Tapas e empurrões
Divulgação/Globo
Carminha (Adriana Esteves) e Nina (Débora Falabella) brigam em cena de Avenida Brasil
DANÚBIA PARAIZO
Publicado em 1/6/2015 - 5h13
Em baixa no Ibope, Babilônia vai "apelar" no capítulo desta segunda-feira (1º). Mostrará um grande embate físico entre as vilãs Beatriz (Gloria Pires) e Inês (Adriana Esteves). Em sequência com mais de 200 figurantes, elas se atracarão no banheiro de uma casa de eventos e trocarão tapas e puxões de cabelos até rolarem no chão.
Brigas de mulheres em novelas são um recurso tão clássico quanto manjado. Nas tramas de sucesso, são o momento em que a mocinha se vinga das maldades da vilã. Em produções como Babilônia, que sofre rejeição de parte do público, podem ser vistas como uma tentativa de levantar a audiência.
"Na TV americana eles usam o termo catfight, que traduz muito bem esse conceito. As personagens precisam brigar para valer, se engalfinhar no chão. Várias novelas tiveram isso, mas acho que o Gilberto Braga [autor de Babilônia] está querendo chamar a atenção para a novela, que está em baixa", afirma Nilson Xavier, colunista do UOL, responsável pelo site Teledramaturgia e autor do livro Almanaque da Telenovela Brasileira.
Para Mauro Alencar, doutor em Teledramaturgia Brasileira e Latino-Americana pela USP (Universidade de São Paulo), o acerto de contas das novelas precisa ter uma boa motivação para conquistar o público. Nesse sentido, exibir uma briga apenas como artifício de bombar a audiência pode ser um tiro no pé.
"Uma boa briga precisa, antes de qualquer coisa, de uma rivalidade muito forte. Ela depende de sentimentos extremados e, grande parte das vezes, passionais para justificar uma atitude radical que pode mudar drasticamente a ação da trama. Para um bom resultado dramatúrgico, a cena pede um argumento forte para a motivação de cada personagem", diz o especialista.
Alencar e Xavier elegeram as sete brigas mais inesquecíveis da teledramaturgia brasileira:
Isaura (Lucélia Santos) e Leôncio (Rubens Falco) em cena de Escrava Isaura
Isaura versus Rosa em Escrava Isaura (1976)
Exibida pela primeira vez na faixa das 18h pela Globo, a novela de Gilberto Braga inspirada na obra de Bernardo Guimarães trazia a história da escrava branca Isaura (Lucélia Santos). A moça lutava por sua liberdade, mas Leôncio (Rubens de Falco), administrador dos bens de sua mãe, que criou Isaura como uma dama, não facilitava. Por não corresponder ao amor dele, a escrava era submetida a afazeres pesados e castigos. Para piorar, ainda despertava a inveja da escrava Rosa (Léa Garcia), que sempre que podia tentava sabotá-la. Na antológica briga entre as duas, as escravas rolaram no chão. Isaura levava a melhor e dava uma sequência de tapas na rival. O confronto foi acompanhado pelos demais escravos da fazenda e acabou interrompido por Leôncio, que resolveu castigar Isaura.
O diplomata Cacá (Antonio Fagundes) e Júlia em Dancyn' Days, de Gilberto Braga
Júlia versus Yolanda em Dancin' Days (1978)
No folhetim de Gilberto Braga, a ex-presidiária Júlia Matos (Sônia Braga) e a socialite Yolanda Pratini (Joana Fomm) compartilhavam uma rivalidade ferrenha por causa de Marisa (Gloria Pires). A menina era filha de Júlia, mas foi criada pela tia, Yolanda, que, por ciúme, dificultava a relação das duas. O confronto se deu no último capítulo da novela, quando as personagens discutiram sobre o modo como Yolanda criou Marisa, a obrigando a se casar por interesse. Na sequência, as rivais trocaram empurrões e acabaram rolando no chão, onde uma grudava no cabelo da outra, além de trocarem tapas. Só pararam quando já estavam exaustas e caíam no choro. Yolanda foi a primeira a reconhecer que a briga era ridícula. A irmã concordou. Sorrindo, elas fizeram as pazes e se abraçaram.
