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EM 2023

Após Pantanal, Silvero Pereira será fada em filme sobre crueldade infantil

DIVULGAÇÃO

O ator Silvero Pereira como uma fada madrinha no filme Nós Somos o Amanhã. ele está com as mãos entrelaçadas no meio de duas dançarinas drag queens

No filme, ator de Pantanal viverá uma fada madrinha drag queen e cantará um dos números musicais

ARTHUR PAZIN

arthurpazin@noticiasdatv.com

Publicado em 3/7/2022 - 6h30

No ar como Zaquieu em Pantanal, Silvero Pereira já tem um próximo trabalho engatilhado no cinema. O ator será uma fada madrinha drag queen em Nós Somos o Amanhã, filme que discutirá a crueldade infantil no ambiente escolar. No longa, a fada madrinha drag vivida pelo artista surgirá numa participação especial, em que ele canta um dos números musicais. As cenas já estão gravadas, e o trabalho deverá ser lançado no próximo ano.

Escrito e dirigido por Lufe Steffen, o longa é um musical que se passa na década de 1980 e discute o bullying escolar em suas diferentes formas de discriminação: LGBTfobia, gordofobia, racismo, misoginia e machismo.

Em entrevista ao Notícias da TV, Silvero fala sobre a personagem, que será retratada como uma figura representativa para a criança gay. "Espero que seja uma obra de arte e reflexão capaz de gerar debate e, quem sabe, provocar mudanças", torce o ator, que diz ter aceitado fazer o papel pela sensibilidade na forma e no conteúdo do roteiro.

"Conheço e admiro o trabalho do Lufe já há algum tempo e sei de seu comprometimento na junção de arte e questionamento social", acrescenta Pereira, que descarta polêmicas com a obra. "O filme não é sobre e nem busca essa questão [polêmica]. A forma do filme é lúdica e segue um lugar de identificação, catarse, empatia", define o ator.

Além do elenco fixo de adultos que interpretarão crianças, Nós Somos o Amanhã contará com outras participações especiais, como a de Claudia Ohana e do cantor Rico Dalasam.

Steffen, diretor do filme, foi o responsável por criar o documentário São Paulo em Hi-Fi, que faz um resgate da noite LGBTQIA+ da capital paulista nos anos 1960, 1970 e 1980.

REPRODUÇÃO/TV GLOBO

Silvero Pereira como Zaquieu em Pantanal

Silvero Pereira como Zaquieu em Pantanal

Superação de trauma

Na última semana, Silvero Pereira publicou um artigo em sua coluna no jornal Diário do Nordeste intitulado "Quem protege a criança viada da homofobia?". O texto, que vem acompanhado de uma foto do ator na infância, revela um trauma vivido pelo ator: ser uma criança afeminada no ambiente escolar.

Questionado pelo Notícias da TV sobre o assunto, o ator confessa que não é fácil falar sobre o tema. "Hoje, com 40 anos, me sinto preparado psicologicamente para abrir a pauta pois levei anos tentando superar esse trauma. O assunto existe e é recorrente, não podemos calar essas informações pois elas se repetem e devem ter atenção devida da família e da escola. É uma questão de proteção, não de sexualização", defende.

Para ele, assuntos que envolvam a proteção das crianças homossexuais devem ser pauta em todos os lugares. "Se ficarmos cegos a essas questões, seremos coniventes com elas", pontua Pereira.

No artigo, o ator deixou claro que não estava se referindo a desejos sexuais, que obviamente não existiam na infância, mas à vontade de brincar com o que quisesse e sentir-se à vontade. "Falo de estar em contato com outras crianças e ser plenamente feliz nessa fase da vida que precisa tanto ser preservada, nessa fase da vida em que se constrói o adulto do futuro", escreveu.

Em seu perfil no Instagram, Silvero Pereira postou a capa do artigo e disse que por ser uma criança afeminada, já nos primeiros dias de escola, sentiu olhares de julgamento e correções de comportamento sobre como sentar, como se vestir e com quem brincar. Para ele, no entanto, a pior parte era o banheiro. "Eu, simplesmente, não o frequentava. Prendia o xixi o dia inteiro e só fazia quando chegava em casa, nunca no banheiro do colégio", revelou o ator.

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