Quase 30 anos depois, SBT apela para emoção ao reunir elenco de Chiquititas

Fenômeno em sua exibição original, entre 1997 e 2001, a novela Chiquititas marcou tanto a televisão brasileira que, mesmo após ganhar um remake em 2013, nunca saiu do coração dos espectadores. De olho nesse público, o SBT reuniu boa parte do elenco original no especial Geração Chiquititas, que estreia neste domingo (15). A ideia é abusar da nostalgia para emocionar tanto quem assiste quanto os próprios atores.

"Definitivamente, Chiquititas não é só mais uma novela entre tantas. Formou uma geração com valores incríveis, inspirou muita gente, fez com que as pessoas sonhassem, acreditassem, se identificassem. Isso é muito forte", contou Aretha Oliveira, a Pata, ao Notícias da TV. "Quase 30 anos depois, eu encontro pessoas que me reconhecem e, mais do que isso, se emocionam quando me veem. Porque aquele encontro desperta a criança interior."

"Eu digo que Chiquititas tem uma coisa muito especial porque, quem teve uma infância feliz se lembra da novela como um momento de alegria, de dançar com as amigas, de ser pura festa, pura magia. E quem não teve uma infância tão legal --porque a gente sabe que nem todo mundo tem essa sorte-- tinha ali um momento de esperança, em que os problemas e as angústias ficavam adormecidos, e a criança podia sonhar e acreditar. Chiquititas é sempre lembrada como uma das partes mais bonitas da infância, e isso é muito especial", apontou a atriz de 39 anos.

O especial Geração Chiquititas explora bem essas lembranças da infância. Um grupo de crianças reproduziu as coreografias que fizeram sucesso na virada do milênio e levou os atores às lágrimas durante as gravações. Até Tiago Abravanel, chamado para apresentar o programa, se emocionou no estúdio.

"Na época da novela, eu queria muito [ser um chiquitito]. Mas tinha aquela coisa de eu ser da família do dono da emissora, aí eu achava que não ia ter esse espaço. E aí, o que acontece hoje? Todas elas [as filhas de Silvio Santos] trabalhando aqui no SBT, e eu virei o apresentador daquilo que eu queria ter feito antes. Olha como é que a roda gira", brincou o artista.

Abravanel admitiu que não foi fácil controlar o lado fã e fingir costume ao estar no meio de tantos rostos que admirou no passado. "Eu não quero deixar o fã de lado, acho que esse é o diferencial. Em vez de tentar segurar a emoção, tenho que viver esse momento. Acho que todo mundo gostaria de estar aqui, no meu lugar. Eu conheço aquelas pessoas que estão ali, vi as histórias, agora vamos relembrar tudo isso, falar das fofocas, dos bastidores", adiantou.

Quem participa de Geração Chiquititas?

Das oito chiquititas originais, marcaram presença na gravação Fernanda Souza (Mili), Aretha Oliveira (Pata), Ana Olivia Seripieri (Tati), Gisele Frade (Bia), Beatriz Botelho (Ana) e Giselle Medeiros (Dani). Entre os meninos, Pierre Bittencourt (Mosca), Felipe Chammas (Rafa) e Luan Ferreira (Binho).

Flavia Monteiro (Carol), Nelson Freitas (Fernando), Magali Biff (Ernestina) e Jiddu Pinheiro (Beto) representaram o elenco adulto da época. Elisa Veeck (Fran), Vivian Nagura (Bel), Chico Abreu, o Xá (Tatu) e Thiago Pinheiro (Guile) também deram as caras em nome do elenco das temporadas posteriores. E Carla Diaz (Maria) e Débora Olivieri (Carmen) gravaram mensagens.

Todos eles foram tão preparados para o choro que incorporaram um lenço colorido ao seu figurino. "Mas as lágrimas já começaram nos bastidores mesmo, estava difícil não se emocionar. Toda vez que alguém entrava no camarim, já era aquela festa e aquele choro", confidenciou Beatriz Botelho.

"Nós somos criadores de sonhos, de emoções, de risos, de choros. O trabalho do ator é esse, você passa meses criando um produto, de repente acaba, e cada um vai para o seu lado. Com Chiquititas, não, foi realmente um fenômeno que encantou aquela geração", opinou Nelson Freitas à reportagem. "Até hoje, estou no supermercado e alguma moça ou rapaz se aproxima e diz: 'Eu queria que você fosse o meu pai', 'Eu queria morar naquele orfanato'. São memórias de uma infância que ficam guardadas para sempre."

"Não é à toa que nós estamos todos aqui para celebrar, tantos anos depois. Eu arrisco dizer que foi o maior ibope do SBT, desde que ele foi criado. A gente dava 25 pontos de audiência, era uma coisa inédita. O Jornal Nacional atrasou 15 minutos porque a gente estava comendo a audiência dele, para você ter uma ideia do tamanho da loucura. Foi realmente uma febre", valorizou o ator, que depois migrou para a Globo, onde atuou no Zorra Total (1999-2015).

"Acho que, se contassem para aquelas oito meninas que chegaram em Buenos Aires depois de passar em um teste aqui no SBT que, quase 30 anos depois, a gente estaria revivendo isso com tanto carinho, com tanto amor, com o público envolvido, elas certamente não acreditariam", apontou Ana Olivia Seripieri. "Mas é muito especial, mexe numa memória afetiva nossa. Acho que todo mundo tem uma lembrança da infância em que Chiquititas se encaixa, e isso é muito especial. A gente ainda vai reviver isso durante muitos anos!"

Até para uma veterana com Flavia Monteiro, que já tinha trabalhado nas versões originais de clássicos como Vale Tudo (1988) e Pantanal (1990), além de Éramos Seis (1994), a trama ocupa o lugar mais alto de uma prateleira de trabalhos consagrados. "Eu só tenho a agradecer pela oportunidade de ter feito essa personagem e essa novela tão amada. Acho que, como atriz, já cumpri minha função. Se eu morrer amanhã, vou poder falar: 'Consegui deixar o legado da tia Carol para o mundo'. Então, para mim, já valeu", finalizou.

O especial Geração Chiquititas estreia na plataforma +SBT neste domingo (15), às 20h, no canal +Novelas, e será exibido no SBT por volta da meia-noite, logo após o Programa Silvio Santos. Depois, entrará para o catálogo sob demanda do streaming gratuito na quinta-feira (19).