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ESTREIA DA AMAZON

One Night in Miami reúne ídolos negros dos anos 1960 em papo atual sobre racismo

Divulgação/Amazon Studios

Leslie Odom Jr., Eli Goree, Kingsley Ben-Amir e Aldis Hodge em cena do filme One Night in Miami

Leslie Odom Jr., Eli Goree, Kingsley Ben-Amir e Aldis Hodge em One Night in Miami, novo filme da Amazon

ANDRÉ ZULIANI

andre@noticiasdatv.com

Publicado em 15/1/2021 - 6h50

De olho no Oscar deste ano, o Prime Video estreia nesta sexta-feira (15) o drama One Night in Miami, que marca a estreia de Regina King (Watchmen) na direção de um longa-metragem. Baseado em uma histórial real, o filme retrata um encontro em 1964 que reuniu ídolos negros da época para uma conversa séria sobre racismo.

O grupo é formado por quatro lendas: o ativista de direitos civis Malcolm X (Kingsley Ben-Adir), o pugilista Cassius Clay (Eli Goree), o cantor Sam Cooke (Leslie Odom Jr.) e o jogador de futebol americano Jim Brown (Aldis Hodge).

Segundo os relatos contados nos bastidores da história do país, o encontro entre os quatro realmente aconteceu na noite de 25 de fevereiro de 1964, logo após a conquista do primeiro título mundial de Clay, que mais tarde seria conhecido como o lendário boxeador Muhammad Ali (1942-2016).

O que Regina e o roteirista Kemp Powers --responsável por escrever Soul (2020), o mais recente sucesso da Disney-- fazem em One Night in Miami é abusar da licença poética sobre o encontro destes personagens e colocá-los para refletir sobre o racismo e a situação da segregação étnica nos Estados Unidos dos anos 1960.

Liderada de maneira irresistível por Malcolm X (1925-1946), o mais culto e experiente do grupo, a discussão ressalta pontos importantíssimos para entender o significado da luta pelos direitos civis no país e a representação dos negros em situação de poder --não apenas em cargos políticos, mas os que, como eles, têm um poder de fala capaz de atingir milhões de pessoas pelo mundo.

É surpreendente o que One Night in Miami reproduz com seus diálogos. A trama é simples, considerando que grande parte do filme conta a história de quatro amigos conversando em diferentes ambientes de um motel em Miami e seus arredores.

Como se não fosse atraente o bastante ver essas lendas reunidas, os temas são tão provocantes quanto assustadores, principalmente se comparados à realidade do mundo atual. Em uma das melhores cenas, Jim Brown é recebido com louros em uma residência de brancos após o sucesso em um campeonato. Mesmo assim, não lhe é permitida a entrada no interior da casa apenas pela cor de sua pele. Em 2021, histórias como essa ainda existem.

Apesar de serem amigos e entenderem a sociedade injusta em que vivem, nem sempre os quatro integrantes do grupo acabam concordando. Malcolm e Cooke (1931-1964) têm visões diferentes de como podem influenciar na melhora de vida de seus irmãos, cada um à sua maneira.

Esse "antagonismo" entre a dupla oferece fortes embates recheados de ironias, indiretas e lavagem de roupa suja. Malcolm é um revolucionário e separatista, o que o fez ser perseguido pelas autoridades até a sua prematura morte, enquanto Brown e Cooke argumentam que trabalhar (e ter sucesso) dentro do sistema é a melhor maneira de mostrar o seu valor. As visões diferentes não escondem, no entanto, a admiração que sentem um pelo outro.

A responsabilidade que recai nos quatro atores para interpretar personagens importantes da história é enorme, mas todos justificam suas escalações. Goree parece ter nascido para viver um jovem Cassius Clay, tão ingênuo quanto vigoroso; Odom esbanja carisma ao reproduzir o charme cínico que marcou a vida de Cooke; Ben-Adir sustenta a força da voz de Malcolm e não deixa esconder sua vulnerabilidade, enquanto Hodge, apesar de mais contido, mostra-se, talvez, o mais sóbrio e consciente de todos.

One Night in Miami se passa durante a mudança de paradigma de um momento em que o poder negro era uma consciência que emergiu, em parte, de como figuras como eles estavam surgindo na cultura, tornando-se estrelas influentes, desafiando-a e, no processo, revolucionando-a.

No filme, a ação é o diálogo. O suspense está na atmosfera criada pela repressão dos brancos contra os negros. Protagonizado por quatro homens nos anos 1960, Regina não deixa de mostrar os defeitos vindos do machismo, mas nem por isso são personagens que exalam "masculidade". Eles são falhos, sensíveis e inseguros --e, ainda assim, lendas. Mesmo 57 anos depois do encontro, a importância de suas falas e representatividades permanece a mesma.

Assista abaixo ao trailer de One Night in Miami:

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