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Análise | Teledramaturgia

Falta de romance se arrasta e cansa o público de Velho Chico

Caiuá Franco/TV Globo

Maria Tereza (Camila Pitanga) e Santo (Domingos Montagner) durante cenas de Velho Chico - Caiuá Franco/TV Globo

Maria Tereza (Camila Pitanga) e Santo (Domingos Montagner) durante cenas de Velho Chico

RAPHAEL SCIRE

Publicado em 30/4/2016 - 6h32

Um dos principais motores de qualquer novela é o par romântico central. Para que ele funcione, é preciso ser repleto de conflitos que permitam que o final feliz aconteça só no último capítulo. Velho Chico, a novela das nove da Globo, já mostrou ter em Santo (Domingos Montagner) e Maria Tereza (Camila Pitanga) uma dupla de peso, com um conflito para lá de forte (a guerra entre suas famílias), mas o problema é que, na segunda fase da história, eles simplesmente ainda não se encontraram _e já se vão três semanas de segunda fase.

O reencontro dos dois até agora está apenas na iminência. Santo e Tereza já se avistaram de longe enquanto ele navegava pelo rio São Francisco, mas sequer trocaram uma palavra. Os personagens já mostraram suas respectivas forças na história, com o engajamento político de cada um, porém a intensidade do amor entre eles parece ter ficado na primeira fase, em que pesa, sobretudo, a ótima química entre os intérpretes de então, Renato Góes e Julia Dalavia.

Diante dos números de audiência em queda, o reencontro do casal é necessário à novela e serve, ainda, para movimentar outros personagens do enredo, em especial Luzia (Lucy Alves), Carlos Eduardo (Marcelo Serrado) e Cícero (Marcos Palmeira), apaixonado e obcecado por Tereza e capaz até mesmo de matar por ela.

A ameaça da concretização do amor de Santo e Tereza mexe com a atual mulher do agricultor, a única na família que sabe que Santo é pai de Miguel (Gabriel Leone). Já a relação da mocinha com Carlos Eduardo ainda não foi abalada, visto que seu marido parece temer mais que ela revele a verdade sobre a paternidade do filho que ele criou como se fosse dele do que perder a amada para outro homem. Com a reaproximação do par central, esses núcleos também tendem a engrenar.

O público está sendo cozido em banho-maria até que os protagonistas deem vazão ao amor, o que aumenta a sensação de lentidão da narrativa _a própria Maria Tereza anda apagada da trama e sumiu de alguns capítulos recentes. O reencontro dela com Santo é aguardado e está mais do que na hora de ir ao ar, sob pena de prejudicar o romance central e cansar ainda mais quem espera pelo beijo entre os dois.

Por enquanto, Velho Chico anda centrada demais nos dilemas da cooperativa de agricultores comandada por Santo e, por consequência, na briga acentuada pelo poder contra o coronel Afrânio (Antonio Fagundes). Ainda que o conflito seja forte o suficiente para a novela e sobretudo sirva de impedimento para o casal, há muita disputa política e muito pouco romance. Em um folhetim marcado por cenas de forte cunho emotivo, o fato chega até a ser estranho.

Mais do que nunca, o casal principal de Velho Chico precisa de um chacoalhão para voltar a pegar fogo como no início da novela, ainda que agora sob a batuta de novos intérpretes. Pelo menos dramaturgicamente, Maria Tereza e Santo já mostraram ter forças. Falta colocá-las em prática e empolgar o público.


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