Desempregado após sair da Record, ator investe na música: 'No Brasil a gente se vira'

Apesar do alto índice de desemprego no Brasil, Angelo Paes Leme decidiu deixar a comodidade de um contrato de longo prazo para se sentir livre e se jogar na aventura da vida, como ele mesmo diz. O ator de 44 anos não teve seu vínculo com a Record renovado e tem aproveitado o tempo livre para se dedicar a novos trabalhos. Ele lançou seu primeiro CD solo e agora quer fazer shows e pensar em novos projetos.

"A saída da Record estava nos meus planos, eu estava querendo correr livre, não ter exclusividade. Estou tocando um monte de projetos, na música e na minha carreira de ator. No Brasil a gente se vira, é difícil essa coisa de ser cantor e ator, mas a gente faz por amor. Acho que o artista tem isso, essa coisa de enfrentar, de querer sempre se sentir livre para escolher [o que quer fazer]", afirma.

Paes Leme teve contrato com a Record nos últimos 12 anos, período em que atuou em nove produções, entre novelas e minisséries (a última foi O Rico e Lázaro, em 2017). Ele afirma que foi feliz em todos os projetos da emissora, mas queria viver novas histórias.

INDEPENDENTE

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"Não é fácil [sair], a comodidade de não ter preocupação financeira é muito boa. O contrato vai te dar isso, mas acho que você tem que estar completo nele. No meu caso, eu queria correr o risco, estou aí como todo mundo. Posso ser considerado um desempregado? Posso. Como também posso ser considerado um cara autônomo, livre, que tá trabalhando para conseguir outras coisas, novas aventuras. Acho que vale o preço", comenta.

Paes Leme conta que sempre teve gosto pela música, toca violão e piano e tem muitos amigos que trabalham na área. Foram eles que o incentivaram a lançar seu próprio CD, no ano passado.

O álbum, chamado NU, tem dez músicas e a metade é de composição de Paes Leme. Ele produziu também um clipe, da música Nós Dois, em que teve participações especiais de casais amigos seus, como Lázaro Ramos e Taís Araújo e Wagner Moura e Sandra Delgado. Tudo feito de forma independente (ou seja, com custos que saíram do bolso dele).

"Foi um momento muito legal, nada muito planejado. Veio pelos encontros, vontade de me dedicar mais à música. Na produção independente você faz tudo do jeito que quer, segue o que seu coração e as ideias mandam, junto com quem você chama para fazer. Ao mesmo tempo é custoso, porque não tenho uma indústria [fonográfica] por trás. O processo de fazer um disco não é barato", explica.

O álbum está disponível nas plataformas de streaming de música, e Paes Leme tem feito shows no Rio de Janeiro. Ele quer se organizar para se apresentar também em São Paulo, mas não tem pressa. Após 25 anos de carreira na televisão (os 12 primeiros na Globo) e 24 trabalhos, quer trabalhar sem ansiedade e manter uma carreira híbrida entre atuação e música.

"Estou fazendo um trabalho devagar, de formiguinha, não fico na ansiedade de entregar logo. O disco me deixou muito feliz. Essa necessidade de gerar conteúdo o tempo todo não combina muito com meu estilo de vida. Estou tranquilo, batalhando pra fazer uma turnê em São Paulo, produzir um espetáculo para o ano que vem. Uma transição não é fácil, fiquei muitos anos só como ator. Mas quero trabalhar, quero novos desafios", conclui.