AOS 91 ANOS
REPRODUÇÃO/INSTAGRAM
Orlando Miranda em foto publicada pela Associação dos Produtores de Teatro (APTR) no Instagram
Um dos pilares do teatro brasileiro, Orlando Miranda morreu aos 91 anos na noite de segunda (9). Ele foi um dos responsáveis por criar o Teatro Princesa Isabel, que virou um marco cultural no Rio de Janeiro --era um dos únicos localizados em Copacabana; a maioria dos teatros, até então, ficava na região de Cinelândia.
Dentre os artistas que se apresentaram no Princesa Isabel, destacam-se nomes como Jô Soares (1938-1922), Dercy Gonçalves (1907-2008), Marília Pêra (1943-2015), Paulo Gracindo (1911-1995) e Procópio Ferreira (1898-1979).
O teatro foi o grande projeto da vida do empresário, que se dedicava inteiramente a ele. Sem lucro o suficiente para contratar funcionários, ele vinha cuidando da portaria, da manutenção e da iluminação do teatro nas últimas décadas.
"Só não pego a limpeza porque não tenho mais condição. Em muitas ocasiões fico sem salário. Não deveria ter montado um teatro. Era ator, errei na minha vida", chegou a dizer ele, numa entrevista ao jornal O Globo, em 2017.
A morte do profissional foi confirmada pela Associação dos Produtores de Teatro (APTR). "Hoje nos despedimos do grande homem das artes Orlando Miranda. Nossos agradecimentos e todas as homenagens a esse ícone que ajudou a construir a história do Teatro Brasileiro. Nossos sentimentos à família e aos amigos de Orlando", consta num texto das redes sociais.
A Associação ressaltou a trajetória profissional do artista, que tinha mais de 65 anos de carreira. Formado na Escola de Teatro Martins Pena em 1959, ele fundou o Princesa Isabel em 1965, ao lado dos sócios Pernambuco de Oliveira e Pedro Veiga.
"Eu e meus sócios escrevíamos peças infantis. Pensamos em montar o teatro só para crianças, mas essa ideia era incipiente, porque o local não se sustentaria assim. No almoço de inauguração, toda classe teatral apareceu. Eram umas 400 pessoas, inclusive o Carlos Lacerda [1914-1977; governador do Rio de Janeiro à época]", declarou ele em 2017.
O teatro abrigou a peça Roda Viva, de Chico Buarque, e Trair e Coçar É Só Começar, de Marcos Caruso --que teve 704 apresentações. Em 2017, o cenário era menos glamuroso: o espaço recebia cerca de quatro peças por mês, a maioria com temporadas curtíssimas, que não chegam a 30 dias. As despesas de cerca de R$ 25 mil eram pagas principalmente devido à locação do espaço para academias de dança e de teatro.
O Princesa Isabel também chegou a funcionar como um QG para reunião da classe artística na época da Ditadura Militar (1964-1985). Miranda, que durante anos fez parte do Serviço Nacional de Teatro (1974-1981) e se tornou presidente do Instituto Nacional de Artes Cênicas (1981-1985), era uma espécie de mediador entre os artistas e a ditadura.
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