MANU MORELLI
REPRODUÇÃO/MAX
Manu Morelli como Carol em cena de Beleza Fatal; atriz teve missão ingrata na novela da Max
Assim que recebeu os roteiros de Beleza Fatal, Manu Morelli entendeu que Carol poderia ser vista como "a chata" da novela. Afinal, a médica tem a missão ingrata de bater de frente com a vilã carismática Lola (Camila Pitanga) e ser o contraponto da mocinha vingativa Sofia (Camila Queiroz). "É muito difícil gerar empatia no público com uma menina rica que se acha uma coitada", reconhece a atriz em entrevista exclusiva ao Notícias da TV.
Ao ser escalada para a produção da Max, a gaúcha de 24 anos já sabia que o telespectador costuma demonstrar mais interesse por bons vilões do que pelos mocinhos. "A gente internamente, inconscientemente, ao ver uma camada de desumanização num personagem, se sente mais humano."
A atriz conta que conversou muito com o autor Raphael Montes para construir a integrante da família Argento. "A Carol passa por situações complexas, mas ela não vive essas situações. Ela descobre. Tem uma expressão baiana que eu gosto muito: 'Pegar a galinha no pulo'. A Carol está sempre pegando a galinha no pulo, está sempre recebendo informação", podera.
Manu também explica que sua personagem cresceu cercada por muitos privilégios e recorda uma cena com Alec (Breno Ferreira), no começo da trama, na qual a jovem diz já ter sofrido preconceito.
"É uma menina extremamente rica, que muito provavelmente não tem consciência da realidade mesmo. E fico até me perguntando que preconceito é esse? De repente, na cabeça dela, o olhar que as pessoas podem ter por ela ter uma mãe sumida, que ela acredita que está viva, seja preconceito. Quer dizer, a pessoa não tem nem muita consciência do que é preconceito, então", afirma.
Naturalmente um Brasil que se vê cheio de dificuldade, vê gente todos os dias catando comida no lixo, gente buscando possibilidades para sobreviver tendo mais de um emprego… É muito difícil mesmo gerar empatia no público com uma menina rica que se acha uma coitada.
"Ela é mimada mesmo, é rica mesmo, não tá nem aí... Não tem o que defender nesse sentido, porque é essa a personagem, né? É isso mesmo", completa.
"Agora, ao mesmo tempo, eu acredito que ela exista para ser esse respiro na narrativa. Uma bússola moral, para a gente lembrar que também não dá para só sair rindo de tudo o tempo todo. Aí existe a presença da Sofia para mostrar o que acontece quando você só se deixa levar pela questão que o outro te coloca", ressalta.
A atriz ainda compara Carol com aquela pessoa que pede para o colega parar de beber numa festa por estar passando vergonha. "Essa pessoa vai ser chata. A Carolina tem esse potencial na trama de mandar a pessoa parar de ser escrota, inconveniente, antiética", aponta.
Por isso, Manu se surpreendeu ao receber também comentários positivos sobre a cirurgiã plástica. Ela leu mensagens que valorizavam a presença da garota para aliviar as maldades da história. "Foi muito bom ter feito isso como atriz, foi muito desafiador. Honestamente, você cresce muito como ator quando tem que fazer um personagem que não é fácil de ser gostado."
Apesar dos vários confrontos com Lola em cena, Manu também se rendeu ao carisma da vilã botocada. "Claro que eu sou lolover. A Camila está numa performance inacreditável, incrível, corajosa, ousada. Tem que ter muita coragem para fazer aquilo que ela faz ali", enaltece.
A artista cita uma das discussões das personagens que colocam novamente a Carol como "chata". "O roteiro é a Lola falando para ela encontrar boys profissionais, e ela chama a Lola de machista. É complexo isso, porque a Lola está errada... Mas a Lola é muito mais engraçada. Ela fala: 'Ah, nessa geração é tudo chatofobia, homofobia'. Provavelmente, a própria Camila Pitanga não concorda com isso", afirma.
A intérprete, então, entendeu que precisaria mudar o comportamento da personagem diante da vilã: "Eu não posso ficar o tempo inteiro com cara fechada para Lola".
Ela ainda conta que precisou segurar a risada nas gravações. "Se você for ver, tem várias cenas que ela faz coisas que eu dou risada. Tem uma cena que ela fala para o Tomás [Murilo Rosa]: 'Se não sei quem me enganou, imagina você que não é do gueto'. E eu segurei a risada. O que eu entendi foi: se eu ficar fazendo esse contraponto, mocinha do bem o tempo inteiro, não faz nem sentido."
