MARIA ZILDA
REPRODUÇÃO/INSTAGRAM
Divertida e sem filtros, Maria Zilda ativou o modo sincerona e tem falado tudo em lives no Instagram
Atriz que fez praticamente uma novela por ano entre as décadas de 1970 e de 2000, Maria Zilda Bethlem virou uma contadora de causos sobre os bastidores da TV. Em lives feitas com colegas de profissão durante a quarentena, a artista cita histórias divertidas da carreira, mas também faz comentários que têm se tornado um pesadelo para a Globo, emissora em que ela teve o status de grande estrela e viveu o auge na década de 1980, e até mesmo para atores com quem trabalhou.
A conversa com Elizângela foi a mais bombástica. Um dos pontos polêmicos, mas que passou praticamente despercebido foi a "informação" de que a Globo manteria um "esquema maravilhoso" (ou fraudulento) para venda de novelas no exterior.
Ao reclamar dos pagamentos que a emissora faz para os atores pelas reprises dos folhetins, Maria Zilda citou que a Globo tinha uma empresa na América Central para intermediar a venda desses produtos e, assim, repassar valores menores para o elenco.
"Eles [a Globo] têm um esquema maravilhoso no exterior. Eles têm uma empresa na América Central, então eles vendem cada capítulo da novela por US$ 100 (R$ 533,85). Essa empresa vende pra Bulgária [por exemplo] por US$ 10 mil (R$ 53 mil) o capítulo, mas você recebe em cima de US$ 100", denunciou Maria Zilda.
O Notícias da TV procurou a Globo e questionou se em algum momento houve uma empresa na América Central para negociar venda de programas, como novelas, para outros países. "A Globo não vende as novelas através de empresas com sede no exterior", enfatizou a emissora.
Em novembro de 2017, o site Poder360 publicou uma reportagem com documentos de um caso que ficou conhecido como "Paradise Papers", com informações de que a Globo mantinha nas Bahamas uma empresa para a venda de seus produtos fora do país. Na ocasião, a própria emissora disse que teve, sim, essa companhia, mas alegou que as operações foram extintas em 2011 e tudo passou a ser feito pela própria "Globo Comunicação e Participações S/A (CGP)".
Antes de falar sobre o suposto "esquema maravilhoso", Maria Zilda comentou na mesma live sobre os pagamentos que a Globo faz pelas reprises de novelas exibidas no canal Viva. "O Viva não paga, o Viva dá esmola", reclamou Elizângela, no ar na reprise de O Clone (2001), trama em que interpretou Noêmia.
"Sabe quanto eles [Viva] me pagaram por toda a novela Selva de Pedra [reprisada entre agosto de 2019 e fevereiro de 2020]? Faço questão de dizer: R$ 237,40", revelou Maria Zilda, que explicou sobre as diferenças nos pagamentos.
"Pela lei, a gente [ator] ganha 10% de tudo o que ganhou na novela durante um ano. Então, para você ganhar R$ 237, é porque você ganhava isso por mês, então você ganhou durante um ano R$ 2 mil? Você trabalhou dez meses ganhando R$ 200? Para reprise [na Globo, o pagamento] funciona. Quando mostra no Viva, eles alegam que não são donos. Eu não me conformo com isso", se indignou a atriz.
Veja a conversa da live no vídeo abaixo, a partir dos 29 minutos:
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O que Maria Zilda quis dizer é que, pela novela reprisada na Globo na TV aberta, os atores ganham 10% do salário que receberam na época. No entanto, o valor muda quando vai ao ar no canal pago Viva por ser considerado uma venda para terceiros (apesar de o Viva ser 100% da própria Globo). "A gente ganha muito menos com a venda do que pela reprise. Eu também não me conformo", complementou Elizângela.
A reportagem também questionou a Globo sobre essa discussão. "A Globo efetua todos os pagamentos referentes aos direitos conexos devidos aos seus talentos, reconhecendo a importância da preservação dos direitos de propriedade intelectual", defendeu a Comunicação da emissora.
A live com Elizângela rendeu. Maria Zilda resolveu contar sobre uma conversa que teve com Ary Fontoura quando eles trabalharam juntos pela primeira vez na novela Nina, em 1977. Segundo a atriz, o colega revelou que era "viado".
"Um dia a gente foi pra sala de atores para passar o texto, a gente passando o texto, ele olhou pra mim e disse: 'Eu sou viado. Antes que digam pra você, digo eu: eu sou viado'. Foi a coisa mais incrível que eu já ouvi na minha vida", se divertiu ela.
Para a jornalista Fabíola Reipert, do quadro A Hora da Venenosa, da Record, pessoas próximas ao ator negaram que ele tenha se assumido gay e disseram que Maria Zilda poderia estar sem assuntos nas lives e que, por isso, estava querendo falar sobre isso.
Mas temas não faltam nas conversas que a atriz de 66 anos faz com colegas de profissão. Divertida, sem filtros e sincerona, ela deixa seus convidados dispostos a se abrirem sem julgamentos. A Raul Gazolla, ela disse que nunca foi adepta do beijo técnico, elogiou o bumbum do ator e admitiu que agora está "recolhida" no quesito relacionamentos, mas que já pegou tanto na vida que até cansou.
Durante a quarentena no Instagram, ela também conversou com nomes como Marcos Pasquim, Nelson Freitas, Mateus Solano, Lucélia Santos, Patricya Travassos, Cininha de Paula, Marco Pigossi e Claudia Mauro. Abriu o jogo sobre uma cena de sexo com Débora Bloch no filme Bete Balanço (1984) e chamou Klebber Toledo de "breguinha".
Antes de mesmo de começar a contar tudo nas lives, ela repercutiu com uma entrevista ao Universa, do UOL, em agosto de 2019. "Exercitei muito minha sedução. Comi todo mundo no Rio, em São Paulo, Nova York e Paris. Passava a régua!", confessou ela.
Entre os papéis mais marcantes de Maria Zilda na TV estão a Verônica de Vereda Tropical (1984), a Vânia Guerra dos Sexos (1983) e a Léa de Caras & Bocas (2009).
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