As rivaisMariaEduarda (Gabriela Duarte) e Laura (Viviane Pasmanter) em Por Amor
Maria Eduardaversus Laura em Por Amor (1997)
A rivalidade entre Maria Eduarda (Gabriela Duarte) e Laura (Vivianne Pasmanter) era um dos pontos altos da novela de Manoel Carlos. Ao longo de todo o folhetim, as duas trocavam farpas e insinuações em disputa pelo amor de Marcelo (Fábio Assunção). O rapaz foi namorado de Laura, que continuava apaixonada e fazia de tudo para tentar separá-lo de Maria Eduarda, sua noiva. Em uma das brigas mais marcantes da trama, Laura estava com a perna e braço quebrados em uma cadeira de rodas, à beira da piscina. A vilã mentia para a mocinha, dizendo que teve um caso com Marcelo. A reação de Maria Eduarda foi dar com um jornal enrolado na cara de Laura, que imobilizada pelo gesso, recebeu as agressões sem reagir. Aos berros, a mocinha batia mais com o jornal no rosto da vilã, jogava seu anel de noivado nela e a empurrava na piscina.
Maria Clara (Malu Mader) e Laura (Cláudia Abreu) rolam no chão em Celebridade
Maria Clara versus Laura em Celebridade (2003)
Em mais um sucesso de Gilberto Braga, o folhetim que abordava o mundo da fama e do poder teve como pano de fundo a disputa entre a ex-modelo e empresária Maria Clara Diniz (Malu Mader) e Laura (Cláudia Abreu), uma mulher invejosa que, após conseguir um emprego na empresa de Maria Clara, tentava destruí-la. A cena de Babilônia nesta segunda lembra a do acerto de contas entre as duas. A ação se passava no banheiro de uma premiação em que Laura receberia um reconhecimento por um projeto roubado de Maria Clara. Cansada de todas as armações da rival, a mocinha encheu a vilã de bofetadas. No chão, Laura não conseguiu evitar a surra e mais xingamentos. “Você é uma vagabundinha ordinária”, gritava Maria Clara para Laura, já com o rosto coberto por hematomas.
A vilã Nazaré (Renata Sorrah) Tedesco em cena da novela Senhora do Destino
Maria do Carmo versus Nazaré em Senhora do Destino (2004)
A história de Aguinaldo Silva teve como fio condutor a busca da nordestina Maria do Carmo (Susana Vieira) pela filha Lindalva (Carolina Dieckmann), sequestrada ainda bebê por Nazaré Tedesco (Renata Sorrah). A menina foi rebatizada como Isabel e criada sem saber sobre sua verdadeira mãe biológica. No acerto de contas, Maria do Carmo encurralou a vilã em um galpão, e aos berros, empurrou, xingou e estapeou Nazaré. Maria do Carmo revelava que havia descoberto sobre o sequestro de sua filha e pedia mais explicações. “Cachorra, vagabunda, assassina”, dizia, chutando a inimiga já prostrada ao chão.
Donatela (Cláudia Raia) e Flora (Patrícia Pillar) brigam por Lara (Mariana Ximenez)
Donatela versus Floraem A Favorita (2008)
Na trama de João Emanuel Carneiro, as personagens Donatela (Claudia Raia) e Flora (Patrícia Pilar), integrantes de uma dupla sertaneja na adolescência e irmãs de criação, disputavam o amor de Lara (Mariana Ximenes). A moça era filha de Flora com Marcelo (Flavio Tolezani), marido de Donatela, que acabara assassinado por Flora. Como a vilã passou 18 anos na cadeia pelo crime, foi Donatela quem criou a menina como sua própria filha. Após cumprir a pena, Flora fez de tudo para tomar o lugar da irmã e incriminá-la pelo assassinato de Marcelo. No principal embate entre as duas, Donatela ameaçou matar a vilã com um tiro, mas as duas acabaram saindo no tapa e rolando no chão. Dessa vez, Flora levou a melhor, deu um Donatela e a deixou desacordada.
Carminha (Adriana Esteves) agride Nina (Débora Falabella) em Avenida Brasil
Carminha versus Nina em Avenida Brasil (2012)
Em mais um sucesso de João Emanuel Carneiro, Nina (Débora Falabella) buscava um acerto de contas com a sua madrasta Carminha (Adriana Esteves), responsável pela morte de Genésio (Tony Ramos), pai da garota, e por abandoná-la em um lixão. Em uma das sequências mais comentadas do folhetim, Nina e Jorginho (Cauã Reymond) se casavam, quando Carminha invadia a festa totalmente transtornada, e aos berros dizia: "Larga meu filho, sua demônia". Em seguida, Carminha agarrava a mocinha, que, desprevenida, gritava. A cena de cortes rápidos mostrava o noivo empurrando a mãe para proteger a amada, mas ele não conseguia impedi-la de quebrar uma taça e cortar o braço de Nina. "Ela entrou na nossa casa para destruir a nossa família", gritava a vilã.
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