Proibidão? Ex-Balão Mágico, Gloria Groove revela se fará funk para crianças

Ex-integrante da Galera do Balão, uma tentativa de ressuscitar o grupo Balão Mágico, Gloria Groove admite que é muito cobrada para tocar funk para crianças. A drag queen não esconde o desejo de fazer o projeto acontecer, mas admite que sua carreira poderia ser prejudicada por fundamentalistas --aqueles que seguem à risca um conceito, uma ideologia ou uma doutrina de ordem religiosa ou semelhante, discordando rigorosamente de quem pensa o contrário. A própria Gloria rompeu com a igreja no passado.

Fora da pele feminina, ela é o cantor, dublador e ator Daniel Garcia. Ele participou da Galera do Balão, entre 2002 e 2003, quanto tinha apenas sete anos. Desde a criação do Balão Mágico, na década de 1980, o elenco passou por diversas mudanças, mas conseguiu deixar sua marca como ícone infantil.

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Em entrevista ao Notícias da TV, Gloria revela que é comum que ela seja procurada por crianças nos shows que permitem a entrada dos pequenos. Ainda assim, o medo de mexer no "ninho de vespas" dos conservadores com a criação de um funk infantil prevalece.

"Quando uma drag quiser falar qualquer coisa para crianças, os fundamentalistas vão dar um jeito de dizer que estou doutrinando. Por mais puro que isso possa ser, precisa ter um estudo e um aprofundamento maior para acontecer. Sabemos como é isso no Brasil", conta ela.

"Fico sonhando com isso junto com os meus fãs. É algo cada dia mais impossível de se negar. Acho que as crianças são os meus melhores fãs. Parece que elas entendem melhor, estão ligadas no que estou fazendo, cantando, ousando fora das regras, sendo quem eu quiser", acrescenta.

Hoje, tenho noção de que eu sou muito mais do que uma drag. Estou atrás de acumular outras conquistas, de me ver de outras maneiras. Essa é uma das coisas que eu sou capaz de fazer.

O futuro do funk

Drag mais ouvida do mundo, segundo dados do Spotify global em 2023, Gloria repaginou ritmos do funk no álbum Futuro Fluxo. A cantora imaginou qual legado artistas como Anitta, Ludmilla, Valesca Popozuda e MC GW deixariam para o gênero, ainda marginalizado no Brasil por ter surgido nas periferias.

"Não é porque você não entende a realidade que aquilo é menos complexo ou menos difícil. É muito difícil fazer o que essas pessoas fazem no funk.  Por mais que a Gloria possa parecer simples e frívola, isso gera muita hipocrisia e críticas, mas é a verdade, a realidade de alguém", desabafa.

"Quem vai ser lembrado como alguém que realmente pavimentou algo que, por um momento sofreu uma resistência tão firme? É triste pensar nisso, porque o funk salva vidas, mexe com a vida das pessoas. Minha intenção com a grandiosidade do projeto sempre foi relacionar isso com uma estética cinematográfica, porque essa cultura merece essa atenção", conclui.