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'INFAMES'

Fernanda Montenegro detona salários na Globo e revela como ganhar bem na TV

REPRODUÇÃO/GLOBOPLAY

A atriz Fernanda Montenegro em entrevista ao Tributo, com expressão séria, camisa azul turquesa

Fernanda Montenegro no programa Tributo, da Globo; ela criticou salários pagos na emissora

FERNANDA LOPES

fernanda@noticiasdatv.com

Publicado em 17/10/2024 - 10h00

Fernanda Montenegro hoje é a atriz mais consagrada do Brasil e, certamente, uma das mais bem pagas, mas nem sempre foi assim. Ela se lembra de que, na década de 1970, a Globo não lhe oferecia muito dinheiro para trabalhar em suas produções. Segundo a atriz, os salários na emissora eram "infames". A veterana ainda conta como uma atriz ou um ator pode entrar na Globo com uma boa remuneração.

Este assunto é explorado rapidamente no Tributo, programa em homenagem a Fernanda Montenegro que vai ao ar na noite desta quinta (17), na Globo, e já está disponível na íntegra no Globoplay.

Ao relembrar sua trajetória profissional, a artista falou sobre o período em que ficou primordialmente fazendo peças de teatro, com aparições muito pontuais na televisão. Ela explicou qual era a questão que a afastava da Globo:

"De 1970 a 1981, foi só teatro. Tinha convites da Globo, mas eram sempre salários infames, compreende? Uma proposta muito baixa de salário", detonou. "Eu disse: 'Fernando [Torres, marido da atriz], nós estamos loucos? Nós não podemos pôr a nossa vida na televisão. Não. Nós temos que comandar nossa vida mesmo que seja modestamente, e é o teatro'."

E justamente no período em que a Globo gritava que quem era bom estava na Globo. E a gente ria, porque a gente se achava muito bom e não estava na Globo. Que ótimo, nós dois sejamos talvez os únicos bons que não estavam na Globo. E ficamos aí totalmente voltados só para o teatro, pelo Brasil inteiro.

Nos anos 1950 e 1960, tanto Fernanda Montenegro quanto Fernando Torres (1927-2008) haviam feito teleteatros e telenovelas na TV, em emissoras como Tupi, Excelsior, TV Rio e Record. O responsável por levá-los para a teledramaturgia da Globo foi o autor Manoel Carlos. "Em 1981, Manoel Carlos chamou Fernando e a mim para uma novela dele na Globo", contou ela.

Em outra entrevista, concedida por Fernanda Montenegro em 2002 e também exibida no Tributo, ela explica como foi a proposta do autor e a negociação com ele e com a emissora para atuar em Baila Comigo (1981).

"[Manoel Carlos disse:] 'Então eu quero você no papel principal', uma das tantas Helenas da vida dele. Eu disse: 'Tudo bem'. Vim, acertei salário, [salário] bom, porque um autor brigou", relembrou.

Fernanda então deu a dica sobre como conseguir um salário melhor na Globo: "Se um autor quer [você no papel]... Se entrar assim [de mãos abanando, sem um convite de autor], é zero, até Frank Sinatra [não ganharia bem]. Mas, se o autor ou o diretor quiser muito você, então você pode se propor na casa".

Mesmo assim, houve mudanças no percurso até a estreia da novela. Manoel Carlos decidiu que Lílian Lemmertz (1936-1986) seria a Helena de Baila Comigo e que Fernanda teria outro papel.

"Uma semana depois, sei lá, entra Manoel de novo e diz assim para mim: 'Olha, Fernanda, aquele papel que eu tinha feito para você, eu fiz um outro papel melhor do que aquele'. Eu disse assim: 'Vão mexer no meu salário?'. [Ele disse] 'Não'. Ah, então tudo bem. O Fernando fez imenso sucesso com a Lemmertz, e eu fiz um papel bom, mas um papel coadjuvante", declara ela, que interpretou Silvia Toledo na trama.

A partir de então, a Globo passou a remunerar bem a atriz, que fez dezenas de novelas, séries e especiais na casa, como Guerra dos Sexos (1983), Belíssima (2005) e O Outro Lado do Paraíso (2017).


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