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DISPUTA EM SÃO PAULO

Silvio Santos manda emparedar Teatro Oficina em guerra que dura quatro décadas

REPRODUÇÃO/X

Passagem do Teatro Oficina obstruída por tijolos

Passagem do Teatro Oficina obstruída por tijolos; ação do Grupo Silvio Santos foi feita hoje (5)

REDAÇÃO

redacao@noticiasdatv.com

Publicado em 5/2/2024 - 16h33

A briga judicial entre o Grupo Silvio Santos e a Associação Teatro Oficina Uzyna Uzona já dura mais de quatro décadas, mas ganhou um novo capítulo nesta segunda-feira (5). A empresa do comunicador mandou emparedar a passagem entre o espaço cultural e o terreno em disputa e surpreendeu a organização artística.

O perfil oficial da associação informa que uma ação de reintegração de posse da escada que liga os arcos do teatro ao terreno de Silvio Santos está em curso, mas que o parecer da juíza ainda não foi dado. "O Grupo Silvio Santos se antecipou à ação judicial, cometendo a retirada precipitada da escada", acusou por meio do X (antigo Twitter).

Ao jornal Folha de S.Paulo, a empresa de Silvio Santos assumiu que mandou emparedar o arco "para reparar o estado original do imóvel após longa e exaustiva discussão judicial". De acordo com o grupo, não houve entendimento de que a escada fazia parte do projeto original tombado como patrimônio histórico.

O Teatro Oficina postou uma foto em que a porta em formato de arco aparece obstruída por tijolos, classificou a ação como "truculenta" e convocou os seguidores para protestar: "Trata-se de violência simbólica e concreta contra o patrimônio material e imaterial tombado em três instâncias de proteção".

A empresa alega, no entanto, que a ação foi amparada em uma decisão favorável na Justiça. "Comprovado nosso direito, obtivemos decisão favorável nesse sentido e cumprimos com a decisão judicial. O correto teria sido a outra parte ter executado o reparo, mas, pela incapacidade financeira alegada, o juízo entendeu que o GSS poderia fazê-lo. Reforçamos que temos muito respeito pelo Teatro Oficina e esperamos que compreendam", informou o grupo ao jornal.

O Teatro Oficina foi fundado em 1958 Zé Celso Martinez Corrêa (1937-2023), que adquiriu o imóvel no centro de São Paulo em 1931. Após décadas de contribuição para a cultura nacional, o imóvel hoje é considerado um patrimônio histórico pela Condephaat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico).

A briga entre Martinez e o proprietário do SBT começou em 1980. O empresário comprou um terreno que está em volta do teatro com o intuito de construir um prédio para o Grupo Silvio Santos. No entanto, isso prejudicaria o espaço cênico, e o dramaturgo foi à Justiça.

Uma característica do teatro é uma grande janela em uma de suas laterais, que permite ao espectador ver a paisagem da cidade, mesmo durante as sessões teatrais. Em 2016, o Condephaat proibiu a construção de torres da Sisan, braço imobiliário do Grupo Silvio Santos, em um terreno vizinho ao Teatro Oficina. O projeto previa três torres, e duas delas impediriam a vista.

Em 2017, a decisão foi revertida, e novas reuniões entre Silvio e Zé Celso foram promovidas. Apesar disso, o destino da área disputada ainda é incerto. Zé Celso prefere que o terreno sedie o parque do rio Bexiga.

Em junho do ano passado, um mês antes de sua morte, o dramaturgo convidou Silvio Santos para seu casamento e sugeriu que o presente fosse a doação do terreno próximo ao Teatro Oficina, mas não foi atendido.


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