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MEU NOME É GAL

Crise, romance e mãe: Filme sobre Gal Costa mostra cantora que público nunca viu

DIVULGAÇÃO/PARIS FILMES

Sophie Charlotte caracterizada como Gal Costa no filme Meu Nome É Gal, em cenário de teatro, com faixinha na testa

Sophie Charlotte como Gal Costa no filme Meu Nome É Gal, que estreia nesta quinta (12)

FERNANDA LOPES

fernanda@noticiasdatv.com

Publicado em 12/10/2023 - 10h00

Ao longo de mais de 50 anos de carreira, Gal Costa (1945-2022) ficou conhecida como uma das maiores cantoras do Brasil, dona de voz potente e de hits consagrados da MPB. O filme Meu Nome É Gal retrata um trecho da trajetória dela, a transformação de Maria da Graça em Gal, de menina tímida em grande artista. A trama passa por momentos da vida da artista que o grande público não acompanhou de perto, como romances, crises e a relação com a mãe.

Meu Nome É Gal retrata o período entre 1966 e 1971 na vida de Gal Costa. O filme começa com a jovem garota de Salvador chegando ao Rio de Janeiro para viver numa casa com seus amigos Gilberto Gil, Caetano Veloso e outros artistas e agitadores culturais da época.

O filme explora o início da carreira de Gal até os momentos em que ela explode como cantora, com músicas e álbuns aclamados no Brasil. Interpretada por Sophie Charlotte, Gal aparece primeiro como uma garota tímida, acanhada, com dificuldade para se posicionar (pessoal e politicamente) e dominar os palcos.

A ideia das diretoras Dandara Ferreira e Lô Politi era mostrar menos a versão de Gal mais famosa, de uma mulher forte e poderosa com uma carreira consagrada, e mais um retrato "de dentro para fora" da artista, seu desenvolvimento e seu desabrochar.

"É um recorte cinematográfico, uma furada de bolha da menina tímida. A gente queria um filme do conflito interno, não [contar a história] pela carreira, pelos pontos de sucesso e fracasso. A gente queria o corpo pra dentro, não pra fora", reflete Dandara.

Para mostrar a intimidade de Gal Costa, outros personagens se destacam na trama. Uma delas é dona Mariah, a mãe da cantora, interpretada por Chica Carelli. Baseado em fatos reais, o filme explora a relação forte de mãe e filha, de como Gal tinha muito carinho pela mãe, mas ao mesmo tempo precisou impor limites para seguir seu próprio caminho livremente.

"A mãe da Gal foi uma pessoa muito importante e condutora na vida dela. A Gal não conheceu o pai, nunca teve essa figura masculina. A mãe às vezes quer proteger muito [o filho] e acaba sufocando-o, não intencionalmente. A transformação da Gal é justamente quando tem esse afastamento da mãe também. No começo, quando eu falava pra Gal desse filme, falava: 'vai ser um filme sobre mãe e filha'. Era pensado pra ter essa relação", explica Dandara.

"As contradições da relação de mãe e filha [são também] as contradições da própria artista com o palco e com a exposição, com a privacidade", pontua Sophie Charlotte

divulgação/paris filmes

Sophie Charlotte na pele de Gal Costa

Romance e ditadura

Gal Costa sempre foi discreta em relação à sua vida pessoal, até o fim da vida. O filme segue essa linha e retrata de maneira discreta a iniciação sexual dela, com relações tanto com homens quanto com mulheres. Gal se interessa por uma mulher chamada Lélia (Elen Clarice), e não há qualquer cena de preconceito ou de militância envolvendo o relacionamento.

"A sexualidade a gente aborda de forma natural. Era uma não questão naquele momento. Pra eles [Gal e seus amigos] não era questão, então pra a gente também não foi", declara Lô Politi.

O que era, de fato, uma questão naquele período histórico, do final dos anos 1960, era a Ditadura Militar (1964-1985), que afetava diretamente o grupo de Gal. Ela fez parte do movimento cultural da Tropicália e viu a repressão militar violentar seu círculo social.

A cantora passa por momentos difíceis, com medo, com preocupação pela prisão e tortura de amigos, com a saudade de Gil e de Caetano quando eles partem para o exílio em Londres, na Inglaterra. A ditadura provoca crises e levantes em Gal e se torna por si só uma personagem da história.

"Ditadura é personagem fortíssima do filme, é a antagonista de Gal, a antagonista que a leva a reagir", diz Lô. "Talvez, se não houvesse a ditadura, não haveria a Tropicália. É um processo muito complicado da Gal. Ela decide cantar quando a ditadura entra na casa dela. Esse período é de experimentação, descoberta, como artista, sexualmente, na construção como mulher, no corpo, na voz", complementa Dandara.

Meu Nome É Gal estreia nesta quinta-feira (12) em cinemas por todo o território nacional

Confira entrevista com Sophie Charlotte, Lô Politi e Dandara Ferreira:


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