ADAPTAÇÃO
REPRODUÇÃO/SONY PICTURES
Lily Bloom (Blake Lively) em cena de É Assim que Acaba; filme tem diferenças com o livro
Adaptação da obra fenômeno de Colleen Hoover, É Assim que Acaba chegou aos cinemas na última quinta (8). Como de costume, o filme precisou alterar vários detalhes do livro para condensar as mais de 360 páginas em pouco mais de 2 horas na telona --o que incomodou parte dos fãs da história.
[Atenção: este texto contém spoilers do livro e do filme]
A trama acompanha a trajetória de Lily Bloom (Blake Lively), que supera uma infância traumática para começar uma nova vida em Boston (EUA). Ela realiza o sonho de abrir a própria floricultura, além de se apaixonar pelo neurocirurgião Ryle Kincaid (Justin Baldoni).
A relação parece perfeita no início, mas tudo muda quando o médico revela um lado violento. O comportamento de Ryle desperta gatilhos do casamento dos pais de Lily, mesmo que ela relute em aceitar que os ataques de raiva dele não são só "acidente".
No meio da turbulência do relacionamento, ela ainda tem um reencontro inesperado com Atlas Corrigan (Brandon Sklenar), seu primeiro amor --fator que piora ainda mais o ciúme do neurocirurgião.
O livro virou um fenômeno ao mostrar as problemáticas de um relacionamento abusivo e já vendeu mais de 1 milhão de exemplares somente no Brasil.
Enquanto o livro já começa com a cena do telhado, onde a protagonista conhece o médico, a adaptação retrocede um pouco ao mostrar o enterro do pai de Lily. O momento que só é comentado pela empreendedora na obra ganha mais espaço na telona, e o público vê a escolha da ruiva em não dizer nada de bom sobre o genitor no velório.
Nas páginas do romance, há uma presença constante dos diários de Lily. Na adolescência, ela registrava seus dias como se estivesse mandando cartas para a apresentadora Ellen DeGeneres. Mas no filme a jovem aparece apenas rapidamente assistindo ao programa e escreve só uma vez nos cadernos --o que não transparece a importância de ambos na vida da protagonista.
Dessa maneira, as lembranças de Lily sobre a relação com Atlas também aparecem como pequenos flashbacks --enquanto no livro o leitor descobre tudo sobre o garoto desabrigado justamente quando a heroína relê suas anotações.
Essa alteração acelera o início do romance dos adolescentes, deixando a trama mais superficial. O primeiro beijo deles acontece no ônibus escolar, já na frente de todo mundo --enquanto na obra de Colleen Hoover a carícia é trocada na casa de Lily e de maneira muito mais delicada e comovente.
A mudança que mais tem decepcionado os fãs, entretanto, é a ausência de Procurando Nemo (2003). A animação tem um grande peso para Atlas e Lily, que assistem ao filme juntos e passam a se inspirar na frase "continue a nadar". A protagonista até coloca Dory como nome do meio da filha.
Já a frase final do livro faz menção ao filme da Disney: "Pode parar de nadar agora, Lily. Finalmente chegamos à costa", diz Atlas. Por isso, o desfecho da adaptação também sofreu alteração, com o chef de cozinha apenas dizendo que ainda não tem namorada --e deixando o caminho aberto para a florista. A única referência à animação é uma pelúcia de Nemo num canto quando Lily e Ryle estão arrumando o quarto da bebê.
Outra mudança importante é que a explosão da violência do neurocirurgião acontece quando ele lê os diários da mulher. Como o filme não mostrou as anotações dela, o surto do médico é baseado em uma entrevista de Atlas ao jornal, que faz com que o ciumento descubra que a tatuagem da protagonista é uma homenagem ao ex-mendigo.
No livro, Lily liga para Atlas depois da tentativa de estupro do marido. Ela revela que havia decorado o telefone do cozinheiro pois pressentia que poderia precisar da ajuda dele ao se ver vítima de violência doméstica. Já no longa ela apenas surge machucada no restaurante do ex, que a leva até um hospital.
Outra ponta solta da adaptação é o sumiço de Ryle após a agressão à mulher. No romance, é explicado que o médico foi estudar na Inglaterra nesse período; ele viajou sem saber da gravidez. No filme, ele reaparece depois de meses, já ajudando a protagonista a montar o berço da filha.
Mais uma pequena mudança está no nome do restaurante de Atlas. O local é chamado de Bib's no livro, como referência à frase "better in Boston [melhor em Boston, em tradução literal]" --usada pelo rapaz no passado ao se despedir de Lily. Enquanto na adaptação o estabelecimento é nomeado como Roots (raízes em inglês), por causa do momento em que a jovem filosofou sobre as raízes fortes do carvalho que tinha no quintal de sua casa --e que serviu para Atlas entalhar o coração de madeira que deu para ela.
O longa também acaba explorando pouco a amizade de Lily com Alyssa (Jenny Slate), irmã de Ryle e funcionária da floricultura. Os fãs ainda sentiram falta na adaptação do momento em que a protagonista conversa com a mãe sobre a violência do pai. Porém, o filme traz uma cena inédita da florista visitando o túmulo de Andrew Bloom com a filha e Jenny (Amy Morton).
Já alguns personagens do livro ficaram de fora da adaptação. É o caso de Lucy, com quem Lily divide o apartamento no começo do livro, e Devin, o ex-colega de trabalho gay da protagonista. Os pais de Ryle e Alyssa também não aparecem no longa.
Apesar de tantas mudanças significativas, o filme também conseguiu manter várias falas idênticas ao livro --para acalentar o coração dos leitores apaixonados pela história.
Assista ao trailer de É Assim que Acaba, já em cartaz nos cinemas:
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