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GUINADA PROFISSIONAL

Após se demitir da Globo, Rodrigo Alvarez vira empresário e lança 'Netflix dos livros'

Reprodução/TV Globo

Rodrigo Alvarez em entrevista a Ana Maria Braga em outubro de 2019, sobre o primeiro volume do livro Jesus

Rodrigo Alvarez em entrevista a Ana Maria Braga em outubro de 2019, sobre o primeiro volume do livro Jesus

DANIEL CASTRO

dcastro@noticiasdatv.com

Publicado em 6/4/2020 - 6h06

Escritor de sucesso, com mais de 800 mil livros vendidos, o jornalista Rodrigo Alvarez revela nesta semana por que pediu demissão da Globo em dezembro passado, interrompendo uma bem-sucedida carreira de 23 anos de repórter-correspondente. Alvarez, aos 45, virou empresário, e nesta quarta (8) lançará uma startup que vai imprimir livros brasileiros no exterior, sob demanda e a preços competitivos, como uma "Netflix dos livros": a Buobooks.

"Até agora, se um um brasileiro que mora no exterior queria comprar um livro editado no Brasil, ele precisava entrar em um site de compras, pagar um valor muito alto pelo livro e pelo frete, e ainda esperar semanas para receber. O que estamos fazendo é inovador porque elimina a distância. Imprimimos os livros perto de onde as pessoas moram, com preços normais de mercado, sem aumentos excessivos por conta do processo de exportação e importação", explica Alvarez.

O jornalista, que hoje mora na Flórida (Estados Unidos), onde escreve seu décimo livro, o segundo volume de Jesus, passou as últimas semanas fechando contratos. Sua Buobooks já acertou parcerias com algumas das maiores editoras brasileiras, como a Sextante e a LeYa, e vai nascer em plena crise do novo coronavírus.

Em seu catálogo, há obras como Silvio Santos: A Biografia (de Anna Medeiros e Marcia Batista), Todos contra Todos (de Leandro Karnal), Brasil: Uma História (de Eduardo Bueno) e Fazendo as Pazes com o Corpo (de Daiana Garbin), além, é claro, dos livros do próprio Alvarez. Há uma boa oferta de títulos sobre religião e, principalmente, infantis, porque "há uma carência enorme por livros infantis brasileiros" para filhos de brasileiros que crescem no exterior.

"Já estamos começando tendo a Girassol/Callis, que é uma editora infantil de ponta, e estamos fechando parcerias com outras editoras infantis de peso. Temos a Sextante e a Arqueiro, Autêntica, LeYa e algumas outras igualmente importantes. No segmento religioso, vamos ter a Bíblia King James e umas centenas de títulos direcionados aos leitores evangélicos. Já temos as católicas Loyola, Santuário e Canção Nova, também com algumas centenas de livros", conta.

Homepage da Buobooks, a "Netflix dos livros"

A operação envolve uma complexa estrutura de tecnologia e logística. "Imprimimos os livros no momento em que o leitor decide comprá-los e, entre três e 12 dias depois, ele recebe em casa. Pode ser em Lisboa, Camberra, Dublin, Los Angeles, Luanda, Tóquio, onde for, em mais de cem países".

No site da Buobooks, a maioria dos best-sellers sai entre US$ 15 (80,25) e US$ 25 (R$ 133,75). Com o dólar a R$ 5,35, parece inacessível (a biografia de Silvio Santos, que se vende no Brasil por R$ 40,00, custa US$ 24,40, o equivalente a R$ 130,54). Mas é o que se paga nas livrarias americanas --os quadrinhos da série The Walking Dead, por exemplo, custam US$ 14,99. Acrescente-se frete de 3 euros (R$ 17,34) na Europa e de 4 dólares (R$ 23,12) nos EUA para entregas em seis dias.

Pagando-se mais, pode-se ter o livro no dia seguinte. "Isso é possível porque temos uma rede de gráficas em pontos estratégicos e criamos um código de computador que decide, com base no lugar para onde o livro irá viajar, qual gráfica irá imprimi-lo, sempre a mais perto do leitor", explica Alvarez.

O ex-correspondente da Globo na Europa investiu na startup os royalties que recebeu pela venda de seus livros nos últimos anos. "Somos um time de oito pessoas, entre Flórida, Lisboa e São Paulo. No momento, não estamos à procura de investidores, e sim de parceiros", diz.

Alvarez diz que nunca tinha imaginado que um dia viraria empresário nem lidaria com questões tecnológicas tão avançadas. "Mas sempre olhei para a vida de um jeito empreendedor. Quando eu comecei na televisão, a primeira grande reportagem que fiz foi sobre a multiplicação de startups no Vale do Silício. Vendi o carro, comprei uma câmera, peguei aulas com um amigo, fiquei hospedado na casa de um amigo desenvolvedor de software em San José (no coração do Vale do Silício) e gravei tudo sozinho", lembra ele.

"Na época, por causa desse amigo, fiquei sabendo que havia uma empresa nova muito atraente que estava criando o maior burburinho por ali. Marquei entrevista com os dois donos: eram Larry Page e Sergey Brin, os criadores do Google. Acho que foi ali que o bichinho me mordeu de vez. E agora, 20 anos depois, estou aqui, nesse plot twist."


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