Jornalismo
Reprodução/TV Globo
José Roberto Burnier em reportagem sobre a morte de Domingos Montagner no JN do dia 16
DANIEL CASTRO
Publicado em 22/9/2016 - 6h52
Ser escalado para trabalhar no principal telejornal do país, o Jornal Nacional, é o sonho de todo repórter da Globo, certo? Errado. Pelo menos em São Paulo, tem jornalista que prefere o Jornal Hoje e que dá graças a Deus quando é requisitado por um noticioso local. É que não tem sido fácil emplacar uma reportagem no JN. Com o noticiário quente em Brasília e Curitiba, São Paulo perdeu importância, e reportagem produzida na cidade, o maior mercado do país, virou raridade no programa de William Bonner.
Nas nove edições do JN exibidas entre o último dia 12 e ontem (21), não houve nenhuma reportagem de São Paulo em quatro delas. A morte do ator Domingos Montagner, no último dia 15, gerou quatro entradas de São Paulo, três de Alberto Gaspar e uma de José Roberto Burnier. Apenas uma das oito reportagens exibidas nos nove dias não era factual, uma notícia importante do dia. Produzida por Janaína Lepri, foi ao ar na terça (20) e tratava das mudanças nas regras da Previdência Social.
Todos os dias, os chefes de jornalismo de São Paulo escalam cinco repórteres para o Jornal Nacional. Alguns são fixos e têm preferência pelas melhores histórias. São os casos de Alberto Gaspar, José Roberto Burnier, Roberto Kovalick e Graziela Azevedo. A outra vaga (ou duas quando Gaspar vai para o Globo Repórter ou Fantástico) é ocupada em rodízio por mais de uma dezena de bons profissionais. São esses que mais sofrem. Com a média de uma reportagem produzida por dia no JN, não há espaço para todo mundo. Nos bastidores, os repórteres enfrentam o ócio, a tensão e a frustração. Ontem, por exemplo, Burnier passou boa parte da tarde perumbulando pela Redação da Globo paulistana.
Normalmente, quando um repórter "cai" do JN, ou seja, quando a reportagem que ele faria naquele dia não é aceita por William Bonner, esse profissional é gentilmente convidado para trabalhar em outro telejornal. O Hoje é preferido porque é nacional e, como é produzido em São Paulo, é mais fácil emplacar reportagem realizada na cidade. Graziela Azevedo, por exemplo, aparece mais no noticioso de Sandra Annenberg e Evaristo Costa do que no JN. E não reclama.
O problema de ficar ocioso, mesmo na empresa jornalística que menos sofre os efeitos da crise econômica, é a autoconfiança e a cobrança dos chefes, que pressionam por boas histórias. A maioria quer produzir, mostrar seu trabalho no ar.
Procurada, a Globo não se manifestou sobre o assunto até a conclusão deste texto.
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