Teresa Cristina encara pressão de substituir Diogo Nogueira na TV: 'Dei um berro'

Um dos carros-chefes da programação da TV Brasil, o Samba na Gamboa volta a ter episódios inéditos neste domingo (8), às 13h. E com uma mudança importante: Teresa Cristina assume a apresentação da atração, que era comandada por Diogo Nogueira até a leva mais recente de programas. O sambista ajudou a popularizar o formato, mas a artista não se incomoda com a pressão de substituí-lo.

"Não hesitei nem um pouco com o convite, não. Imagina, eu dei foi um berro!", conta a cantora e compositora, em conversa com o Notícias da TV. "E não hesitei porque entendi que não estava ocupando o posto de ninguém, nem tirando o Diogo de lugar nenhum, porque o programa já estava fora do ar."

"Achei importante sair um pouquinho de dentro de mim e me vi ali, em um lugar que eu achei que merecia estar, pelo que eu sou e pelo que represento, né? Sou uma mulher negra, suburbana, eu me fiz sambista, aprendi a ser sambista, né? Pesquisei samba, gosto de samba, gosto de estar perto de quem gosta de samba, gosto de falar de samba... Então, é um programa que tem tudo a ver comigo também", valoriza a cantora.

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E eu consegui me enxergar nesse lugar, o que é uma conquista para mim. E eu espero que, sendo uma conquista para mim, eu possa representar várias mulheres que se parecem comigo, sabe? Estar ali ancorando um programa que faz tanto sucesso, que é o Samba na Gamboa, um programa que já aconteceu. Foi muito bom, esse convite chegou em boa hora!

Convite feito e aceito, Teresa Cristina deu vazão à sua faceta pesquisadora e mergulhou fundo na obra e na história de cada um dos convidados da nova temporada. "Só eu e minha ansiedade sabemos como foi (risos). Fiquei muito tempo pesquisando, tentando deixar as pessoas à vontade. Eu procurei entrar no mundo de cada um, porque entendi que o programa não era sobre mim, era sobre o samba, sobre a força do samba, sobre a força dos entrevistados e da obra desses entrevistados."

Logo na estreia da temporada, por exemplo, Teresa recebe Zeca Pagodinho para comemorar os 40 anos de carreira do sambista. "Tentei mostrar o Zeca compositor. Porque é uma coisa que eu tenho para mim, eu preciso mostrar para as pessoas que aquele cara que canta sucessos de tanta gente também escreve músicas incríveis", valoriza.

Zeca Pagodinho é o convidado da estreia da temporada

Tanto esforço na pesquisa deu frutos interessantes, ressalta a apresentadora. "Foi enriquecedor para mim pesquisar a obra dessas pessoas. E acho que eu consegui demonstrar um respeito pela trajetória de cada um, que é uma coisa que o artista, principalmente o sambista, sente muita falta quando é entrevistado. Aquele respeito com o nosso trabalho, com o que já fizemos e com os nossos anseios, sabe?", aponta.

"E as pessoas gostam, elas se sentem importantes porque elas de fato são importantes para a música brasileira, para a cultura brasileira. É muito difícil quando você dá uma entrevista para alguém que não te conhece, e a pessoa diz: 'Vou falar aqui com a Teresa. Conta a sua história!' [risos]. E aí eu tenho cinco minutos para contar a minha história. Até brinco: 'Desde a barriga da minha mãe?'. Tem que brincar para não se aborrecer", confidencia.

"O que vai chegar no lar de cada família aos domingos é um programa que foi feito com cuidado e com carinho pela obra dessas pessoas. Disso, vocês podem ter certeza: teve um carinho, teve um cuidado com o que essas pessoas produziram desde que elas se tornaram artistas. E alguma coisa pré também, porque a vida pregressa, de antes de a gente encontrar a arte ou de a arte tocar na gente, de o samba tocar na gente e fazer a gente sambista, tem uma história que às vezes esclarece muita coisa, diz muita coisa sobre o artista. Eu ouvi histórias que as famílias vão se emocionar", promete.

A volta do Samba na Gamboa

Em conversa com a reportagem, Antonia Pellegrino, diretora de Conteúdo e Programação da EBC (Empresa Brasil de Comunicação) e responsável pela grade da TV Brasil, explica por que decidiu pela volta do Samba na Gamboa, que não tinha programas inéditos desde 2022.

"Quando assumi a responsabilidade de cuidar do conteúdo da TV Brasil, parti para duas linhas de atuação. A primeira era criar novos programas, como o Dando a Real com Demori. A segunda, retomar marcas que são relevantes para a TV Brasil, que ajudaram a criar uma identidade para o canal", diz.

"Então, temos o Sem Censura, o Trilha de Letras e o Samba na Gamboa, que tinham sido descontinuados ou descaracterizados e que escolhemos para retomar e reinventar enquanto formato. Mas sempre a partir da premissa de beber na fonte do que era antes, porque são programas que têm um lugar no afeto das pessoas, né? A gente não queria reinventar a roda, a gente queria aprimorar formatos", justifica Antonia.

"E o Samba na Gamboa é um programa que é carro-chefe de audiência, é um programa que mesmo nas reprises vai muito bem. Ele passa na hora do almoço de domingo, um horário muito interessante, porque a família está reunida, almoçando e vendo o Samba na Gamboa."

E também queríamos retomar o programa porque a TV Brasil é um canal de comunicação pública, né? Tem, portanto, um compromisso com a cultura e com diferentes manifestações da cultura brasileira. Então, voltar a ter o Samba na Gamboa era muito importante para nós.