CRÍTICA
REPRODUÇÃO/YOUTUBE
Rodrigo Faro no filme Silvio; cinebiografia ficcional do apresentador estreia nesta quinta (12)
Dirigido por Marcelo Antunez, o filme Silvio chega aos cinemas nesta quinta-feira (12). Com Rodrigo Faro no papel de Silvio Santos (1930-2024), o longa-metragem que funcionaria como uma homenagem ao apresentador não cumpre muito bem este papel. Envolta em clichês e escolhas duvidosas de narrativa, a obra falha do roteiro à atuação.
A premissa, em si, até funciona e gera expectativa: a partir de um dos momentos mais traumáticos da vida de Silvio Santos, o diretor conta a história do comunicador e tenta mostrar um lado dele pouco visto --o de pessoa física, vulnerável, de carne e osso.
O filme se passa em agosto de 2001, quando o eterno homem do Baú foi feito refém pelo mesmo criminoso que havia sequestrado Patricia Abravanel (Polliana Aleixo), Fernando Dutra Pinto (Johnnas Oliva). A atmosfera é de pura tensão, e Silvio se vale de seu passado como camelô e pessoa simples para tentar persuadir o bandido.
Por isso, o filme constantemente volta no tempo e faz uma construção da trajetória pessoal e profissional de Silvio Santos, mergulhando em suas relações interpessoais. A história gera um certo interesse e burburinho inevitável, ainda mais tão perto da morte do dono do SBT, mas a obra está longe de se tornar histórica.
Em questão narrativa, Silvio se estende demais e parece não saber quando parar. São 114 minutos que poderiam ter sido reduzidos, caso fossem tomadas algumas decisões mais assertivas com relação ao roteiro.
Por tratar de uma das figuras mais populares do Brasil, o filme tinha o dever de conseguir manter o interesse na história tão rica do carismático apresentador, mas consegue desviar a atenção com pontos desnecessários e acontecimentos que funcionam como meros acessórios.
As tentativas de linhas temporais não se encaixam com o presente de uma maneira fluida e genuína e aparentam ser forçadas, sem um avanço natural.
A caracterização também evidencia uma artificialidade na atuação. A construção de Silvio Santos de Rodrigo Faro não parece tão genuína, ainda que ele tenha feito a escolha acertada de fugir de uma caricatura. O ator, porém, parece perdido, sem conseguir de fato chegar ao nível do Silvio Santos do palco ou fora dele, ficando em um limbo complicado.
A direção, como um todo, é extremamente genérica. A obviedade percorre cada segundo do longa, o que dá a impressão de que há por parte da produção uma certa dúvida quanto ao bom gosto do público brasileiro.
É claro que o filme foi feito para ser tão popular quanto o próprio Silvio, mas não haveria recursos mais impactantes para construir uma história tão rica, em vez de tantos clichês?
Frases prontas e situações claramente criadas de uma maneira forçada tentam potencializar a figura do Silvio Santos como um grande homem, mas fazem com que o enredo se torne uma verdadeira piada. Veja o trailer:
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