SILVIO DE ABREU
Alex Carvalho/TV Globo
Silvio de Abreu, diretor de teledramaturgia diária da Globo: em busca de alegria, não dinheiro
Diretor de teledramaturgia diária da Globo, Silvio de Abreu é um verdadeiro apaixonado por novelas. Autor de sucessos como Rainha da Sucata (1990), A Próxima Vítima (1995) e Belíssima (2005), ele defende que o entretenimento proporcionado pela televisão deixa as vidas das pessoas mais alegre, já que o público pode esquecer, mesmo que momentaneamente, seus problemas pessoais.
"Acho que ser autor é uma responsabilidade muito grande, porque você tem na sua mão a possibilidade de fazer a vida de todas as pessoas que assistem à novela melhor, menos pesada, mais interessante", conta ele na edição de domingo (30) do Donos da História, programa exibido pelo canal Viva e que mostra entrevistas com os grandes escritores de novelas do Brasil.
Abreu se inspira na própria vida para explicar o poder transformador da dramaturgia. "Lembro quando eu era office boy, devia ter 15 ou 16 anos, e entregava encomendas pela cidade de São Paulo. De noite, quando ia ao cinema, saía muito melhor do que quando entrava. Lá, eu conseguia viver minhas aventuras. Conseguia ser rico, espadachim, caubói, galã. Eu me identificava com tudo aquilo na tela", lembra.
A transformação que ele sentia ao sair do cinema foi transportada para seu trabalho na TV. "Quando comecei a fazer novela, queria que o público sentisse a mesma coisa. Nunca fui um autor que quisesse escrever novela para fazer sucesso, ganhar dinheiro, ficar famoso. Isso nunca passou pela minha cabeça. A minha vontade era me comunicar com as pessoas e fazer com que a vida delas fosse melhor", resume.
Antes de ser autor, Silvio chegou a atuar em novelas como O Grande Segredo (1967), da TV Excelsior, e A Próxima Atração (1970), da Globo. Depois, foi diretor de pornochanchadas como Gente que Transa (1974) e Elas São do Baralho (1977). Até que foi convidado para escrever a novela Éramos Seis, em 1977, na Tupi.
Abreu, aliás, não descarta fazer um remake da obra, baseada no clássico livro de Maria José Dupré, na Globo (em 1994, uma adaptação já foi feita com sucesso pelo SBT). Com a nova versão, poderia "corrigir" algo que não desejava que ocorresse na original.
"A Ivani Ribeiro queria o ator Carlos Augusto Strazzer [que vivia Carlos, filho mais velho da matriarca Lola]. Ela queria que ele fosse para O Profeta. Nós não queríamos tirá-lo da novela, mas veio uma ordem. Tenho vontade de refazer na Globo. Acho que é uma história sempre atual", adianta.
Na Globo, Silvio conseguiu alternar novelas mais leves, como Guerra dos Sexos (1983) e Sassaricando (1987), com suspenses, como A Próxima Vítima e Torre de Babel (1998).
"Como fã de cinema, tenho como gêneros preferidos comédia, melodrama e thriller. Rainha da Sucata era um melodrama misturado com comédia. Depois veio A Próxima Vítima, e tinha que ser interessante todo dia. Eu queria que o drama também fosse assim. Acho que o thriller policial garante aquela incógnita, e você tem que assistir todo dia", conta.
Desde que assumiu a direção de teledramaturgia da Globo, em 2014, Silvio de Abreu deixou de assinar novelas como titular. Porém, já teve de escrever emergencialmente capítulos de Babilônia (2015), A Lei do Amor (2016) e Sol Nascente (2016), além de supervisionar textos. Quando está na ativa, sua rotina é corrida:
"Começo a escrever lá pelas 7h, vou até mais ou menos 12h. Aí, almoço com minha família. Volto a escrever às 14h e termino na hora que a novela vai para o ar. Isso durante os 200 capítulos", explica.
O processo de criação de uma sinopse, porém, é mais lúdico: "Sou mais dono do tempo, faço quando a ideia vem, deixo as coisas se sedimentarem. Vou inventando de pouquinho até ter uma história na qual acredite de verdade e a qual saiba como vou desenvolver. Mas, para mim, a novela começa realmente a existir quando sei quem serão os atores que estão fazendo".
O Donos da História com Silvio de Abreu vai ao ar no Viva às 18h30. O autor encerra a primeira temporada do programa, que mostrou entrevistas com Aguinaldo Silva, Alcides Nogueira, Antonio Calmon, Benedito Ruy Barbosa, Duca Rachid e Thelma Guedes, Gilberto Braga, João Emanuel Carneiro, Manoel Carlos, Maria Adelaide Amaral, Miguel Falabella e Ricardo Linhares.
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