ENTREVISTA
REPRODUÇÃO/YOUTUBE
Phelipe Siani apresenta o No Lucro CNN; jornalista comanda videocast no YouTube e blog no site
Desde que trocou a Globo pela CNN Brasil, há quase cinco anos, Phelipe Siani já passou por vários formatos no canal de notícias, como Live CNN Brasil, Em Alta CNN e o Popverso. Agora, o jornalista comanda o videocast No Lucro, que começou no YouTube e ganhou espaço na programação da TV, e mantém um blog no site da rede. Mas ele não enxerga isso como um rebaixamento, como alguns haters costumam apontar.
"Vão achar sempre [que você fracassou]. Tem coisas que as pessoas não entendem. No começo, era algo que incomodava um pouco, mas hoje eu aprendi a lidar de um jeito até cômico. Acho muito doido, até às vezes uso isso ao meu favor. Essas pessoas quase sempre acabam me ajudando", afirma Siani em entrevista exclusiva ao Notícias da TV.
"Não estar mais todos os dias na TV foi uma escolha de carreira que eu fiz e que me proporcionou um presente que nunca imaginei que ia estar vivendo. Foi furar uma bolha e me enxergar de um jeito muito mais plural", completa o âncora, que também se dedica ao lado empreendedor e passou a dar palestras sobre comunicação para empresas.
Siani ressalta que a saída do apresentador de um projeto é cercada por várias decisões nos bastidores, que vão muito além de dar certo ou não, e explica por que trocou os programas ao vivo pelo videocast.
"O trabalho diário da televisão, além de muito cansativo e estressante… Ele é muito gratificante, mas é algo que eu fiz durante 18 anos da minha vida. Não vou dizer 'não voltaria nunca para um programa diário'. Talvez até voltaria dependendo da proposta, do produto, do quanto isso ia me dar de tesão mesmo", justifica.
Nesse momento, eu não quero mais estar todos os dias disponível para uma emissora de TV, porque aprendi a escalar a minha própria imagem. Aprendi a abrir várias frentes de receita, a me envolver em negócios diferentes. Isso me traz uma vontade de fazer cada vez mais coisas novas. Eu não posso substituir todas essas oportunidades que estou tendo por um trabalho em que vou ter que estar oito horas por dia. A minha relação com as emissoras mudou bastante.
O jornalista também valoriza a chance de falar sobre educação financeira com o No Lucro CNN, exibido às terças, às 23h30, e reprisado no domingo, às 16h.
"A gente consegue levar pessoas que são conhecidas e falar sobre assuntos que normalmente não falam, que é grana, e incentivar as pessoas a falar sobre dinheiro sem mimimi, porque a gente precisa falar sobre isso para aprender", defende.
Atualmente, Siani concilia os compromissos na CNN Brasil com a holding PH, criada por ele para administrar as empresas das quais é sócio e a empreitada como palestrante.
"Antes eu era basicamente jornalista, repórter e apresentador de TV. Hoje sou âncora do maior canal de notícias do mundo, sou líder de uma holding que tem várias empresas --e em todas eu tenho participação. Eu sou palestrante profissional, porque isso passou a ser um produto realmente importante e significativo dentro das minhas linhas de receita. Eu sou mentor, faço treinamento para altos executivos de empresas de comunicação", explica.
"Hoje me vejo de um jeito tão mais plural, que falo: 'Que legal, quanto eu aprendi nessa jornada'. E quanto eu ainda tenho para aprender. Eu não queria mais fazer 'só' uma coisa. Essa coisa já me preenchia muito, mas queria mais. Eu queria fazer coisas diferentes, queria muito furar a bolha do jornalismo profissionalmente. E eu consegui, tô muito feliz", vibra.
Eu não deixei de fazer jornalismo. Eu também faço jornalismo hoje e muitas outras coisas. Basicamente, eu trabalho com comunicação e com negócios.
Apesar disso, o âncora ainda lida com as críticas por supostamente ter sido desprestigiado desde que saiu da Globo. "As pessoas gostam de te colocar numa prateleira que elas nem entendem como funciona e passam a te julgar só por aquilo", analisa.
"Esses dias mesmo saiu que eu ganhava muito sem fazer nada, só porque eu não estava ali [na CNN] todos os dias. A galera acha que não está rendendo, mas não faz ideia do que está acontecendo nos bastidores, do que você está fazendo. As pessoas não sabem nem quanto eu ganho e ficam chutando", reclama.
Já consolidado no empreendedorismo há dez anos, o comunicador rebate ainda as declarações de que o jornalismo estaria em crise. "A galera acha que o mercado são só quatro emissoras de TV. Quando, na verdade, o mercado para mim hoje são 20 milhões de empresas que precisam de comunicação", dispara.
"Quando a gente consegue romper essa barreira de entender o que é mercado, para de pensar de um jeito como se a comunicação tivesse acabando, como se o jornalismo não te oferecesse mais uma carreira legal. Na comunicação corporativa, você também consegue fazer coisas muito legais, consegue contar a história de um jeito bacana, para várias outras maneiras de comunicar que não são aquela comunicação tradicional", reflete.
"Esse game que eu tô jogando hoje é muito legal. Abrir várias frentes de receita, várias possibilidades de trabalhar coisas diferentes, isso abriu minha cabeça e me deu uma satisfação, um prazer, uma vontade de trabalhar que não tem preço. Não faz sentido eu me olhar como uma coisa só mais", define.
Na época ainda um casal, Phelipe Siani e Mari Palma foram alguns dos primeiros nomes anunciados pela CNN Brasil antes mesmo da estreia do canal. O pedido de demissão dos dois da Globo impressionou os fãs.
"Eu saí da Globo com 36 anos de idade, é óbvio que ia tomar risco. Eu tomo até hoje, com quase 40, o tempo todo nas empresas. Tomar risco muitas vezes é necessário. A diferença é que a gente arrisca, mas se preparando, analisando as possibilidades, tendo reserva de emergência se der algum problema", ressalta.
Foi um risco muito consciente, porque eu sabia que estava na hora de dar uma virada de chave na minha carreira. E que deu muito certo. Aí vai ter muita gente que vai falar: 'Ele dava 20 e tantos pontos de audiência no Jornal Nacional e agora tá com muito menos audiência'. Esse não é o único critério de sucesso. Hoje me considero um profissional de muito sucesso para o meu conceito de sucesso.
"Estou muito feliz com as escolhas que tomei. Sou muito grato à Globo. A gente não estaria tendo essa conversa se não fosse a Globo na minha vida. Foi uma saída consciente, uma tomada de decisão de carreira. Não tem nada a ver com as fantasias que as pessoas vão falar que saiu por isso, por aquilo, não deu certo ou deu certo e subiu para a cabeça", completa.
"Foi uma opção que me colocou num lugar de muita satisfação profissional e até pessoal. Quando levanto e me olho no espelho, eu falo: 'Que profissional você virou, que cara versátil, que aprende todos os dias, que erra, mas aprende com o erro e comete erros novos, que tá evoluindo'. Eu tô muito feliz com esse lugar", arremata.
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