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Análise | Teledramaturgia

Na reta final, novela Os Dez Mandamentos respira por aparelhos

Reprodução/Record

O ator Guilherme Winter em cena de Os Dez Mandamentos, que finalmente termina nesta segunda - Reprodução/Record

O ator Guilherme Winter em cena de Os Dez Mandamentos, que finalmente termina nesta segunda

RAPHAEL SCIRE

Publicado em 21/11/2015 - 7h07

Nada mais natural do que esticar um produto que trouxe retorno financeiro e prestígio para prolongar o sucesso. Foi exatamente isso o que a Record fez com Os Dez Mandamentos, mas exagerou na dose. Na novela faraônica, que finalmente acaba nesta segunda (23), o estica-e-puxa ficou cansativo. A falta de "desacontecimentos" da história foi tão grande que, após a travessia do Mar Vermelho, a produção passou a respirar por aparelhos. O público percebeu. Nesta semana, a trama não superou a Globo em nenhum dia no Ibope.

Antes, a novela bíblica enrolou como pôde para mostrar as dez pragas que acometeram o Egito Antigo, o que não comprometeu sua audiência, pelo contrário, só a fez crescer. Do ponto de vista comercial, foi um feito louvável. Por outro lado, dramaturgicamente, a trama não apresentou inovações _e nem podia, visto que é engessada dentro do original da Bíblia.

É digno de nota o esforço da direção, leia-se Alexandre Avancini, em levar ao público uma trama atraente. Para envolver os telespectadores, a edição usou e abusou de um dos recursos mais inerentes às telenovelas: a reiteração. Através de flashbacks, Os Dez Mandamentos encontrou material para sustentar a falta de ter o que mostrar.

Na cena da abertura do Mar Vermelho, que fez com a história atingisse seu recorde de audiência e deixasse a Globo afogando no Ibope, a demora para mostrar as águas se dividindo e a caminhada do povo hebreu foi tamanha que daria tempo de abrir um oceano inteiro. O festival de closes nos rostos do elenco só fez notar quão exaustos todos estavam _Guilherme Winter (Moisés), bom ator, é o melhor exemplo. Seguramente, o cansaço não era obra da travessia.

Caras e bocas também não faltaram na sequência em que a personagem Eliseba (Gabriela Durlo) foi ferida, o que só exacerba o caráter melodramático da novela. O dramalhão se estendeu, com cenas longuíssimas, em que personagens derramavam lágrimas uns sobre os outros.

Cenas de batalha em câmera lenta deram o tom exato da necessidade de se esticar uma história que respira por ajuda de aparelhos. No caso, os aparelhos de edição.

Exageros linguísticos à parte, Os Dez Mandamentos representa um ganho e ao mesmo tempo um desafio para a Record: a audiência conquistada _e aqui não só os números, mas a abrangência do público geral_ foi um marco para a emissora e precisa ser mantida. Foi acertada a ideia de criar uma “faixa bíblica” para o horário, mas completamente descabida a alternativa encontrada, a de reprisar a minissérie Rei Davi.

A bem da verdade, a melhor serventia da reprise foi a de comparativo entre uma produção e outra. Embora o texto de Vivian de Oliveira tenha sofrido pouca evolução, a qualidade da direção e da produção de Os Dez Mandamentos teve um salto evidente. 


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