PSIQUIATRA EXPLICA
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Juliette em foto publicada no Instagram; a maquiadora teve crise de ansiedade no megashow
Juliette Freire sofreu com um episódio de ansiedade durante o show de Lady Gaga realizado no último sábado (3), no Rio de Janeiro. A campeã do BBB 21 expôs a situação por meio de suas redes sociais e explicou que já sofre com a situação há muito tempo. O quadro, segundo o psiquiatra e terapeuta cognitivo-comportamental Eduardo Perin, nada mais é do que uma crise de pânico.
Ao Notícias da TV, o especialista explica com mais detalhes o diagnóstico e faz um alerta sobre quando é necessário buscar ajuda profissional. "A crise de pânico é uma manifestação súbita e intensa de ansiedade, marcada por uma sensação avassaladora de medo ou catástrofe iminente, sem haver perigo real, ou seja, sem um fator que desencadeou a crise", diz.
As crises de pânico podem ser ocasionadas por uma situação de ansiedade ou simplesmente acontecer sem um desencadeante claro. O cérebro aciona, de forma equivocada, o sistema de 'luta ou fuga' --o mesmo que usaríamos para reagir a uma ameaça física-- levando a uma descarga intensa de adrenalina. Isso gera sintomas físicos e emocionais que atingem o pico em minutos e, muitas vezes, fazem a pessoa acreditar que está infartando, enlouquecendo ou morrendo.
De acordo com o psiquiatra, em alguns casos, situações específicas podem causar gatilhos e levar a pessoa até um episódio de crise de pânico, como momentos de estresse, uso de estimulantes (como cafeína), ambientes fechados ou lotados, traumas anteriores, exposição pública, conflitos interpessoais ou mesmo a simples antecipação de um evento temido.
"Os sintomas físicos são muito intensos. Incluem: batimentos cardíacos acelerados ou sensação de 'coração na boca', falta de ar ou sensação de sufocamento, tontura, desequilíbrio ou sensação de desmaio, tremores, sudorese intensa, calafrios ou ondas de calor, dor ou aperto no peito, formigamento nas mãos, pés ou rosto, náuseas, desconforto abdominal, visão turva ou sensação de irrealidade, medo de perder o controle, enlouquecer ou morrer", detalha.
Uma crise isolada pode ocorrer com qualquer pessoa em momentos de sobrecarga emocional, mas, quando as crises se repetem, sejam elas desencadeadas por situações gatilho ou não, ou quando a pessoa passa a viver com medo constante de ter outra crise e começa a evitar lugares e situações por isso, estamos diante do transtorno psiquiátrico que precisa ser adequadamente avaliado.
"Não necessariamente o diagnóstico será de transtorno do pânico. O transtorno do pânico ocorre quando as crises se repetem, não há um desencadeante claro e causam sofrimento ou interferência na vida da pessoa. Outros diagnósticos, como transtorno de ansiedade social, transtorno obsessivo-compulsivo, depressão ou transtorno bipolar também podem resultar em crises de pânico sem que isso signifique que a pessoa tenha o transtorno do pânico", acrescenta Perin.
No caso de famosos, como Juliette, as crises de pânico podem aparecer com frequência, justamente por existir essa exposição às críticas e ao julgamento do público. "O ambiente de palco envolve pressão, expectativa, calor, barulho e, muitas vezes, exaustão física e emocional", observa o especialista.
"A sobrecarga sensorial e o medo do julgamento público são gatilhos potentes. Pessoas públicas, como a Juliette, enfrentam um nível elevado de exigência e vigilância, isso pode tornar o sistema emocional mais vulnerável. Ter uma crise em um contexto como esse não é sinal de fraqueza, mas de esgotamento do sistema nervoso", complementa.
Segundo Eduardo Perin, o tratamento mais eficaz contra as crises de pânico combina a terapia cognitivo-comportamental (TCC), que ensina a pessoa a entender e manejar os sintomas, além da medicação antidepressiva, que atua na regulação da ansiedade e na diminuição da ocorrência das crises.
Técnicas de respiração, exercícios de atenção plena (mindfulness), sono adequado, prática regular de atividade física e redução de estimulantes (como cafeína) também ajudam muito. "Mas cada caso deve ser avaliado individualmente", ressalta o especialista.
"Além do acompanhamento profissional, é importante desenvolver estratégias de autorregulação emocional, aprender a reconhecer os sinais iniciais de uma crise e praticar hábitos saudáveis. Também é essencial romper com o estigma: aceitar o diagnóstico e buscar apoio com empatia e sem autocrítica", aconselha o psiquiatra.
"A crise de pânico é assustadora, mas tem tratamento e cura. Nenhuma pessoa deveria passar a vida com medo de viver. Quando tratamos com seriedade, acompanhamento técnico adequado e acolhimento humano, a pessoa volta a ter autonomia, confiança e qualidade de vida. O primeiro passo é reconhecer que precisa de ajuda", finaliza ele.
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