MARCOS PASQUIM
REPRODUÇÃO/GLOBO
Marcos Pasquim em entrevista ao programa Sabadou com Virgínia, do SBT; ele falou sobre novela
O ator Marcos Pasquim falou sobre os bastidores da novela Babilônia (2015) durante entrevista concedida ao programa Sabadou com Virgínia, no último sábado (2). Ele contou que, após a exibição da cena do beijo entre as personagens de Fernanda Montenegro e Nathalia Timberg, houve um rebuliço com o público e dentro da emissora, que provocou muitas mudanças na história. Pasquim deu a entender que os bastidores foram envolvidos por uma sensação de tensão.
Durante o Sabadou, o ator participou de uma dinâmica em que recebia perguntas da cantora Naiara Azevedo. Ela perguntou qual das novelas que ele fez tinha tido bastidores mais pesados.
Pasquim ficou pensativo durante alguns segundos, até que começou a falar sobre Babilônia, de Gilberto Braga (1945-2021) e Ricardo Linhares. "Babilônia tinha tudo para dar certo, mas foi mudado tudo na última hora, após o beijo da Fernanda e da Nathalia. Quando uma novela começa, ninguém sabem quem são os personagens e o público demora uns 15 dias para entender. E já no primeiro dia esse beijo fez um rebuliço", disse ele.
O beijo entre as personagens de Fernanda e Nathalia, que eram um casal na trama, foi exibido no primeiro capítulo e foi muito criticado por um setor conservador da sociedade. O público evangélico fez uma espécie de boicote, e a transmissão do folhetim Os Dez Mandamentos (2015), na Record, teve crescimento.
A onda conservadora contra Babilônia deixou a Globo em alerta, e a emissora exigiu mudanças em outras tramas também. Pasquim relatou que o clima "não ficou legal na Globo" e que os autores tiveram de reescrever cenas e tramas.
"Eu faria um gay e não pude mais fazer após a repercussão. Outros papéis foram mudando. Uma atriz [Sophie Charlotte] faria uma prostituta que não pôde mais também. O ambiente não era de: 'vai dar tudo certo'. Era esquisito", contou ele.
Além de o personagem de Pasquim não ter tido continuidade em relação à sua orientação sexual e a trama do papel de Sophie também não ter sido desenvolvida, havia outros problemas em Babilônia.
A história das vilãs Beatriz (Gloria Pires) e Inês (Adriana Esteves) foi cansativa e afugentou os telespectadores. A mocinha Regina, interpretada por Camila Pitanga, também não conquistou o público.
O autor Gilberto Braga morreu em 2021 com mágoa da Globo por ter sido culpado pelo fracasso de Babilônia, que até a época de sua exibição havia tido a menor audiência para uma novela das nove.
Em maio de 2015, ele deu uma entrevista ao jornal O Globo e desabafou sobre a situação que enfrentava: "Estou satisfeito com o resultado, não acho que seja ruim. Mas deu muito trabalho refazer. Está dando muito trabalho. Agora estou improvisando. A gente [os coautores João Ximenes e Ricardo Linhares] se reúne aos sábados para fazer história juntos. Felizmente, gosto de tudo o que está no ar. Por que a audiência não sobe? Eu não sei".
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