Carregando...

MÉDICO EXPLICA

Saiba o que pode causar perda gestacional, como a que ocorreu com Tati Machado

REPRODUÇÃO/INSTAGRAM

Tati Machado em foto publicada no Instagram; a apresentadora perdeu o bebê que estava esperando

Compartilhe
  │ 

GABRIELA RODRIGUES

gaby@noticiasdatv.com

Publicado em 14/5/2025 - 18h06

Tati Machado perdeu seu primeiro filho após oito meses de gestação. A apresentadora deu entrada na maternidade depois de notar a ausência de movimentos do feto. De acordo com Alexandre Pupo, ginecologista e obstetra, existem fatores ligados à mãe e ao bebê que podem levar à interrupção da gravidez. 

Em entrevista ao Notícias da TV, o especialista explica com mais detalhes o que pode resultar na morte da criança antes do nascimento. 

"Nós consideramos morte fetal tardia aquela perda fetal que ocorre acima de 28 semanas e acima de mil gramas de peso do feto. Nessa fase nós sabemos que existe o que se chama de 'viabilidade'. Ou seja, se o feto nascer nessa situação com mais de 28 semanas e acima de mil gramas, ele tem uma boa probabilidade de sobreviver. Então, é a partir desse momento que nós consideramos o óbito fetal tardio", diz Pupo. 

A apresentadora da Globo estava grávida de 33 semanas no momento em que perdeu o filho. A causa da morte ainda está sendo investigada pelos médicos que cuidaram do parto. "Existem problemas relacionados à mãe que nós chamamos de questões maternas, e em relação ao feto, que são os fatores fetais. Temos ainda problemas relacionados à placenta", explica o obstetra. 

Acima de 28 semanas, nós temos riscos mais graves, como o descolamento prematuro de placenta, no qual, por razões às vezes desconhecidas, mas muitas vezes relacionadas à pré-eclâmpsia (hipertensão na gestação), a placenta se descola da parede do útero antes da hora. A taxa de mortalidade nesse cenário fetal é muito alta, e existe inclusive risco de morte materna.

"O risco relacionado à pré-eclâmpsia, que é a hipertensão no último trimestre da gestação, normalmente está relacionada à insuficiência placentária, quando a placenta perde a capacidade de fazer a troca de oxigênio e nutrientes entre o bebê e a mãe", acrescenta. 

De acordo com o médico, existe ainda a possibilidade de uma vasa prévia, que é uma má-formação na inserção do cordão na placenta. Em vez de o cordão se inserir diretamente na placenta, ele se abre antes, o que pode gerar dobras e torções que comprometem a circulação sanguínea no feto e na placenta. 

Além disso, a diabetes, quando descompensada, também cria um ambiente rico em açúcar no sangue materno, o que leva o feto a produzir uma grande quantidade de insulina para compensar. "Quando, por qualquer razão, as taxas de açúcar no sangue materno caem, a criança pode ter uma hipoglicemia grave, o que pode levar a óbito", diz Alexandre Pupo. 

Podemos ter ainda distúrbios na coagulação, como a síndrome antifosfolípide, e doenças que aumentam a viscosidade do sangue, as chamadas trombofilias, que podem gerar a formação de trombos na placenta, causando insuficiência placentária ou, eventualmente, alterações na circulação sanguínea fetal. O uso de substâncias, como drogas ilícitas, excesso de medicamentos ou o cigarro são fatores que comprometem a placenta e provocam restrição de crescimento do feto dentro do útero.

"Do lado fetal, anomalias e malformações congênitas ou cromossômicas, quando incompatíveis com a vida, podem levar à morte em estágios mais tardios da gestação. Não devemos esquecer, embora seja raro, a incompatibilidade de sangue, quando a mãe é RH negativo, e o feto é RH positivo. Se a mãe estiver sensibilizada, ela produz anticorpos que atravessam a placenta e destroem o sangue fetal, levando à anemia. Isso causa edema generalizado no feto, o que pode resultar em morte fetal", completa.

Segundo o ginecologista, mulheres com idade acima de 35 anos são consideradas pacientes de maior risco de parto prematuro, perda gestacional e complicações relacionadas à gestação, como diabetes e pré-eclâmpsia.

"Pacientes muito jovens, que engravidam antes dos 19 anos, também enfrentam alguns riscos. Pacientes que já tiveram histórico de perdas anteriores devem ser vistas com maior cuidado. Pacientes que já apresentam doenças pré-existentes, como pressão alta, diabetes, alterações de coagulação ou que já tiveram trombose no passado também devem ser acompanhadas com atenção."

"O acesso à saúde é sempre um fator determinante. A falta de acesso limita a capacidade da medicina e do médico de identificar fatores de risco, e a gestante, sem assistência adequada, terá mais dificuldade para que alguma alteração seja detectada e tratada a tempo, com o objetivo de evitar a perda fetal", alerta Pupo. 

Cuidados após perda gestacional

De acordo com o especialista, quando ocorre um óbito fetal, a atenção passa a se voltar totalmente para a mãe, que precisará passar pelo processo de expulsão do feto e da placenta. Trata-se de um momento extremamente doloroso, pois, embora ela esteja vivenciando o processo de parto, já sabe que o bebê não está mais vivo.

A via de parto, vaginal ou cesariana, será definida com base em diversos fatores: a condição clínica da paciente, os riscos envolvidos, e a relação de confiança entre médico e paciente.

Apesar dessas variáveis, sempre que possível, busca-se realizar o parto por via vaginal, pois esse método apresenta menos riscos para a mãe e favorece uma recuperação mais rápida, especialmente se houver desejo de uma nova gestação futuramente. O parto vaginal é o caminho fisiológico natural, enquanto a cesariana, por se tratar de um procedimento cirúrgico, deixa cicatriz no útero e exige um tempo maior de recuperação.

Além de investigar as causas do óbito, é fundamental que o casal busque ajuda psicológica. "A perda é vivida não apenas pela mãe, mas também pelo pai, e ambos precisam de acolhimento e acompanhamento emocional nesse momento tão delicado", destaca o ginecologista.

Apoio durante o luto 

A psiquiatra Vanessa Greghi fala sobre o processo de aceitação da mãe após perder um filho antes do nascimento. A especialista destaca que o luto é inevitável e deve ser vivido com a ajuda de profissionais. 

"Vai ser difícil, muito doloroso, não tem como deixar mais fácil, mas tem como buscar ajuda. Não deixando que ele se transforme em algum transtorno psiquiátrico, gerando um sofrimento por um tempo prolongado", alerta. 

Uma pessoa com saúde mental em dia vai precisar só do tratamento psicoterápico, mas se já é um quadro mais abalado, com um histórico de tratamento ou tem um quadro genético existe maior chance de precisar de um tratamento psiquiátrico. 

Segundo a especialista, mulheres que lidam com a morte de um filho podem desenvolver um estado de ansiedade, no qual tendem a lidar com um sentimento de alerta o tempo inteiro. "Pode ficar com essa sensação de que algo ruim vai acontecer a qualquer momento. Precisa tratar", acrescenta.

{ "https://whatsapp.com/channel/0029VaB2x7UKwqSURT7D8z28":"uploads/banners/otm_banner_whatsapp_10-10_vf2.gif" }

TUDO SOBRE

Maternidade

Tati Machado

COMPARTILHE
  │ 
Comente esta notícia

Mais lidas

Leia também