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'GLOBO LIXO'

Ex-cinegrafista do Fantástico acusa Globo de omitir socorro e colocá-lo em risco

DIVULGAÇÃO/TV GLOBO

Equipe de cinegrafistas nos bastidores da Globo

Equipe de cinegrafistas nos bastidores da Globo: ex-funcionário da emissora faz denúncias

IVES FERRO e LI LACERDA

ives@noticiasdatv.com

Publicado em 24/6/2024 - 6h10

A Globo está sendo processada por Alberto Alves dos Santos, ex-cinegrafista do Fantástico, que trabalhou lá durante 24 anos. Ele acusa a emissora de colocá-lo em risco durante coberturas jornalísticas consideradas perigosas, como os atos a favor do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em janeiro de 2023. Na ocasião, o profissional foi ferido por manifestantes que xingaram a emissora; ele alega que não recebeu amparo da empresa.

Notícias da TV teve acesso à ação apresentada ao Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região, em São Paulo, no último dia 16. O cinegrafista que trabalhou de 1998 a 2022 na Globo disse ter sofrido danos morais "durante todo o contrato de trabalho", em razão dos frequentes casos de agressões e roubos a equipes de reportagem.

Santos também citou que ele e sua equipe foram vítimas de escalas de trabalho exaustivas, com alterações horárias feitas sem aviso prévio. Ele pede R$ 1,5 milhão de indenização por danos morais, correção de salários e horas extras não pagas.

Segundo o ex-funcionário, os roubos a jornalistas se tornaram frequentes nos últimos anos, principalmente em reportagens externas, quando estão sujeitos a ataques de criminosos.

Os bandidos costumam levar os equipamentos de filmagem, que envolvem  câmeras profissionais com lentes importadas, além de tripés, iluminação e transmissores de sinais, que podem custar mais de R$ 200 mil. O Notícias da TV chegou a noticiar um dos assaltos sofridos por Santos, em 2015.

O cinegrafista disse que a Globo passou a oferecer escolta e seguranças armados para acompanharem os funcionários, mas que o serviço se mostrou "falho e insuficiente". Ele exemplificou que, para cada 50 equipes, eram concedidos até 10 seguranças para escolta. Santos relatou que a emissora fazia vista grossa com as queixas e mandava policiamento para aqueles que julgava correrem mais riscos.

Funcionário sofre com 'Globo lixo'

Alberto Alves dos Santos pontuou que a "má relação" da Globo com seus telespectadores o prejudicou como funcionário. Ele citou como exemplo a decisão da emissora de chamar os atos de manifestantes pró-Bolsonaro de "antidemocráticos" na televisão aberta.

A cobertura das manifestações em Brasília foi um terror para o cinegrafista. Nos documentos judiciais, ele mostrou um ferimento no braço após um ataque de militantes que gritavam "Globo lixo". Ao relatar o problema a seu superior, o ex-funcionário disse ter sido orientado a não fazer nada.

"A Globo nada fez para diminuir o impacto sofrido pela equipe de filmagem, porque entendeu que os trabalhadores haviam 'vacilado' e poderiam ter 'escapado' daquela situação, já que eles estavam de posse de um veículo e acompanhado de um radialista que dirigia o carro de reportagem", descreve um trecho do documento com o relato do cinegrafista.

Foi em uma destas omissões de segurança da Globo que a equipe de trabalho do Alberto Alves dos Santos sofreu uma agressão na cobertura de uma manifestação.

Santos descreveu que as coberturas externas se tornaram cada vez mais perigosas após o impeachment de Dilma Rousseff (PT) em 2016, e nas eleições presidenciais que elegeram Jair Bolsonaro. O ex-funcionário opinou que o posicionamento "contrário a Bolsonaro" desagradou a parte dos telespectadores e contribuiu para que o ambiente de trabalho externo se tornasse tóxico.

Notícias da TV procura a Globo desde a última terça-feira (18) para dar sua versão sobre as acusações de omissão de socorro narradas pelo ex-cinegrafista do Fantástico, mas não obteve retorno até a publicação deste texto. Tradicionalmente, a emissora não comenta casos sub judice.


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