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MEMÓRIA DA TV

Indignado com Pantanal, humorista queria mugir para voltar ao ar na Manchete

REPRODUÇÃO/TV MANCHETE

Agildo Ribeiro de smoking, fazendo sinal de joia e sorrindo, rodeado por seus bonecos que imitavam políticos

Agildo Ribeiro com seus bonecos, que faziam parte do elenco do Cabaré do Barata na Manchete

THELL DE CASTRO

Publicado em 19/6/2022 - 7h14

Um dos maiores nomes da história da televisão brasileira, Agildo Ribeiro (1932-2018) estava vivendo um dilema há 31 anos. Seu programa foi tirado do ar pela Rede Manchete em julho de 1990, em meio ao fenômeno da primeira versão de Pantanal, e, quase um ano depois, ainda não tinha previsão de retorno, apesar de o contrato estar rolando normalmente.

O Cabaré do Barata, como era chamado o programa, tinha como característica a sátira política, com Agildo contracenando com bonecos de personagens como Fernando Collor, Luís Inácio Lula da Silva, Leonel Brizola (1922-2004) e muitos outros. O formato dava sequência ao que ele já apresentava na Bandeirantes, com Agildo no País das Maravilhas.

De acordo com reportagens da época, pressões políticas inviabilizaram o programa, já que muitas das figuras retratadas na atração não gostavam das piadas. Outras, como Paulo Maluf, fizeram questão de aparecer no programa e até reclamaram com Agildo, como ele mesmo contou.

Zombando dele mesmo

O humorista participou do programa Jô Soares Onze e Meia, no SBT, em 1991 e zombou do fato. Jô perguntou sobre a atração e deixou Agildo indignado.

"Eu queria transformar essa pergunta em minha. Eu também queria saber por que o programa não voltou. Não tenho por que estar brigando, mas fico intrigado que o programa ainda não voltou", declarou.

Brincando, Agildo pediu aos telespectadores que ligassem para a Manchete e perguntassem pelo programa. "Eu estou cansado. Saio na rua e todo mundo pergunta, a tal ponto que eu acho que minha ausência na televisão faz mais sucesso que minha presença", enfatizou.

Ele também fez piada sobre a fase rural da emissora, que vinha do sucesso de Pantanal e investiu em outras produções do gênero para tentar manter a audiência.

"A Manchete agora parece que entrou numa fase rural. Então é Pantanal, Ana Raio e Zé não sei o que, daqui a pouco vai entrar Amazônia, aí O Guarani, vai entrar um programa Domingo Rural, com muito boi e cavalo. Eu como sou barata, fica esquisito", disparou, fazendo graça com seu sobrenome, que é Barata.

"Qualquer dia eu entro lá mugindo para ver se sai o programa", completou, dizendo que chamaria a atração de Cabaré da Vaca.

Não adiantou

No entanto, o apelo não adiantou. Agildo continuou fora do ar e recebendo seu salário normalmente até o fim do contrato.

Em 1993, ele fechou com o próprio SBT, onde apresentou Não Pergunta que Eu Respondo, mas por pouco tempo. Depois de uma temporada em Portugal, onde comandou Isto é o Agildo na RTP, voltou para o Brasil. Se estabeleceu novamente na Globo, onde ficou até o ano de sua morte, aos 86 anos, em 2018. Nos últimos anos de vida, participou do Zorra Total.

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