Reality show
Fotos: Divulgação/Exathlon Brasil
Repórter Luciano Guaraldo desliza em escorregador logo no início do circuito lilás: radical
LUCIANO GUARALDO, de Las Terrenas (República Dominicana)
Publicado em 14/11/2017 - 6h06
Alguns dos momentos mais emocionantes do Exathlon Brasil acontecem durante os circuitos, sequência de provas que rendem prêmios como comida, conforto e sobrevivência no jogo às equipes vencedoras. No programa desta terça (14), um novo percurso será apresentado: o circuito lilás, que exige equilíbrio, pontaria, força e velocidade. A reportagem do Notícias da TV foi até a República Dominicana, testou o percurso e adianta o que vem por aí.
Assim que recebi a proposta de realizar o evento, tive alguns questionamentos sobre a minha capacidade física. Afinal, não sou uma pessoa atlética e o mais perto que chego de praticar atividades físicas é subir a ladeira que separa minha casa da estação de metrô. Mas, pelo bem da pauta, topei o desafio.
Além das minhas limitações, sabia que minha passagem pelo circuito teria dois agravantes: ao contrário dos participantes do Exathlon, que disputam as provas usando tênis, eu as faria descalço (não podia molhar o sapato, já que era o único que tinha levado na viagem); para piorar, também estaria sem meus óculos de grau, o que certamente afetaria minha mira _que, convenhamos, já não é das melhores.
Mesmo assim, fui em frente e me preparei psicologicamente. Acompanhei a passagem dos Heróis e dos Guerreiros, as equipes que disputam o programa, na prova que vai ao ar nesta terça, e tentei perceber quais estratégias eram bem-sucedidas. Como se eu tivesse capacidade de repetir feitos de atletas no auge da forma física...
O circuito é, teoricamente, simples: depois do apito, você sobe uma rampa e desce um pequeno escorregador até a primeira piscina. Após atravessá-la nadando, passa por uma gangorra, pula em outra piscina, escala uma escada e se equilibra em três plataformas suspensas no ar (e com uma corda como obstáculo no meio delas).
Depois, é necessário engatinhar com o corpo colado na areia por baixo de uma estrutura de cordas, como em treinamentos do exército. Ao final, é necessário encaixar peças de um quebra-cabeça em uma mesa, colocar dois totens em suas respectivas estruturas e, finalmente, derrubá-los arremessando bolas. Ufa!
Bato um papo rápido com o preparador das provas, que me passa instruções básicas: nada de descer o escorregador com muita força, não tentar pular da gangorra para a escada, e se certificar de que as peças do quebra-cabeça estão bem encaixadas. Como nem cogito realizar as duas primeiras, me atento para a terceira.
Coberto de areia, repórter se arrasta por baixo de estrutura de cordas: cansaço e joelho ralado
Assumo minha posição, pronto para encarar a prova. Enquanto espero o apito, ouço um grito do preparador argentino. "Quitate la camisa", diz ele. "Tire a camiseta", meu cérebro traduz. Xingo mentalmente, pois não me preparei psicologicamente para esse momento. Mas faz sentido: como eu teria de mergulhar na água repetidas vezes, a roupa molhada me atrasaria (ainda mais). Tiro, envergonhado.
Luís Ernesto Lacombe, apresentador do Exathlon, assume sua posição ao lado do percurso para narrar minha participação. É agora. Ele apita e eu subo a rampa o mais rápido que posso. Na hora do escorregador, tenho duas opções: mergulhar de cabeça ou descer com os pés à frente. Opto pela primeira, pois posso sair nadando assim que cair na água. Péssima escolha: o impacto me deixa zonzo.
Saio da piscina já cansado e não faço ideia de onde vou tirar forças para completar o trajeto. Bom, melhor lidar com um problema de cada vez. Vou para a gangorra e pareço me equilibrar em uma corda bamba de circo, e não em um pedaço largo de tábua. A queda na segunda piscina é até refrescante, já que o calor dominicano é de matar. Ao tentar escalar a escada, erro o primeiro degrau. Tento novamente. Subo.
Pulo da escada para a água novamente, e bato um joelho no fundo da piscina. Assim que piso na primeira plataforma suspensa, ela balança muito. Sem óculos, não consigo determinar a localização exata da corda que funciona como obstáculo e esbarro nela, perdendo o equilíbrio. Tento passar para a segunda plataforma e erro feio: fico pendurado no ar, me segurando às cordas para não despencar.
Na minha mente, passo pelo menos dez segundos pendurado, até que percebo que não tenho forças para me reerguer e solto, caindo com tudo na areia. Depois, ao ver o vídeo, percebo que o momento durou apenas uma fração de segundo. Enquanto tento me recompor, escuto a narração: "Os competidores não caíram; o Luciano, sim". Belo incentivo, Lacombe, obrigado.
Coberto de areia, subo a plataforma novamente e, de alguma forma, consigo atravessar as três. Sigo para as cordas e percebo que sou alto demais para a estrutura. Além disso, a areia rala minhas pernas. Penso na dica dada por Lacombe antes de eu ir para a prova: "Coloque uma atadura nos joelhos, porque vai machucar". Deveria ser menos teimoso e ter escutado o especialista.
Com a parte física completa, sigo para o quebra-cabeça. As peças são grandes, então a miopia e o astigmatismo não me atrapalham nessa parte. Encaixo cada pedaço em seu lugar e pego os dois totens, colocando-os em seus pedestais. "Vamos ver se a mira do Luciano está afiada", anuncia Lacombe. Não está, já sei. Sem óculos, então, não há a menor chance de eu acertar os alvos.
Erro feio, as cinco bolas passam longe de seus alvos. Corro atrás delas e reassumo minha posição. De alguma forma, acerto um dos totens, o que me dá força para tentar o outro. Ele balança, mas não cai. Arremesso outra bola e acerto. Acabou. Completei o circuito lilás. Sem fôlego para ficar em pé, comemoro minha vitória.
Depois, recebo o relatório oficial: levei 2 minutos, 57 segundos e 59 centésimos para fazer o percurso. Não é um tempo excelente (os participantes levam, em média, pouco mais de um minuto para completá-lo), mas foi uma performance decente, creio. Um produtor me avisa: esse é o mais fácil de todos os circuitos. Não consigo imaginar quão desgastantes são os outros, então.
Uma coisa é certa: meu respeito pelos participantes do Exathlon cresceu ainda mais depois da experiência. Afinal, eu tive de completar as provas uma única vez, bem alimentado e depois de uma ótima noite de sono. Eles realizam o percurso entre duas e três vezes por dia, cinco dias por semana, com comida racionada e sem nenhum conforto ao dormir. Heróis e Guerreiros são ótimas maneiras de defini-los.
Confira o vídeo da participação no circuito lilás:
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