LUTO NA MÚSICA
GIANNE CARVALHO/TV GLOBO
Rita Lee e Malu Mader nos bastidores da novela Celebridades (2003), da qual a cantora participou
Uma das características que tornam uma novela memorável é sua trilha sonora. E nesse quesito, as produções brasileiras tiveram um ganho e tanto com as canções de Rita Lee (1947-2023) que embalaram mocinhos apaixonados, vilãs cômicas, cenas de humor, além de aberturas inesquecíveis. Morta na noite de segunda feira (8), a cantora paulistana também arriscou-se como atriz e deu pinta em diversas produções.
A primeira música de Rita que marcou presença em uma novela foi Sucesso, aqui vou eu, em A Próxima Atração (1970). Ao longo de toda sua carreira, Rita emplacou mais de 70 faixas em diversos folhetins. Algumas de suas canções são tão memoráveis que estiveram presentes em mais de uma novela, como Erva Venenosa, que foi tema de Um Anjo Caiu do Céu (2001), Cobras e Lagartos (2006) e Escrito nas Estrelas (2010). Não por acaso, a irreverência da canção casou perfeitamente com o comportamento nada ético das vilãs das três tramas.
Suas músicas também serviram de inspiração para títulos de produções. Inicialmente chamada de Tom e Gelly, a novela de Carlos Eduardo Novaes teria como tema de abertura a canção Corre Corre, mas acabou tomando emprestado outra faixa da cantora e Chega Mais entrou no lugar, dando, ainda, o nome à novela de 1980.
Nos anos seguintes, Rita apareceria cantando em diversas aberturas. Flagra abria Final Feliz (1982), Sassaricando, a trama homônima de Silvio de Abreu, e Dona Doida, Zazá (1997). Mas de todas as novelas que tiveram uma música de Rita como tema de abertura, a mais emblemática foi a de A Próxima Vítima (1995). A voz de Rita e os acordes de Vítima davam o perfeito clima de mistério que a história policial pedia.
Em 2010, Rita Lee gravou uma nova versão de Tititi (Galinhagem) para o remake escrito por Maria Adelaide Amaral. No último capítulo da história, a cantora surgiu como uma roqueira, dividindo a cena e o microfone com Jaqueline (Claudia Raia).
Participações especiais em novelas não eram novidade para Rita, fosse interpretando personagens fictícios ou até como ela mesma. Em Celebridade (2003), ajudou a abrilhantar o time de estrelas de desfilaram como atrações reais dentro do universo ficcional de Gilberto Braga.
Em Vamp (1991), a roqueira deu vida à vampira Lita Ree, contracenado com a protagonista Natasha (Claudia Ohana). Mas foi mesmo em Top Model (1989), cuja trilha sonora também contava com uma música de seu repertório, que Rita ganhou uma de suas personagens mais lembradas pelos noveleiros: Belatrix, uma das ex-mulheres de Gaspar (Nuno Leal Maia) e mãe de dois de seus filhos.
O sucesso da telenovela brasileira deve muito à contribuição indireta de Rita Lee, cujo valor musical é certamente inestimável. Seu legado para a cultura também passa pelos folhetins, que beberam na fonte inesgotável do talento de Rita.
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