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Demi Lovato no documentário Estrela Mirim; longa-metragem chegou ao Disney+ trazendo reflexões
Documentário dirigido por Demi Lovato, Estrela Mirim entrou recentemente no catálogo do Disney+ e revirou o duro passado de artistas que experimentaram a fama desde muito cedo. Ainda que não tenha tantas revelações bombásticas como o Quiet On Set, que escancarou os absurdos dos bastidores da Nickelodeon, a atração funciona como uma sessão de terapia coletiva e abre margem para uma importante reflexão sobre a nova geração de crianças famosas na internet.
Décadas atrás, a TV ditava o que era moda, e o Disney Channel era um grande criador de astros. Selena Gomez, Demi Lovato, Miley Cyrus e Jonas Brothers são alguns dos nomes que emergiram do canal infantojuvenil e fizeram uma carreira milionária, além de terem se tornado grandes influências para jovens.
Como já se sabe, no entanto, nem tudo são flores: por trás do mundo mágico do Mickey Mouse, havia adolescentes sofrendo com transtornos alimentares, vício em álcool e drogas, e uma pressão para alcançar a perfeição que só fazia com que eles afundassem ainda mais na lama.
Além de si mesma, Demi colocou na frente das câmeras Drew Barrymore, que alcançou a fama bem jovem com seu papel em E.T. (1982); Alyson Stoner, que fez Zack & Cody: Gêmeos em Ação (2005-2008) e Camp Rock (2008); Christina Ricci, uma das mais famosas intérpretes de Wandinha; Raven-Symoné, que ganhou um programa com seu nome na Disney e voltou ao canal anos depois; Kenan Thompson, da icônica sitcom Kenan & Kel (1996-2000); e JoJo Siwa, que começou no reality Dance Moms (2011-2019).
O filme junta relatos pessoais desses artistas, que se envolveram no mercado desde crianças, com pinceladas sobre a história do estrelato infantil nos Estados Unidos, as leis que foram criadas a partir de pequenas celebridades como Shirley Temple (1928-2014) e Jackie Coogan (1914-1984), e o modo como a indústria cultural tratou com pouca preocupação e cuidado os pequenos que trabalhavam desde cedo.
Com apenas uma hora e 37 minutos, o documentário é bastante superficial, mas fica claro que o objetivo é mostrar o quão prejudicial é tratar uma criança --ou qualquer outro ser humano-- como uma mera mercadoria. No entanto, ele é certeiro ao entrar a fundo em uma questão que é pouco debatida atualmente e precisa ter uma atenção maior.
Crianças assistem cada vez menos TV para consumir conteúdo on demand no YouTube e em outras plataformas. O crescimento do TikTok fez com que a disseminação de conteúdos criados por crianças se tornasse absurdamente estrondosa.
No documentário, são citados exemplos como Ryan Kaji, um garoto que começou aos três anos e se tornou um dos youtubers mais pagos do mundo aos 12, e Charli D'Amelio, que está com 20 anos, mas começou jovem e já falou antes sobre como a fama viral pode ser aprisionadora.
Com a nebulosidade que envolve as leis da internet, quem administra a carreira e dinheiro desses mini-influenciadores? Quem assegura que eles trabalham em condições favoráveis? Quem verifica se eles separam suas vidas pessoais do trabalho quando, muitas vezes, suas próprias vidas são seus trabalhos?
A vitrine para essas crianças só aumenta com o advento da internet, e elas se tornam modelos, influências e carregam um poder muito maior do que a sua maturidade. É preciso olhar para isso com atenção agora --antes que seja tarde, como foi para tantos astros que cresceram aos olhos do público.
Veja o trailer de Estrela Mirim, em inglês:
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