Na Globo
Reprodução/Instagram
Milton Cunha com o look usado para a transmissão da apuração das escolas de samba do Rio de Janeiro
FERNANDA LOPES
Publicado em 28/2/2020 - 5h21
Há 30 anos Milton Cunha dedica sua vida ao Carnaval, seja como carnavalesco, consultor ou comentarista das transmissões da Globo dos desfiles na Sapucaí. Mas pouca gente sabe que ele se mudou para o Rio de Janeiro com o sonho de ser ator. Após fazer sucesso na TV e nas redes sociais com a folia, ele diz que está disponível para o entretenimento.
Nos últimos dias, muita gente se divertiu com a maneira como Cunha comentou os desfiles e a apuração das escolas de samba, com sua voz rouca e seu vocabulário rebuscado. Os fãs sugeriram que ele trabalhasse também em outros eventos televisionados, como transmissões de futebol e do Oscar. Ele afirma que está a fim de encarar esses e mais desafios.
"Tenho muita vontade de fazer, nasci pra isso. Eu amo, quero fazer tudo, comentar os vestidos espalhafatosos, os gols. Tem alguém querendo que eu narre gols de forma escalafobética. Eu quero. Mas quero ser eu. Já fiz Zorra, foi ótimo. Também já fiz novela, uma participaçãozinha. Agora o que eu quero mesmo é ficção, quero fazer um mordomo de uma mulher socialite. Quero fazer uma coisa louca", explica.
Milton Cunha conta que, na juventude, seu maior sonho era ser ator. "Tenho 57 anos, saí de Belém do Pará em 1982, em um pau de arara, vim lutar [para ser ator no Rio de Janeiro]. Me formei em Psicologia, mas era ator de teatro amador em Belém. Vim para cá no meu sonho de atuar. Mas, chegando aqui, o teatro não dava, era uma miséria de dinheiro, aí caí pra uma coisa em que eu ganhasse", lembra.
O comentarista foi ser produtor de moda, também organizou concursos e shows e, no início dos anos 1990, começou a carreira como carnavalesco. Entre 1994 e 2010, trabalhou em escolas do Grupo Especial do Rio de Janeiro, como Beija-Flor, União da Ilha, São Clemente, Unidos da Tijuca e Viradouro.
Mas o que Milton queria mesmo era ir para a mídia. Ele estudou diversas áreas do conhecimento, se especializou e se preparou cada vez mais para ir para a Comunicação. Foi comentarista da Band entre 2003 e 2012, no Band Folia (2003-2011) e no Festival de Parintins (2008-2012).
Em 2013, começou a aparecer no Carnaval da Globo, onde foi projetado para o reconhecimento nacional. O jeito de falar e se expressar de Cunha conquistou o público, principalmente aqueles que gostam de acompanhar as transmissões e comentar nas redes sociais. O nome dele ficou entre os assuntos mais comentados (Trending Topics) do Twitter de segunda (24) a quarta (26).
"Eu me sinto recompensado. Esse reconhecimento eu amo. Eu sou de verdade, sou verdadeiro, e quem gosta [de mim], gosta da minha verdade. É um produto verdadeiro que está sendo aprovado [pelo público]. Eu gosto, não tive que fazer nenhuma concessão para eles gostarem de mim", afirma.
reprodução/tv globo
Milton Cunha falou no Encontro do último dia 20 que trabalha com Carnaval o ano todo
Para o público da Globo, Milton Cunha é uma figura que aparece somente na época de Carnaval. Mas e nos outros meses, o que ele faz?
A projeção nacional da emissora e o histórico como carnavalesco ajudam o comentarista a conseguir outros trabalhos ao longo do ano. Ele dá palestras e consultorias sobre organização de Carnaval, por exemplo.
"Viajo o Brasil inteiro pra fazer palestras de Carnaval e sou contratado pra fazer Carnaval no mundo. Vou lá pra contar o modelo de organização do Rio, ver como é o modelo deles e tentar dar opinião. No ano que passou, eu fui para umas 20 capitais. No interior [do Brasil], fui em mais 20 [cidades]. Faço Londres, Toronto, agora vou fazer Boston. Eu ando muito", conta.
A imagem dele, sempre com roupas escalafobéticas e coloridas, também chama a atenção, principalmente do mercado publicitário. "Eu tenho muitas propostas. Tenho negócio com as camisas que eu uso, com ótica, sou muito Elton John [pelos óculos coloridos]. Aparecer na Globo, ser esse personagem, me rende negócios", diz.
Paralelamente, Milton Cunha continua estudando --ele está em seu segundo pós-doutorado, com uma pesquisa sobre o Festival Folclórico de Parintins. E também não larga o Carnaval durante todo o ano.
"Estou na folia há 30 anos, então eu conheço toda a velha-guarda, que naquele tempo nem era velha. Eu vivo o samba, sou do suor, sou da pá virada, não sou do camarote. Frequento quadra, barracão sempre, em julho já vou para ver os desenhos. Eu não me preparo pro Carnaval, eu sou do Carnaval", afirma.
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