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Jornalismo

Suposto jabá de Tralli gera vetos na Globo; jornalista diz que não vive de favores

Fotos: Reprodução/Instagram

César Tralli exibe terno de Ricardo Almeida no Instagram; nome do estilista foi apagado - Fotos: Reprodução/Instagram

César Tralli exibe terno de Ricardo Almeida no Instagram; nome do estilista foi apagado

DANIEL CASTRO

Publicado em 7/12/2017 - 6h17
Atualizado em 8/12/2017 - 9h00

A decisão da Globo de proibir seus jornalistas de marcar grifes e fazer check-in em redes sociais foi motivada pelo casamento do apresentador César Tralli com Ticiane Pinheiro. Tanto que foi divulgada pelo diretor-geral de jornalismo, Ali Kamel, em pleno domingo (3), um dia após o casamento.

Tralli, que antes da proibição publicou fotos em que divulgou o nome do estilista que fez seu terno e até dos decoradores da festa, nega ter trocado produtos e serviços por exposição de marcas, prática conhecida como jabaculê, ou jabá (leia nota na íntegra no final deste texto). "Eu paguei meu casamento", diz.

Na quinta-feira (7), após a publicação deste texto, o apresentador do SP1 voltou às redes sociais para refutar as suspeitas.

"Não dou passo maior do que a perna. Não vivo de favores, não me considero mais importante que ninguém. Quando abro portas, é pela minha credibilidade. Nunca por barganha. Por isso, repudio com veemência insinuações maldosas ou ilações feitas por colunistas de TV de que teria havido troca de favores no meu casamento. Não houve, em hipótese alguma", escreveu. 

Antes do casamento, o jornalista publicou uma foto no Instagram em que exibia a embalagem do terno que usou no cerimônia. Nela, marcou os nomes do estilista Ricardo Almeida e dos organizadores de festas Ed Mendes e Renato Aguiar. Hoje, só resta o nome de Ticiane Pinheiro.

Em uma outra imagem, das alianças, ele marcou o hotel Vila Inglesa, em Campos do Jordão (SP), onde se casou. Também apagou.

Antes da proibição, foto de Tralli em rede social marcava estilista e organizadores de festas

A revista de celebridades que cobriu o casamento de Tralli e Ticiane também deu créditos ao hotel, ao decorador e à fornecedora de doces e bolos do casamento. 

Nos bastidores da Globo, a proibição  está sendo chamada de Lei César Tralli.

A notícia da proibição de uso comercial das redes sociais foi publicada em primeira mão pelo jornalista Ricardo Feltrin, do UOL.

"De forma certamente não proposital, alguns jornalistas da Globo, em suas redes sociais, têm publicado fotos suas com a marca aparente de algum produto, roupa, restaurante, hotel e afins. Ou, então, permitindo que o espaço para 'localização' da foto remeta a alguma marca", afirmou Kamel no e-mail.

"Isso leva o público a crer que possa estar diante de publicidade, mesmo que subliminar", continuou Kamel. "Marcas, evidentemente, devem ser evitadas. E os nomes de restaurantes e lojas, no espaço dedicado à localização (nas redes sociais), devem ser substituídos pelo nome da cidade em que a foto foi tirada", decretou o executivo.

Outro lado
A Globo nega que Tralli tenha sido a causa da "recomendação". Diz que o e-mail de Kamel serviu apenas para lembrar a todos os seus profissionais os "preceitos" editoriais da casa, já que "marcações e títulos nas redes sociais [...] vêm ocorrendo com alguma frequência, de forma não proposital e sem objetivos comerciais".

Procurado pelo Notícias da TV, por e-mail, César Tralli interrompeu sua lua de mel para negar que tenha sido o motivo das novas normas de conduta em redes sociais e que tenha negociado jabá em seu casamento:

"Eu não fui o alvo do e-mail do Ali Kamel. Ele é meu diretor há muitos e muitos anos, tenho total liberdade com ele. Ele sempre me procura quando quer ou precisa me dizer alguma coisa. Não o fez depois do meu casamento. 

Mesmo assim, depois de sua indagação, eu acabo de procurá-lo e perguntei se o e-mail era para mim ou se eu era o motivador do mesmo. E ele me disse claramente que não, que era um aviso geral. Pois muitos jornalistas estavam fazendo postagens marcando ou dando localização de restaurantes, lojas ou hotéis, com certeza sem nenhum propósito publicitário (como no meu caso, que, repito, segundo ele, não fui o motivador do e-mail). O e-mail, ele me disse, era justamente para afastar essas interpretações indevidas.

Mesmo assim, eu disse ao Ali tudo o que estou dizendo aqui para você: nunca precisei e com meu casamento também não preciso fazer agradecimentos em rede social a ninguém.

Sobre os tais 'excessos cometidos no casamento', ao qual seu e-mail se refere, você está falando especificamente de apenas duas situações, quando um casamento como foi o meu envolve dezenas delas.

Imagem de aliança de Tralli antes (acima) e depois da proibição de citação de marcas em redes sociais

Eu só marquei o Ricardo Almeida anteriormente em post no Instagram porque ele é meu amigo há mais de 25 anos, desde antes de eu entrar na Globo. Ele também é amigo da Ticiane desde que ela era adolescente. Por isso até o escolhemos como padrinho de casamento. Todos os ternos que eu uso eu compro do Ricardo. Não me visto nem nunca me vesti de graça. Não tive qualquer intenção de me beneficiar de nada.

Aliás, um dos raros jornalistas de TV e âncora que não apresentam eventos, que não dão cursos de mídia training, que não fazem palestras remuneradas sou eu. Quando faço alguma palestra ou apresentação é sempre de graça e beneficente. 

Sobre o Hotel Vila Inglesa: eu marquei em post onde estava, pelo simples fato de dar a localização, sem qualquer interesse ou contrapartida comercial. Foi como sempre fiz em rede social.

Por fim, eu paguei meu casamento. O hotel, a hospedagem minha e dos convidados no Vila Inglesa, o espaço do casamento no hotel, a decoração, o buffet, a banda do Tiago Abravanel, o DJ, a iluminação, o som, o vallet, os seguranças, a ambulância, o bar de bebidas, as coberturas do evento, etc etc.

Eu tenho uma pasta enorme hoje em casa com todos os pagamentos feitos sempre em TED e com cópias e comprovantes de tudo. São contratos assinados e um monte de notas fiscais recebidas dos fornecedores. Pois tudo que faço é por dentro, com nota fiscal, sempre. 

Ou seja: não preciso, sei que não devo, e jamais faria qualquer tipo de postagem em rede social agradecendo seja quem fosse por conta de troca ou favorecimento. 

Por tudo isso dito acima, estou com minha consciência absolutamente tranquila. E minha independência preservada. Não considero honesto, verdadeiro nem justo que seja acusado de fazer jabá, de tentar me beneficiar de algo quando tenho como comprovar exatamente o inverso. 

Se você ainda assim mantiver a intenção de publicar algo a meu respeito, por favor peço que minha resposta seja divulgada na íntegra." 

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