Xô, aposentadoria
João Cotta/TV Globo
Francisco Cuoco interpretará ex-guerrilheiro em Segundo Sol, novela das nove que estreia dia 14
MÁRCIA PEREIRA, no Rio de Janeiro
Publicado em 7/5/2018 - 5h19
Aos 84 anos, Francisco Cuoco está de volta ao horário nobre a partir do dia 14, em Segundo Sol. O veterano não pensa em parar de trabalhar porque "aposentadoria atordoa". Diz que atores de sua geração precisam continuar na ativa, pois a vida é muito cara. "Ter plano de saúde é privilégio. Tem gente que paga R$ 4 mil, R$ 5 mil, é um absurdo, uma loucura. Estamos ferrados com a política que a gente tem", diz.
Ele conta que nunca foi extravagante, possui dois imóveis para deixar para os filhos, mas não guardou dinheiro. "O que ganhava gastava com a família, com ex-mulher, com uma besteirada", resume.
Cuoco faz novelas sempre que é convidado. Sua última trama foi Sol Nascente, em 2016. "Quando se tem trabalho é muito bom. Aposentadoria deve ser uma coisa que atordoa, um vazio horroroso. Eu vejo as pessoas jogando dominó na praça e fico um pouco penalizado porque prefiro estar na ativa. De preferência, quero finalizar a minha vida trabalhando."
Muitas vezes sua atuação foi criticada, não foram poucas as vezes que recebeu o rótulo de canastrão, mas isso não é um problema. "Lido bem, porque é impossível agradar a todos. Sempre aprendi com a escola de arte dramática que vivemos um dia depois do outro e nada é definitivo."
Cuoco diz que passar dos 80 anos não significa parar de ter ambições na carreira. Ele afirma que está fascinado por séries com linguagem cinematógrafica e sonha em ser chamado para uma produção dessas. Entre os diretores que admira e gostaria de trabalhar estão José Padilha e José Luiz Villamarim.
raquel cunha/tv globo
Cuoco em cena com Aracy Balabanian em Sol Nascente: "Casal da quarta idade", diz o ator
Em Segundo Sol, o ator volta a trabalhar com João Emanuel Carneiro, um novelista que também admira. Cuoco lembra que fez Cobras & Largatos (2006), do mesmo autor, e ali sentiu que Carneiro tinha muito talento.
Para o ator, a substituta de O Outro Lado do Paraíso vem com uma trama que tem tudo para atrair o público: solar, ágil e com personagens fortes. "O brasileiro conhece bem a telenovela e sabe eleger o que é bom. Só rezo para ter saúde e disposição porque é um trabalho longo."
Na trama, ele interpretará Nestor Maranhão. Um homem solitário e metódico, que é eternamente apaixonado por Naná (Arlete Salles), sua antiga paixão da juventude. Ele foi guerrilheiro e voltou para Salvador depois de passar muitos anos no exílio, na esperança de se reconciliar com ela. Mas encontrou Naná casada e mãe dedicada de quatro filhos.
Sem poder ter um romance com a dona de casa, o personagem decidiu fixar residência no mesmo bairro. Abriu um pequeno comércio e vive com a esperança de vê-la ficar viúva e lhe dar uma segunda chance.
"O que é muito atraente é saber que ele foi um revolucionário e ficou exilado. Sou da época que a ditadura fazia isso. Ele deve ter apanhado muito porque irei dar sinais de alguma coisa física, algo que ainda conversarei com o Dennis Carvalho [diretor artístico e geral]. Gravei poucas cenas até agora", comenta o veterano.
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