Manu também deu um jeitinho de colocar mais reações de Carol nas situações que encara: "Todas as cenas que eu grito, que eu me exponho num nível de desespero, não tem essa rubrica [orientação no roteiro]. Não diz assim: 'Carol se desespera'. Mas eu falei: 'Ela precisa se desesperar'".
Isso aconteceu, por exemplo, no momento em que Alec conta toda a verdade sobre a família Paixão. "Ela ficava brava, ficava chateada e ia embora. Não tem como, né?", indaga. A atriz aproveitou a liberdade dada pelo autor e conversou com o diretor para colocar o grito na sequência.
Afinal, a cirurgiã vem de uma sequência de revelações absurdas. "É uma sucessão de fatos. O avô ser gay é o de menos. Isso aí nem faz cosquinha. É avô que mata a mãe, tia com relacionamento abusivo...", enumera.
"Várias vezes, lia no Twitter: 'Como é que a Carolina não mete a mão na cara de um fulano?' Eu também não sei. Essa foi a minha questão na novela. Como eu faço para entender por que ela não é essa pessoa?", admite.
A artista recorda o momento que a médica descobriu que Átila (Herson Capri) foi o responsável pela morte da mãe dela. "Não consigo imaginar uma relação como a que a Carol tem com o avô se dissipar da maneira que se dissipa naquela cena. Ela não quebra um prato, gente!", solta.
A intérprete reconhece que isso está ligado ao fato de a família viver muito das aparências. "Por isso eles são tão chantageados e feitos de otários, porque eles não sabem lidar com a realidade", analisa.
Manu comenta que, na vida real, Carol provavelmente já nem moraria mais na mansão, ainda mais por ser tão ética. "A novela exige um certo grau de falta de coerência porque precisa acontecer. Ela precisa da mesa do café da manhã, onde as brigas acontecem. A mocinha tola também é um clássico do folhetim", afirma.
Para viver a cirurgiã, Manu mergulhou no mundo dos procedimentos estéticos. "Fiz isso por desejo meu, principalmente, porque queria entender como a Carol, essa médica tão natural, no sentido de que não tenho nenhuma cirurgia... É uma pessoa normal, apesar de vários privilégios, mas por que ela quer fazer cirurgia plástica?"
A artista tentou humanizar mais a personagem e imaginou que Carol poderia trabalhar atendendo pessoas vítimas de queimaduras e que precisavam de reposição de pele, por exemplo.
Ela também conversou com uma cirurgia plástica e criou um perfil no Instagram para acompanhar profissionais dessa área. "Eu seguia todos os tipos, a galera mais Lolaland, a galera mais 'não queremos padronizar todos os corpos'. Vi muitos vídeos de cirurgia plástica", conta.
A gaúcha se surpreendeu ao assistir ao passo a passo dos procedimentos. "É muito fora da nossa realidade, apesar de estar tão inserido na nossa realidade. Por isso, esse contexto da novela é muito interessante. Não é bolinho, não. É coisa séria", alerta.
Mesmo com 47 mil seguidores no Instagram, Manu se vê como uma pessoa "low profile" e tem tentado se atentar mais à importância das redes sociais para sua carreira. Mas ela logo percebeu o aumento das interações em seu perfil após a estreia de Beleza Fatal.
"É muito legal quando você vê tanta gente chegando com tanto comentário positivo, tantas perguntas, tanto interesse numa novela de streaming", valoriza. Nas ruas, a atriz também é abordada pelo público.
Estou sentindo uma repercussão maravilhosa, um retorno muito bom. Tô feliz também que a novela estreou na Band. Por mais que seja um público menor, como já é de se esperar, é um público que não tem acesso à Max. Toda e qualquer ampliação da veiculação da novela é positiva.
Manu ainda admite que estava pessimista antes da estreia. "Eu já pensava: 'A Carol é isso, ela serve para isso, essa é a função dela. Não tô esperando um retorno positivo do público'. Teve muita gente que me surpreendeu falando que é a personagem de que mais gosta, a que alivia", arremata.
Beleza Fatal é a primeira novela brasileira lançada pela Max. O último capítulo será disponibilizado no catálogo às 20h desta sexta (21). O folhetim de Raphael Montes também está no ar na Band.
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