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DOUGLAS THOLEDO

Ator mineiro deixa Brasil por chance na Broadway e faz história em ópera icônica

Divulgação/Elton Davel

Douglas Tholedo faz carão na frente de uma entrada de metrô em Nova York

Douglas Tholedo posa na entrada de metrô em Nova York; ele enfrentou pandemia em busca de chance

LUCIANO GUARALDO

luciano@noticiasdatv.com

Publicado em 5/10/2024 - 18h00

Nascido em Juiz de Fora (MG), o ator Douglas Tholedo tem uma vida que poderia render um espetáculo de teatro --assim como aqueles que estrelou no Brasil na década passada. Depois de construir sua carreira nos palcos nacionais, ele decidiu largar tudo e se mudar para Nova York, em busca de uma chance na Broadway. Lá, enfrentou sozinho a pandemia de Covid e os altos custos da cidade. Agora, seu esforço rende frutos: o artista foi escalado para atuar na aguardada nova montagem da ópera Aida, encenada em um dos maiores teatros do mundo.

Atualmente com 38 anos, Tholedo foi para a meca do teatro musical em 2019, sonhando com uma oportunidade nos palcos mais conhecidos do planeta. "Eu já tinha planos de estudar aqui, fazer alguns cursos. Porque atuar em musical é se atualizar constantemente, mas você acaba fazendo tudo indiretamente, porque não está aqui onde os professores estão. E eu queria beber direto da fonte", justifica o ator em entrevista ao Notícias da TV.

"Eu queria vir até aqui, ver como é que é, entender a indústria toda. Foi uma decisão complicada, porque eu estava em um momento muito legal da minha carreira no Brasil, tinha feito o musical do Ayrton Senna [1960-1994], Mudança de Hábito, We Will Rock You, Meu Amigo Charlie Brown, Les Misérables, estava fazendo O Fantasma da Ópera...", lista Tholedo.

"Fui emendando um espetáculo no outro, e aí fica mais difícil de parar, de largar tudo. Mas eu queria fazer os cursos aqui, fui me preparando para isso, até que chegou o momento em que falei: 'Pode ser uma oportunidade de fazer a coisa acontecer por lá, né?'", lembra o artista.

Na cidade nova, Douglas Tholedo decidiu estudar muito: fez aulas de treino vocal, pois também atua como professor de canto, e outros cursos que poderiam ajudá-lo a conquistar uma vaga na Broadway. Também aperfeiçoou o inglês, pois logo percebeu que o que tinha aprendido na escola não seria o suficiente para se comunicar fluentemente com os novos colegas.

Em 2020, veio a pandemia --e, com ela, o fechamento de todos os teatros. "Foi muito difícil para mim, fiquei sem saber o que fazer, porque ninguém tinha ideia do que ia acontecer. Deram uma previsão de que tudo voltaria em três meses, depois seis meses, um ano, mais de um ano...", lembra ele.

"Mas a gente pode encarar tudo de duas formas, né? Eu poderia ver de um jeito negativo, pensar 'E agora?' e ficar sem fazer nada, ou tentar encontrar algo positivo, tirar uma coisa boa de uma situação tão ruim", aponta ele, que optou pela segunda opção e se dedicou ainda mais aos estudos --apenas trocando o presencial pelo virtual.

"Eu passei a pandemia estudando muito, não só o inglês, mas me aprimorando no canto e tentando fazer o possível para não parar, para não desestimular. Fui fazendo o que dava no meu cantinho aqui, já que não podia socializar, não tinha testes para nenhum projeto, porque estava tudo parado. Foquei nos estudos para me aprimorar como dava."

divulgação/arquivo pessoal

Douglas posa diante da Metropolitan Opera House, sua "casa" em 2025

Depois disso, Douglas participou de alguns projetos menores, off-Broadway, e de leituras de espetáculos que podem migrar para casas maiores caso consigam financiamento. Mas sua primeira grande oportunidade em Nova York veio mesmo fora do teatro musical. Ele foi escalado para a ópera Aida, um dos pontos altos da temporada 2024-2025 da Metropolitan Opera House, mais conhecida como The Met.

"É curioso porque, quando era mais novo, eu estudei muito canto lírico. Aliás, fiz faculdade de Música em São João del-Rei com foco em Canto Lírico, porque na época não existia curso superior de Teatro Musical. Mas fazer carreira lírica no Brasil era --e ainda é, acredito-- muito difícil, porque falta mercado, incentivo, a cultura no Brasil ainda carece de muito subsídio", aponta.

"Em outros países, a gente vê que a cultura é tratada como parte fundamental da educação, então você tem contato com música, arte, dança, teatro. No Brasil, parece que a gente vê só como entretenimento mesmo", lamenta Tholedo. "Eu logo percebi que, se quisesse fazer carreira lírica, teria que sair do Brasil. E aquilo não era uma possibilidade na época. Então, vi que estava acontecendo um boom do teatro musical em São Paulo e fui atrás."

Como a vida é cheia de surpresas, quase 20 anos depois, o ator revive a escolha que tomou no passado, mas com o resultado oposto. Em busca de uma oportunidade no teatro musical nova-iorquino, acabou tendo uma grande chance como cantor lírico na ópera. "Foi a primeira audição que fiz para o Met, fiquei superansioso, porque é um lugar com quase 4 mil lugares, o maior teatro de ópera do mundo, onde já se apresentaram todos os grandes nomes."

A estreia de gala de Aida está marcada para a noite de 31 de dezembro. Ou seja, Tholedo vai iniciar um ciclo profissional ao mesmo tempo em que começa um ano novo. "Eu fico muito emocionado com esse simbolismo. Acredito muito em abrir portas, em ciclos, poder virar o ano em um lugar onde nunca imaginei estar. Estou empolgado!", valoriza.

A montagem do espetáculo está sob o comando de Michael Mayer --que fez carreira na Broadway e ganhou o prêmio Tony de melhor direção em 2007 pelo musical O Despertar da Primavera, que revelou nomes como Lea Michele (de Glee) e Jonathan Groff (de Mindhunter).

"Vai ser a primeira vez que montam Aida completa desde a pandemia, todas as outras foram montagens reduzidas, com elenco mais enxuto. E o Michael Mayer está fazendo tudo do zero, figurino, cenário, encenação. Então, mesmo quem já viu Aida pode ver de novo que vai ser outra experiência", convida.

Embora o foco do brasileiro esteja 100% voltado para a ópera no momento, ele não pretende abandonar os sonhos de estrear na Broadway. Inclusive, aponta à reportagem alguns dos musicais em que gostaria de atuar.

"Eu adoraria fazer A Pequena Loja dos Horrores, que está em um teatro menor aqui, mas é incrível, já vi três vezes e é tão divertido. Também queria fazer Hamilton, meu sonho seria viver o Aaron Burr, que é considerado o antagonista. E o próprio Les Misérables, que eu já fiz no Brasil e não está mais em cartaz aqui, mas seria uma oportunidade legal de atuar em inglês."

Os ingressos para a temporada de Aida já estão à venda no site oficial da Metropolitan Opera House e custam a partir de US$ 35 (R$ 191). As apresentações acontecem de 31 de dezembro a 9 de maio.

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