Saiba como a Globo conseguiu lucrar quase R$ 2 bilhões em 2024 após 'vacas magras'

A Globo Comunicações e Participações (GCP) anunciou nesta quarta (2) que registrou o crescimento de 138% em relação ao ano anterior, chegando a um lucro líquido de R$ 1,99 bilhão em 2024. 66% da receita vêm de vendas e diferentes conteúdos, na qual o Globoplay e a Eletromidia são destaques. Esse é o melhor resultado desde 2018 e vem depois de uma época de "vacas magras" --prejuízos operacionais especialmente durante a pandemia de Covid-19.

A Globo também teve alta em seu lucro operacional, que chegou a R$ 1,55 bilhão, representando o resultado positivo de receitas menos despesas com a atividade principal da gigante da mídia. Diz respeito apenas à operação e mostra a capacidade da empresa de gerar caixa com sua atividade principal.

Já os custos de vendas e despesas operacionais atingiram R$ 14,9 bilhões, um aumento de 7% em comparação com 2023 gerado principalmente pelo alto investimento nos Jogos Olímpicos de Paris.

Como a empresa expandiu seus negócios e alcançou quase o dobro da receita do ano anterior? A aquisição total do Telecine e também da Eletromidia, permitiu um aumento de R$ 70 milhões do lucro operacional da Globo.

Mesmo com as receitas estáveis, o Globoplay viu a sua base de assinantes do crescer 42% no ano passado em relação a 2023. O diretor de produtos digitais, finanças, jurídico e infraestrutura da Globo, Manuel Belmar, realçou a importância da plataforma.

O executivo ainda chamou a atenção para o filme original do Globoplay: Ainda Estou Aqui (2024). "O fato de o primeiro filme original Globoplay ter alcançado três indicações ao Oscar e uma estatueta coloca a Globo e o Globoplay cada vez mais aos olhos do mercado mundial", explicou Belmar, em entrevista ao Valor Econômico.

Como a Globo lucrou tanto?

O lucro também passa pela estratégia de aquisição da Globo. A gigante da mídia aumentou sua participação na Eletromidia de 27% para 75% e, com isso, passou a incorporar os resultados da companhia em seu balanço financeiro. Essa influência tende a crescer ainda mais neste ano, já que o grupo anunciou uma Oferta Pública de Aquisição (OPA) para adquirir os 25% restantes da empresa.

No lado do Telecine, a Globo concluiu a aquisição das participações restantes de três estúdios --Amazon, Paramount e NBC Universal-- por um valor simbólico, assumindo assim o controle integral do negócio. "Temos o Telecine como uma oferta complementar a todo o portfólio de conteúdo linear [TV aberta e canais pagos] e VOD [vídeo sob demanda] dentro do ecossistema Globo", disse Belmar.

A maior empresa de mídia do país também continua investindo em seu futuro. A inauguração do maior estúdio de produção virtual da América Latina, nos Estúdios Globo, é reflexo do novo plano de ação da emissora.

"O mais importante é que todos esses componentes, quando somados, indiquem evolução e crescimento e mostrem que estamos avançando na transição entre modelos de distribuição [do tradicional para o digital]", continuou o diretor de produtos digitais, finanças, jurídico e infraestrutura.

No mundo dos esportes, a emissora continua sua hegemonia após acordos com as ligas LFU e Libra. Nos próximos cinco anos, a Globo tem os direitos de transmissão de nove dos dez jogos da rodada com campeonato brasileiro de futebol, sendo oito exclusivos.

Agenda verde

A Globo também destacou em comunicado à imprensa que atingiu metas em cada um dos seis compromissos assumidos publicamente pela empresa em seu plano ESG (Sustentabilidade e governança, em inglês). Atualmente, o grupo é considerado "carbono neutro" --sendo a única empresa de mídia e comunicação a receber o o Selo Ouro de inventário de emissões de gases de efeito estufa (GEE) do Programa Brasileiro GHG Protocol (PBGHG), realizado pelo Centro de Estudos em Sustentabilidade da Fundação Getúlio Vargas (FGVces).