ESSÊNCIA PRESERVADA
FÁBIO ROCHA/TV GLOBO
Paulo Silvestrini e Manuela Dias são os responsáveis pelo remake de Vale Tudo, novela de 1988
Vale Tudo (1988) é uma das novelas mais emblemáticas da história da televisão brasileira. O remake que a Globo estreia no dia 31 não é só uma grande homenagem ao gênero que levou a emissora a ser conhecida em diferentes continentes, pois busca abraçar tanto os fãs do folhetim quanto as novas gerações com uma história atualizada que retrate os avanços da sociedade nesses últimos 37 anos. A autora Manuela Dias explica que seu trabalho preserva a essência da trama.
"Eu acho que as histórias são vivas. A novela é feita para todos, e quem não viu a original tem agora a chance de conhecer uma história renovada, mas com cheiro vintage. Para quem já viu, será como reencontrar um velho amigo. O tempo fez o seu trabalho; então, ele tem novos conceitos e novas formas de ver a vida", diz a novelista.
Com o remake prestes a estrear --ele substitui Mania de Você em menos de duas semanas--, o telespectador vai assistir à história original, mas com o olhar dos dias de hoje. "O mundo mudou muito, né? Ainda bem, para muitos fatores, e não tão bem para outros", lembra Manuela.
A mulher está mais empoderada; o machismo não pode ser tão escancarado, tem de encontrar contrapontos; a bissexualidade e a homossexualidade são assuntos que estão nas rodas de conversas e fazem parte das vidas de milhares de pessoas mais naturalmente.
Muitos assuntos sensíveis também vão ser abordados com maior delicadeza, porque o ponto de vista sobre eles mudaram, como é o caso do racismo e do alcoolismo.
Para Manuela, a atualização de Vale Tudo é uma resposta às mudanças no cenário social e cultural dos brasileiros. A novela resgata uma narrativa atemporal, mas reflete as transformações que aconteceram entre 1988 e 2025.
Ela ainda aponta que a novela traz uma reflexão sobre questões importantes, como a sustentabilidade e as mudanças climáticas, que se tornaram mais urgentes com o passar do tempo.
Manuela compartilha uma expectativa positiva em relação à recepção do público ao remake. "Segundo estudos, 40% do público nunca teve contato com a obra original; então, para essas pessoas, é uma chance incrível", afirma. Já para aqueles que conhecem a versão original, ela diz que o sentimento é de reencontro com algo familiar, mas ao mesmo tempo novo.
O diretor artístico Paulo Silvestrini também reforça a importância de revisitar essa obra com as adaptações que estão sendo feitas para que a história se conecte com o público atual. Se nada fosse mudado, não haveria por que produzir uma nova versão.
O diretor afirma que o desafio é justamente manter o que fez de Vale Tudo um clássico. "Para o fã, a essência da obra está preservada, os personagens estão ali, a trama está toda ali. E a gente brinda isso sempre com pequenos atrativos, uma homenagem aqui e outra ali, seja com recursos estéticos ou por uma linguagem narrativa", ele adianta.
Silvestrini se inspira em diretores que considera referências em sua carreira, como Dennis Carvalho e Ricardo Waddington, para trazer um toque especial à produção. Ele diz que eles nunca cogitaram mudar a história e seu caráter original e ainda planejam algumas homenagens sutis à versão de 1988.
Acostumado a fazer teledramaturgia para os jovens, Silvestrini valoriza a oportunidade de apresentar a trama para um novo público:
Eu acho uma boa oportunidade de entrar em contato com a expressão máxima desse gênero. Eu, como brasileiro, também tive as novelas como parte da minha formação. Eu convivo com esse público já há 32 anos, e posso dizer que é uma posição muito especial, e eu procuro fazer isso com muita atenção e vontade para que o público se sinta recompensado.
Os dois responsáveis pelo remake de Vale Tudo deixam claro que, nos próximos meses, o telespectador verá uma reinterpretação cuidadosa, e ressaltam que eles estão se esforçando para agradar tanto aos fãs da novela quanto àqueles que nunca a viram.
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