MÁRIO PRATA
DIVULGAÇÃO/TV GLOBO
As atrizes Bruna Lombardi e Ana Maria Braga em cena da novela Sem Lenço, Sem Documento (1977)
Há 45 anos, a novela Sem Lenço, sem Documento (1977) terminava na faixa das sete da Globo. O autor Mário Prata revelou que recebeu uma proposta tentadora de José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, caso ele fizesse alguma reviravolta na trama para aumentar a audiência nos capítulos finais. "Se você conseguir isso, te dou o que você quiser", afirmou o então chefão da emissora.
O escritor falou sobre o desafio lançado pelo diretor apenas em 1999: "Quando faltavam [para escrever] vinte capítulos, o Boni me chama: 'Seguinte, a novela tá dando 65, em média. Quero que a média desses vinte capítulos que faltam seja 75. Pra passar a bola pro Cassiano [Gabus Mendes (1927-1993)] lá em cima". O dramaturgo era responsável por Te Contei? (1978), que substituiria Sem lenço, sem Documento na faixa das 19h.
"'Se você conseguir isso, te dou o que você quiser. O que você quer? Pode pedir. Terminar com 75'", narrou Prata sobre a conversa com Boni em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo.
"Pensei e disse: 'Duas passagens ida e volta para Tóquio. Ida por Paris, volta por São Francisco e, além da passagem e do hotel, uma boa grana pra gastar'.
Ele escreveu isso tudo num papel, como se fosse um vale. Assinou embaixo", contou o novelista.
O escritor, então, pensou em maneiras de levantar o ibope da trama. "A atriz mais amada e mais odiada da novela era a Bruna Lombardi. A coisa tinha de ser por ali. Dei um tiro no peito da Bruna que virou capa da [revista] Amiga. O ibope pulou 15 pontos", completou ele.
"Ele [Boni] me informou, entusiasmado, pelo telefone: 'A Bruna vai ficar até o fim da novela nesse morre-não-morre, né?'. 'Não, sai do hospital amanhã. Desculpa, cara, não sei enrolar'. 'Pois não vai conhecer Tóquio tão cedo!'", relembrou Prata, brincando que não havia viajado para a cidade até a data da entrevista.
A intenção do autor com Sem Lenço, Sem Documento era tratar de vários temas sem ter necessariamente personagens principais. Mas o número de histórias paralelas prejudicou o folhetim, que teve uma passagem de tempo de seis meses para simplificar a narrativa.
A novela abordava principalmente a relação entre empregadas e as patroas. A trama começou com Rosário (Ana Maria Braga) deixando Olinda (PE), sua cidade natal, para tentar oportunidades melhores no Rio de Janeiro. Ela acaba conseguindo um emprego na casa da escritora Carla (Bruna Lombardi) e recebe os conselhos das irmãs Cotinha (Ilva Niño), Das Graças (Isabel Ribeiro) e Dorzinha (Arlete Salles), também domésticas.
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