Crítica | Novela das seis
João Miguel Júnior/TV Globo
Antonio Fagundes (Giácomo) e Letícia Almeida (Rosinha) em cena de Meu Pedacinho de Chão
RAPHAEL SCIRE
Publicado em 30/7/2014 - 19h16
Atualizado em 31/7/2014 - 6h49
Antes mesmo de estrear, todos os capítulos de Meu Pedacinho de Chão foram entregues por Benedito Ruy Barbosa à direção da novela, uma tentativa de evitar atraso nas gravações e uma segurança da emissora para não ter surpresas no meio do caminho. Mas novela é obra aberta e o autor teve de mudar os rumos de sua história de acordo com a aceitação do público.
Meu Pedacinho de Chão pode não ter resgatado a audiência do horário, mas certamente resgatou a magia para as telenovelas brasileiras. Confira cinco motivos para guardar na memória a trama das seis que se encerra nesta sexta-feira (1°).
Zelão (Irandhir Santos) e Professora Juliana (Bruna Linzmeyer) em Meu Pedacinho de Chão (Foto: Renato Rocha Miranda/TV Globo)
1) Dança das cadeiras dos casais românticos
Ferdinando (Johnny Massaro) e Juliana (Bruna Linzmeyer) eram o par principal, mas ele ficou encantado pela rude Gina (Paula Barbosa) e ela, pelo bruto Zelão (Irandhir Santos), uma grata surpresa tanto pelo intérprete quanto pelo personagem, especialmente no tocante ao desabrochar de um homem rústico que ganha novos contornos pela lente do amor. Apesar de não ter um fio condutor muito forte (a chegada da professora Juliana à Vila de Santa Fé com a missão de levar educação ao povo), a trama mostrou mais força na criação dos personagens do que na história propriamente.
2) Tempo e espaço
Foi o amor de Zelão que definiu, metaforicamente, as passagens de tempo na novela. “O mundo ficou frio, igual ao meu coração”, filosofou ele quando da chegada do inverno. A Vila de Santa Fé podia ser em qualquer lugar do interior do Brasil ou do mundo. O esmero cenográfico mostrou que a produção não se acomodou e foi um deleite para os olhos dos telespectadores. A chegada da neve foi o ponto alto e mesmo que não neve em boa parte do Brasil, o público embarcou na fantasia e comprou a ideia.
Juliana Paes em cena de Meu Pedacinho de Chão (Foto: Divulgação/TV Globo)
3) Texto, direção e elenco
A curta duração (104 capítulos) é outro ponto positivo que contribuiu para a fluência da história. O olhar de Luiz Fernando Carvalho foi essencial para o texto de Ruy Barbosa. A plasticidade cênica e o tom teatral e lúdico do diretor contaminaram o elenco, em ótima forma na tela. É sempre raro (e por isso muito bom) ver atores consagrados longe de tipos a que estamos acostumados. Juliana Paes sobressaiu-se e sua Catarina foi única. O gestual, a voz, tudo contribuiu para abrilhantar sua personagem.
4) Números musicais
As modas caipiras, sempre presentes nas novelas do autor, também serviram de moldura para momentos bastante poéticos de Meu Pedacinho de Chão, quando todo o elenco cantou e encantou com as canções interioranas Chuá Chuá e A Dor da Saudade. Foram dois números musicais que ajudaram no encantamento do folhetim.
5) Equipe técnica
Arte coletiva que é, a novela também deixou espaço para a equipe técnica marcar território. Figurino, cenografia e caracterização trabalharam em conjunto com a proposta ousada e inovadora que foi o festival de cores da direção, que em momento algum deixou de lado a principal característica do texto do autor: a ruralidade e o tom de crítica social, embora mais brando, estavam presentes ali.
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