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Crítica

A Lei do Amor desperdiça o talento de Claudia Raia com papel apagado

César Alves/TV Globo

Claudia Raia em A Lei do Amor; atriz do alto escalão da Globo está apagada no folhetim - César Alves/TV Globo

Claudia Raia em A Lei do Amor; atriz do alto escalão da Globo está apagada no folhetim

RAPHAEL SCIRE

Publicado em 10/12/2016 - 6h45

Claudia Raia é o tipo de atriz que só de entrar em cena já rouba os olhares do público, mesmo quando ocupa um papel coadjuvante. Mas não é isso que ocorre com sua participação em A Lei do Amor, a novela das nove da Globo. Salete é uma personagem apagada, com poucas nuances e que desperdiça o talento de Raia.

Apesar de ser definida no site da trama como "expansiva e espontânea", Salete escapa um pouco disso. Espontânea pode até ser, mas está longe de ser expansiva. A dona do posto de gasolina frequentado por frentistas fortões poderia muito bem explorar o potencial dramático de uma atriz reconhecida pelo tino da comédia, mas até agora, dois meses depois da estreia da novela, ainda não disse a que veio.

Intérprete de composição que é, Claudia Raia deixou o exagero do humor de lado, economizou nos gestos e foi uma das poucas no elenco que soube imprimir uma verdade interiorana à personagem, emprestando a ela um forte sotaque caipira, condizente com a ambientação da trama _as outras duas foram Vera Holtz (Magnólia) e Grazi Massafera (Luciane).

De início, a empresária se envolveria com política na chapa de Hércules (Danilo Granghéia) como vice e, depois de escândalos de corrupção na eleição, se tornaria prefeita. Houve um princípio de formação desta trama, que foi abandonada nos capítulos recentes da história, depois das reformulações de última hora para agradar a audiência.

Salete, então, tornou-se peça chave na solução dos mistérios da trama envolvendo a morte de Zelito (Danilo Ferreira) e o desaparecimento de Isabela (Alice Wegmann). Esperamos que esse entrecho faça a personagem crescer, principalmente agora que bate de frente com o todo-poderoso Tião Bezerra (José Mayer) _a cena entre os dois foi carregada de tensão, que ambos souberam manter em alto nível.

Mesmo assim, Salete está aquém do talento da atriz. O papel segue apático, ainda sem grande importância dentro da história como um todo. Os esquetes dos frentistas sexualizados e que seriam amantes dela não vingaram. As cenas em que eles dançavam ensaboados eram bobinhas e os autores, ao perceberem que pouco renderiam, evitaram as repetições. Menos mal.

Para completar, o drama da mãe que sofre com a filha que a despreza é prejudicado pela atuação de Marcella Rica (Jéssica). O desempenho de Marcella em cenas mais pesadas que divide com Claudia é muito fraco. A novata não consegue encarar a veterana de igual para igual, o que impossibilita grandes embates cênicos entre as duas.

Já com Flavia (Maria Flor, uma atriz com mais tarimba), os conflitos entre mãe e filha são inexistentes. Talvez uma simples troca na escalação resolveria o problema. Tarde demais.

Outro ponto que pode salvar Salete de cair na vala da chatice é o envolvimento que ela terá com o misterioso Gustavo (Daniel Rocha), por quem irá se apaixonar. Bandido que jura ter se regenerado, o rapaz é dúbio e pode se tornar uma virada interessante para a personagem. Rocha mostra um certo amadurecimento como ator, mas é de se lamentar que Renato Góes não tenha ficado com o papel, como previsto no início de A Lei do Amor.

Depois de uma parceria bem-sucedida com Maria Adelaide Amaral e Vincent Villari em Tititi (2010), na pele da eletrizante Jaqueline, Claudia Raia merecia mais dos autores. Com Salete, a atriz tira leite de pedra, e só mesmo uma reviravolta na história pode dar espaço à personagem, que, caso contrário, corre o risco de ficar ainda mais pálida.


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