ENTREVISTA COM TRANS
REPRODUÇÃO/TV GLOBO
Dráuzio Varella durante entrevista com presidiárias trans para o Fantástico, da Globo; reportagem comovente
Drauzio Varella comoveu ao público com uma reportagem sobre mulheres trans nos presídios do Brasil, exibida no último domingo (1º), no Fantástico. O que poucos sabem é que o especial levou cinco meses para ficar pronto, com uma peregrinação por quatro penitenciárias. "Nós começamos essa matéria no ano passado, por volta de outubro", conta ele.
"Gravamos em quatro cadeias: a de Pinheiros, em São Paulo; Parada Neto, em Guarulhos; e duas em Pernambuco: Igarassu, na grande Recife, e Tacaímbó, perto de Caruaru", adiciona o oncologista.
Após a exibição da reportagem, o nome do médico foi parar nos assuntos mais comentados do Twitter, e a sensibilidade do profissional em relação ao tema foi ressaltada pelos internautas.
"É muito importante discutir as diferenças sociais. As diversidades que, às vezes, fingimos que não existem. Provocar essa discussão no Fantástico, um programa que reúne famílias no domingo à noite, deu ao quadro muita credibilidade", conta.
"A repercussão foi muito grande. Discutir esse assunto, que é delicado, poderia causar um ruído, até pelo preconceito que algumas pessoas têm sobre o tema. Mas foi totalmente o contrário", comemora.
Em conversa com as detentas, Varella colheu depoimentos sobre preconceito, abandono e violência. Um dos momentos mais tocantes foi protagonizado pelo médico e por Suzy Oliveira, uma presa trans que não recebe visitas há oito anos.
"No momento em que estava gravando, comecei a contar que ela foi obrigada a se prostituir para conseguir o básico na cadeia", conta. "O que me chamou atenção foi a solidão que ela vivia lá. Sete, oito anos sem receber visitas. No momento em que ela me contou isso, notei uma tristeza tão forte no olhar dela que me emocionou", relata.
A cena em que o médico consola Suzy com um abraço comoveu o público. "Só pensava em uma pessoa como essa, que deve ter sofrido agressões a vida inteira, que parou na cadeia por ter cometido um crime, mas que não tem ninguém que se lembre dela, que mande uma carta. Espontaneamente dei um abraço nela", lembra.
"Depois me dei conta do que estava fazendo. Isso gerou uma repercussão enorme, como se fosse inusitado abraçar outro ser humano", resume. Suzy ganhou o carinho dos telespectadores, que se mobilizaram para descobrir o endereço da prisão em que ela se encontra. Assim, pessoas podem enviar cartas à ela.
A repercussão foi tamanha que a Secretaria da Administração Penitenciária do Estado São Paulo divulgou o endereço de Suzy para correspondências. Confira:
O endereço para correspondência é o da unidade: Rua Benedito Climérico de Santana, 600, Várzea do Palácio, CEP 07034-080, Guarulhos/SP. Favor colocar o nome da reeducanda no envelope.
— SAP SP (@sapsp) March 2, 2020
Veja trecho da reportagem de Drauzio Varella para o Fantástico:
.@drauziovarella mostrou e o Brasil se emocionou: como é a vida das mulheres trans presas, que enfrentam preconceito, abandono e violência dentro das penitenciárias do Brasil. Veja na íntegra: https://t.co/6GqgW74qmLpic.twitter.com/ThkQw1e3ZN
— Fantástico (@showdavida) March 2, 2020
© 2024 Notícias da TV | Proibida a reprodução
Mais lidas
Política de comentários
Este espaço visa ampliar o debate sobre o assunto abordado na notícia, democrática e respeitosamente. Não são aceitos comentários anônimos nem que firam leis e princípios éticos e morais ou que promovam atividades ilícitas ou criminosas. Assim, comentários caluniosos, difamatórios, preconceituosos, ofensivos, agressivos, que usam palavras de baixo calão, incitam a violência, exprimam discurso de ódio ou contenham links são sumariamente deletados.