos astros da original, discordaram da produção do remake e expuseram os riscos da emissora.
Aguinaldo Silva também expressou seu ceticismo em relação ao remake. O dramaturgo voltará à emissora neste ano com uma trama inédita, porém não é a favor da repaginação de sua trama --os direitos autorais, no entanto, pertencem à Globo, que tem o poder de modificar a sinopse se quiser.
"Eu sou contra remakes. A novela existe naquele momento, depende do autor, do elenco, da disposição do público para que tudo dê certo", afirmou ele em entrevista ao UOL, no ano passado.
O escritor ressaltou que todas as novas versões tendem a ser "menos impactantes" do que as originais e questionou a recriação de personagens icônicos, como Odete Roitman, interpretada por Beatriz Segall (1926-2018) em 1988 e que agora ficará nas mãos de Debora Bloch.
Além de Fagundes e de Aguinaldo Silva, atores do elenco original também manifestaram opiniões negativas sobre o remake. A seguir, o Notícias da TV destacou cinco desses artistas e suas perspectivas:
Antonio Fagundes deu vida a Ivan Meireles, um dos protagonistas de Vale Tudo. Em entrevista ao podcast Novelão, do jornal O Globo, o ator expressou preocupação com a recriação de obras clássicas.
"Você fazer o registro de uma obra icônica, que funcionou em todos os seus detalhes, com o registro dela ainda na sua mão, é uma temeridade. Você está correndo um risco de errar muito grande", opinou ele.
Intérprete do ambicioso César Ribeiro, Carlos Alberto Riccelli destacou que Vale Tudo refletia as nuances políticas e sociais do Brasil dos anos 1980. Ele ponderou que, embora os temas de corrupção e ética sejam atemporais, a maneira como foram abordados estava profundamente enraizada na realidade daquele período.
"Por que refazer uma história de tamanho sucesso e ainda tão presente nas mentes e corações do público como Vale Tudo? Acredito que o melhor será tentar se afastar o máximo possível da versão anterior. Quem poderia ser melhor que Beatriz Segall como Odete? Ninguém! A menos que a nova Odete seja totalmente diferente da original", afirmou ele, em entrevista ao F5.
Maria Gladys, que fez Lucimar na primeira versão, mencionou que a espontaneidade e a verdade nas interpretações eram marcas registradas da novela como uma obra aberta. A atriz expressou receio de que a nova versão perca essa essência, tornando-se uma reprodução mecânica e sem a mesma profundidade e o mesmo impacto.
"Uma outra Vale Tudo, eu acho um perigo! 'Nada será como antes', como diz a música. Vale Tudo, houve uma, aquele espetáculo! Foi um marco para a televisão e para todos os atores. Agora, é outra história", opinou Maria Gladys, em entrevista ao Na Telinha.
Danton Mello, que viveu Bruno em Vale Tudo, questionou se um remake conseguiria transmitir a mesma relevância e o mesmo impacto sem parecer anacrônico ou deslocado. Ele também apontou que o público atual possui diferentes expectativas e referências, o que poderia influenciar na recepção da nova versão.
O ator ainda admitiu que recusaria uma proposta de retornar ao folhetim. "Não fui sondado para participar do remake... E confesso que, se tivesse acontecido, eu provavelmente não aceitaria. Tenho um pouco de ciúme dessa novela. Prefiro guardar na memória a primeiríssima", disparou Danton.
Monique Lafond destacou que os atores originais trouxeram uma identidade única aos personagens e que seria um desafio encontrar substitutos que capturassem "a mesma essência". Ela ainda mencionou que a pressão para corresponder às expectativas pode afetar o desempenho dos novos atores.
A intérprete da empresária Dolores, dona do ateliê no qual Maria de Fátima (Gloria Pires) prova seu vestido de noiva, concordou com Riccelli. "A novela foi um sucesso, então remake para mim não rola porque a gente sempre vai comparar, e nada é melhor do que foi antes", criticou.
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