Miriam Freeland
Reprodução/TV Globo
A atriz Miriam Freeland em cena de Tempo de Amar como a poetisa erótica Gilka Machado
FERNANDA LOPES
Publicado em 21/1/2018 - 7h25
Após 14 anos longe da Globo, Miriam Freeland voltou à emissora com um papel controverso: em Tempo de Amar, ela interpretou Gilka Machado, personagem real que se destacou no início do século 20 por ser a primeira mulher a escrever poesia erótica no Brasil. A atriz de 39 anos, que trabalhou na Record até 2016, deixa claro que agora está no mercado e espera receber novas propostas para fazer televisão.
Uma delas, aliás, está bem engatilhada: Miriam faz parte do elenco da série infantil D.P.A. - Detetives do Prédio Azul, do canal Gloob, e está prestes a assinar contrato para atuar nas próximas quatro temporadas da atração.
"É um projeto de que gosto muito, meu filho ama. E posso fazer porque não estou vinculada a nenhuma emissora. É claro que tinha uma expectativa em relação a essa volta à Globo, há 14 anos eu não pisava no Projac. Obviamente, tenho desejo de estar lá, fazer uma personagem bacana, contar uma história legal, mas acho que as coisas vão acontecendo com o tempo. Não tenho pressa, acho que minha carreira não é só um personagem, é um atrás do outro", afirma.
O convite para Tempo de Amar veio do autor Alcides Nogueira, com quem Miriam já havia trabalhado na minissérie Um Só Coração (2004). Na ocasião, ela interpretou Patrícia Galvão, a Pagu (1910-1962), escritora e militante política.
"Quando Alcides escreveu a Gilka [para participar de Tempo de Amar], pensou em mim para interpretá-la. Eu me senti lisonjeada pela personagem, foi um convite irrecusável. Gilka foi muito importante para a literatura e é muito esquecida, abandonada. Acho que essa homenagem é válida e foi superconveniente ela voltar à tona nesse momento, em que os jornais são ocupados pelo feminismo, e nós estamos refletindo essa questão de ressignificação da mulher", explica.
A atriz acredita que falar sobre os desejos da mulher, inclusive os românticos e sexuais, é muito importante na televisão, seja na novela das seis ou das nove.
"É muito doido, mas discutir o desejo feminino ainda é tabu, complicado. Acho que essa fala sobre sexualidade ainda é predominantemente masculina, nós [mulheres] temos pouco espaço pra falar. Precisamos de fala, de escuta, de respeito. É isso que me interessa e que eu vejo nessas personagens fortes", conta.
munir chatack/recordtv
Na novela bíblica A Terra Prometida, a atriz Miriam Freeland interpretou a prostituta Raabe
Atriz e autônoma
Antes de Gilka Machado, Miriam interpretou outra mulher fora dos padrões conservadores da época em que vivia: a prostituta Raabe, de A Terra Prometida (2016), da Record. Quando aceitou o papel, ela deixou claro à emissora que não pretendia ter contrato fixo, como o que teve de 2005 a 2013.
"A saída da Record foi um pouco para oxigenar, buscar meus projetos, coisas que eu gostaria de fazer. Eu não estava querendo voltar à empresa, nem emendar com outra novela, e eles já sabiam. Mas na Globo ainda tinha uma ideia de que eu estivesse contratada [na Record]. Então fazer Tempo de Amar também foi um pouco por isso, mostrar que estou no mercado, fazendo outras coisas, tenho uma autonomia", diz.
A atriz, que começou a carreira aos 16 anos em A Viagem (1994), tem uma produtora com o marido, o também ator Roberto Bomtempo, e já lista os planos de projetos fora da TV para este ano.
"Vou estrear uma peça infantil que estou produzindo. Estou em conversas com o Gloob sobre D.P.A. e tenho um filme que estreia em maio, Cine Holliúdy 2: A Chibata Sideral. Essa carreira é muito dura, muitos colegas vão parando por falta de opção, falta de convite, porque não conseguem ser autônomos com seus trabalhos. Mas eu estou muito tranquila, para mim a profissão é uma coisa muito séria. Acho que minha carreira é coerente e consistente, foi isso que eu planejei lá atrás", conclui.
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