ÉRICO BRÁS
REPRODUÇÃO/TV GLOBO
Érico Brás no cenário do Se Joga; apresentador contou casos em que foi vítima de racismo
REDAÇÃO
Publicado em 26/5/2020 - 23h59
Fora do ar desde a suspensão do Se Joga por conta da pandemia do novo coronavírus, Érico Brás participou de uma live com Fábio Porchat na noite desta terça-feira (26) e falou bastante sobre racismo. Em uma parte da entrevista, ele lembrou do dia em que foi parado pela polícia e revistado porque uma fã o confundiu com um assaltante e o acusou de roubar sua bolsa.
O apresentador não comentou em que ano o fato ocorreu, mas disse que foi quando começou a trabalhar como ator no Bando de Teatro Olodum, em Salvador (BA). Ao final da sessão do espetáculo Bando da Raça, ele saiu correndo da coxia para o ponto de ônibus, esperar o coletivo que o levaria para o subúrbio.
Neste momento, uma viatura encostou. Do carro saíram dois oficiais e uma mulher branca, histérica, apontando o dedo para Brás e dizendo que ele havia roubado a sua bolsa. Um policial o revistou, revirou sua mochila e lhe fez um monte de perguntas. Foi neste momento que disse trabalhar como ator e que havia acabado de sair do teatro.
"Ah menino, é você que faz aquela peça?", questionou a mulher que o acusou de roubar sua bolsa. "Sim, sou eu, que faço o personagem patrocinado", respondeu ele, interpretando o personagem no ponto de ônibus para que ela validasse a informação de que era ator. "Comecei a fazer a coreografia. Até que ela fala: 'Não é ele não'".
"Nesse meio tempo, meu ônibus, que era o último, passou no ponto, pegou quem tinha que pegar. O ônibus foi embora, fiquei sozinho no ponto fazendo o personagem. Os policiais falaram: 'Vamos embora'. Eu disse: 'Espere aí. Meu ônibus foi embora, como que eu faço?'. O cara falou: 'Se vira meu irmão, você é artista. Se vira", lembrou o apresentador do Se Joga.
Porchat até riu da situação, mas de nervoso. Érico fez uma breve análise sobre o caso, que ele classificou como um ato de racismo, e ainda citou o adolescente João Pedro , assassinado dentro de sua própria casa, no Rio de Janeiro, após uma ação policial que alvejou sua residência com mais de 70 disparos de armas de fogo.
"A arte me salvou. Por um momento eu me vi como um escravo no Mercado Modelo, pulando, provando que eu estava apto pra ser liberto, liberado. Se eu não fosse um artista eu estava fodido. E me assustou ainda mais a autoridade da mulher sobre o Estado. Ela comandava o carro da polícia. São coisas absurdas. É como o João Pedro. Mesmo estando em casa você vai tomar um tiro", refletiu.
Assista à entrevista de Érico Brás a Fábio Porchat:
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