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Reprodução/Globo
Camilla cumprimenta Eva após Prova do Líder patrocinada pela Kwai; marca teve 16 minutos de exposição
É unanimidade entre especialistas em Big Brother Brasil que o elenco da atual edição não ajuda. Nas redes sociais, há até quem sugira que todos os participantes deveriam ser eliminados e substituídos por novos. Além de um elenco que não rende, a produção da 25ª edição de BBB enfrenta outro grande desafio: fazer um programa interessante apesar da excessiva publicidade a amarrar o seu conteúdo.
Não é tarefa fácil. No último sábado (15), o reality show da Globo durou 25 minutos e 7 segundos. Nada menos do que 18 minutos e 45 segundos foram conteúdo patrocinado, promovendo quatro marcas. Inacreditáveis dois terços, ou 75% do programa, foram publicidade. O BBB virou um canal de televendas, um Shoptime com prova de resistência.
Tadeu Schmidt trabalhou mais que apresentador de programa de fofoca e fez quatro testemunhais em menos de meia hora. Apesar da audiência capenga, a Globo tocou durante 2 minutos e meio o repetitivo jingle do patrocinador da festa do dia, uma bet, antes do show de Lauana Prado. Uma prova de resistência para o cada vez menos paciente telespectador.
O BBB dos 60 anos da Globo caminha para ser o pior da história. As cinco primeiras semanas de BBB 25 tiveram média de 16,2 pontos na Grande São Paulo. No mesmo período, o BBB 24 teve 20,7. A queda foi de 22%. Um quinto do público do programa evaporou em um ano --em parte também por causa da novela das nove, Mania de Você, agonizando em horário nobre.
Do ponto de vista comercial, contudo, BBB segue sendo um campeão de audiência. Até agora, a Globo vendeu espaços para 22 marcas no BBB 25. O número é menor do que o de 2024 (31) e 2023 (40), mas isso não significa que a Globo está vendendo menos. É que menos anunciantes estão comprando mais cotas. O Mercado Livre, por exemplo, tem três.
Segundo a Globo, BBB 25 estreou em 13 de janeiro com todas as 32 cotas previstas vendidas. Restam disponíveis poucos espaços avulsos. De acordo com projeção do Meio&Mensagem, a Globo já faturou mais de R$ 650 milhões com o atual BBB (sem considerar descontos e comissões).
A Globo precisa entupir o BBB de marca para compensar a perda de receitas que vem registrando nos últimos. Antes, a emissora vendia cotas de patrocínio e ponto final. Hoje, ela precisa lotear as dinâmicas entre as marcas. Tudo é vendido no BBB. Festas, banheiros, desodorante, comidas, bebidas, quartos, academia e todas as provas. A Globo só não vende o Sincerão, quadro em que os participantes lavam roupa suja.
Como o Notícias da TV mostrou, desde 2014 a emissora não consegue superar a casa dos R$ 16,2 bilhões de faturamento. As receitas, descontada a inflação, caíram cerca de 50% em dez anos. Os R$ 650 milhões que BBB 25 já faturou valem 25% a menos do que os R$ 400 milhões que a Globo fez com BBB 11. Com menos audiência e a concorrência das plataformas digitais, a emissora precisa fazer esforço muito maior para faturar menos que há pouco mais de uma década.
Anunciante adora o BBB. Além de inserir sua mensagem em um conteúdo de entretenimento relevante, ganha bônus com a repercussão, a multiplicação de vídeos e prints nas redes sociais. A Seara achou linda a Prova do Líder do último dia 6, em que os brothers tinham que atirar sanduíches cenográficos amarrados a um pára-quedas de plástico e acertar no solo caixas que valiam pontos.
"A ação teve duração de 45 minutos no ar, resultando em mais de 1,5 milhão de impressões, presença nos trending topics do X e um aumento superior a 850% nas buscas por 'Levíssimo' no Google durante a dinâmica", divulgou a gigante da alimentação em seu site.
É saudável essa sinergia entre anunciante e veículo. O problema é que o excesso de marcas emperra o BBB. A produção fica amarrada a provas que não podem colocar as marcas em risco. Logo, arriscam menos. As provas, consequentemente, ficam mais chatas, previsíveis, sem inovação.
Isso para um programa como BBB pode indicar o mesmo destino do Shoptime, que deixou de ser um canal de TV em 2023, atolado em crise financeira. Não é só o elenco que derrubou a audiência do reality show. O público também está se cansando de ver sempre as mesmas competições patrocinadas.
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