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ANÁLISE

Com troféu a Silvio Santos, Melhores do Ano se torna mais que 'festa da firma'

REPRODUÇÃO/SBT

Daniela Beyruti e Amauri Soares sentados lado a lado na plateia do Domingão com Huck

Daniela Beyruti, presidente do SBT, e Amauri Soares, diretor dos Estúdios Globo, no Domingão

DANIEL CASTRO

dcastro@noticiasdatv.com

Publicado em 16/12/2024 - 9h52

Premiação restrita aos profissionais e produtos da própria Globo, o Melhores do Ano de 2024 vai entrar para a história por ter levado ao palco a representante daquela que foi durante quase três décadas sua principal concorrente. O troféu entregue a Patricia Abravanel como uma homenagem a Silvio Santos (1930-2024) tornou a confraternização do Domingão com Huck algo mais que uma festa da firma.

E a união entre a Globo e o SBT numa transmissão conjunta de 16 minutos marca um tempo em que as redes de TV aberta já não se digladiam como antes, pois hoje o inimigo maior é outro: o streaming e as plataformas digitais.

O apresentador Luciano Huck e os executivos da Globo sabem disso. Huck, que cresceu vendo a abusada programação da TV dos anos 1980 e 1990, tratou de transformar o Melhores do Ano de 2024 num tributo à própria televisão, não só pela homenagem ao seu "maior comunicador", mas também pela forma que o conduziu ao vivo durante quatro horas, entregando entretenimento bom e gratuito como se faz há quase oito décadas. Foi um programa de quem gosta de televisão --a velha televisão.

O Melhores do Ano de 2024 entregou boas piadas com Paulo Vieira, bons musicais com Simone Mendes, Gloria Groove, Ivete Sangalo e Fábio Jr. Teve emoção ao apontar o heroísmo de empreendedores sociais e ao premiar artistas que se sentiram verdadeiramente reconhecidos, como Larissa Bocchino (atriz revelação) e Juan Paiva (ator de série), conferindo legitimidade ao troféu. O tributo a Silvio Santos foi simples, sem apelação.

Foi um programa ao vivo em que deu tudo certo. Não se inventou nenhuma roda, nem quando "choveu" sobre Simone Mendes. Na plateia VIP, formada por artistas concorrentes e convidados, alguns copos quebraram, mas o clima era mesmo de festa da firma sem treta entre departamentos. Alguns prêmios podem não ter sido os mais justos, só que gente como Drica Moraes e Leticia Colin sabe perder e que votações pela internet podem ser manipuláveis por fandoms.

Os dois troféus entregues a Renascer, contudo, evidenciam que 2024 não foi um bom ano para a Globo na dramaturgia. Não que Renascer não tenha sido a melhor novela do ano. Foi um remake, um indicador de crise de criatividade e falta de ousadia, sem brilho. Bem escrita e bem dirigida, mas nada demais.

A vitória de Renascer nas categorias novela e ator coadjuvante (Vladimir Brichta), na verdade, escancara a rejeição a Mania de Você. A verdadeira concorrente de Renascer foi No Rancho Fundo, uma novela das seis --levou o prêmio de atriz revelação e de atriz de novela, entregue a Andrea Beltrão.

A atual novela das nove perdeu como novela, atriz de novela (Agatha Moreira e Adriana Esteves) e atriz revelação (Gabz). Só ganhou com ator de novela, Chay Suede, justíssimo, já que ele a carrega nas costas.

Além da aniversariante Adriana Esteves, nos bastidores se sentiu as ausências do autor João Emanuel Carneiro e de diretores da novela. Passou a ideia de que a Globo jogou a toalha. Com o pior ibope de todos os tempos, só resta à emissora aguardar a estreia de Vale Tudo, outro remake, no final de março.

Sem seu elenco outrora estelar e com orçamentos cada vez mais apertados, a Globo terá um 2025 difícil pela frente. Precisa quebrar novas barreiras, como fez ontem Luciano Huck ao colocá-la em rede com o SBT.

O streaming e as plataformas digitais avançam sobre sua audiência e fonte de recursos (o mercado publicitário). Na prévia da Kantar Ibope na Grande São Paulo, os 16 minutos de homenagem a Silvio Santos renderam 15 pontos à Globo e 4,5 ao SBT. O streaming somou 12,8, conforme publicou no X o jornalista Ricardo Souza.


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