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COLUNA DE MÍDIA

Guerra chega ao áudio: Podcast vira campo de batalha das gigantes de tecnologia

JEREMY ENNS/PEXELS

Foto posada com microfone de mesa em primeiro plano; no segundo plano está um notebook aberto com um programa de edição de áudio

Podcasts viraram alvo de investimento de big techs: Amazon, Twitter e Spotify estão no jogo

GUILHERME RAVACHE

ravache@proton.me

Publicado em 14/1/2021 - 6h50

Amazon, Twitter e Spotify investem milhões para dominar o mercado de áudio, e a indústria da música é ameaçada. O Twitter acaba de comprar a plataforma de podcast Breaker. O Wondery, uma das últimas grandes redes independentes do gênero, será propriedade da Amazon. E o Spotify comprou as plataformas Anchor e Gimlet em 2019.

Diversos grandes players de tecnologia estão comprando podcasts, ferramentas e plataformas de publicação de podcast. E o movimento tem se intensificado nos últimos meses.

A Amazon não divulgou o preço de aquisição, embora reportagens da Bloomberg e do The Wall Street Journal sugiram que o valor foi de pelo menos US$ 300 milhões. O Wondery será tecnicamente parte da Amazon Music, que lançou o suporte a podcasts em setembro de 2020.

No mês passado, o Twitter anunciou que está testando o Spaces, que funciona como salas de bate-papo habilitadas para áudio dentro do site de rede social. Agora, adquiriu a equipe por trás do Breaker, um aplicativo de podcast que foca na comunidade e nos elementos sociais. 

REPRODUÇÃO/YOUTUBE

Jeff Bezos está interessado em podcasts

Por que isso importa

À medida que as big techs compram plataformas de podcast e aumentam os investimentos no setor, a primeira vítima dessa "guerra do áudio" é a indústria da música. 

Os serviços de streaming de música continuaram a adicionar assinantes nos EUA em 2019, de acordo com a MIDiA Research, crescendo 11 milhões de usuários pagantes de janeiro a setembro, para 117,9 milhões. Mas, em um sinal preocupante para o negócio da música, o número total de streams permaneceu o mesmo.

Segundo a Billboard, nos últimos quatro meses de 2020, os streams de música atingiram uma média de 17,5 bilhões por semana.

"Isso aumentou ligeiramente em relação ao pico pré-pandêmico do início de março, antes que o lockdown diminuísse o consumo de música em 13%, já que os consumidores pararam de se deslocar e se tornaram obcecados com notícias", informa o site da revista. A transmissão se recuperou gradualmente, aumentando 15% até o final de junho, mas estabilizou desde então.

Para as plataformas de streaming, a notícia é ótima. Há mais assinantes e, com o número de streams estável, como elas pagam pelo número de vezes que o arquivo é tocado pelos usuários, ganham mais dos consumidores sem ter de aumentar o valor pago aos produtores.

Adicionalmente, as plataformas de streaming, como o Spotify, cada vez mais investem nos próprios podcasts. A lógica é fácil de entender. Podcasts custam menos do que músicas. E se a plataforma é dona do podcast, não precisa nem mesmo dividir a receita. Adicionalmente, podcasts também podem ter patrocinadores, diferentemente das músicas.

Além da concorrência dos podcasts, a indústria da música também concorre com a de games, que disparou em 2020. 

REPRODUÇÃO/SPOTIFY

Spotify investe em catálogo de podcasts originais

Bolha de pensamento

Na "economia da atenção" em que vivemos, o tempo das pessoas se torna um bem escasso diante de tantas opções de entretenimento. Conquistar a atenção das pessoas se torna um desafio crescente à medida que mais opções de entretenimento surgem.

Para a sorte dos artistas, a vacina do Covid-19 irá acelerar a retomada de shows, com a retomada de uma importante fonte de receitas.

Roku na guerra do streaming (de vídeo)

O Roku comprou os direitos globais para mais de 75 programas da Quibi e irá transmiti-los gratuitamente. O Roku é o maior player de streaming de vídeo dos EUA e também está presente no Brasil, onde é possível instalá-lo em TVs. A Quibi era uma plataforma de streaming que após gastar mais de US$ 1 bilhão, faliu em 2020 por não conseguir atrair número suficiente de assinantes.

Por que isso importa

O Roku tem parceiros como Netflix e Globoplay disponíveis em sua plataforma. À medida que aumenta seu volume de conteúdo original, pode se tornar um concorrente dos parceiros. Com a vantagem de ser o sistema operacional de milhões de televisores pelo mundo.

Bolha de pensamento

O Roku encerrou 2020 com cerca de 51,2 milhões de contas ativas --um aumento de 39% no ano, um ganho de cerca de 14,3 milhões de contas. Os crescentes conflitos nas negociações do Roku com emissoras de TV mostram que a plataforma cada vez mais se torna um concorrente de peso. 

Sim, mais um streaming

Se você acha que já tem assinaturas suficientes de streaming, não está em sintonia com os executivos de mídia. Ex-diretores do Discovery e da Disney vão lançar um novo serviço de streaming, o Struum.

Mas diferentemente do Netflix, Disney+ e Globoplay, o Struum não oferecerá conteúdo próprio. Em vez disso, dará aos clientes acesso à la carte a todo o catálogo de centenas de serviços de streaming de nicho, pagando somente uma assinatura.  

DIVULGAÇÃO/STRUUM

Paul Pastor e fundadores da Struum

Por que isso importa

Um dos fundadores do Struum, Paul Pastor, afirma que o serviço dará mais visibilidade a plataformas menos conhecidas e que acabam não se tornando hábito das famílias. 

Bolha de pensamento

O Struum terá de andar por uma linha tênue. Se atrair muitos usuários para sua plataforma, corre o risco de "matar" os serviços menos conhecidos que oferece, uma vez que as pessoas poderiam por uma única assinatura ter acesso a mais conteúdos, além daquele do canal de nicho.

Por outro lado, se não atrair um número suficiente de assinantes, não gerará receita suficiente para justificar que streamings de nicho entrem na plataforma.

E outro streaming...

A Univision, maior emissora em espanhol dos EUA, anunciou o lançamento do PrendeTV, um serviço de streaming gratuito com anúncios. Segundo a Axios, o serviço contará com canais lineares ao vivo e conteúdo sob demanda.

Incluirá 30 canais de streaming linear ao vivo, e cada um deles irá focar em diferentes categorias, como filmes, notícias, esportes e comédias, entre outros temas.

Toda a programação será em espanhol e contará com 10 mil horas de programação de vídeo sob demanda das bibliotecas da Univision e da Televisa, que não estarão disponíveis em nenhuma outra plataforma de streaming.

Por que isso importa

Sendo uma iniciativa gratuita de uma grande emissora de TV e suportada por anúncios, é um poderoso concorrente para a TV tradicional.  

Bolha de pensamento

À medida que mais players entram no mercado, maior a disputa pelo conteúdo e maior o desafio de crescer e reter a base de assinantes em paltaformas de streaming em geral. 


Este texto é argumentativo e não expressa necessariamente a opinião do Notícias da TV. A Coluna de Mídia é publicada toda quinta-feira.


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