Memória da TV
Fotos: Reprodução/Memória Globo
Marília Pera em Brega & Chique, de 1987, um dos maiores sucessos de sua carreira na TV
THELL DE CASTRO
Publicado em 6/12/2015 - 7h54
Presença constante nas primeiras novelas da Globo, Marília Pêra, que morreu neste sábado (5) aos 72 anos, ficou 13 anos afastada desse tipo de produção. A atriz dizia que tinha vários motivos para isso, desde a paixão pelo teatro até os extensos horários de gravações e a falta de privacidade nas novelas.
Marília Marzullo Pêra nasceu em 22 de janeiro de 1943. Filha de atores, começou a carreira cedo, aos quatro anos, ao lado dos pais. Uma das primeiras contratadas da Globo, emendou várias produções da emissora: A Moreninha, Padre Tião, Rosinha do Sobrado e Um Rosto de Mulher, todas exibidas em 1965 e início de 1966.
Em 1968, foi para a Tupi, onde atuou em duas produções: a lendária Beto Rockfeller e Super Plá.
Marília Pêra em Rosinha do Sobrado, de 1965, uma das primeiras novelas da Globo
De volta à Globo, viveu papeis marcantes: a taxista Noeli, em Bandeira 2 (1971), e as secretárias Shirley Sexy, em O Cafona (1971), e Serafina, em Uma Rosa com Amor (1972). Em 1974, após viver Manoela na pouco badalada Supermanoela, resolveu abandonar as novelas.
Durante 13 anos, Marília Pêra ficou afastada das tramas e pouco apareceu na TV. Protagonizou apenas a série Quem Ama Não Mata (1982) e fez participações em alguns programas.
Os motivos foram os mais variados: ela se dedicou à sua grande paixão, o teatro, e também ao cinema, fazendo parte de badaladas produções, entre elas Pixote, a Lei do Mais Fraco (1980).
Em entrevista ao jornal O Globo de 15 de março de 1987, ela falou sobre o assunto. "Houve muitos convites nesses anos todos, mas, por várias razões, não deu para fazer. Sei que depois que a novela estrear, vou ter de sair menos, ir menos ao restaurante ou fazer compras. O público de teatro é mais respeitoso. É um público mais de ator, geralmente pessoas que se aproximam com muita delicadeza. Na TV, as pessoas se sentem meio donas de você. Batem nas suas coisas, falam de qualquer maneira. Nós atores queremos que o Brasil inteiro nos conheça, mas quando começa a não se poder sair de casa, quando todo mundo te conhece, dá uma paranoia...", declarou.
Em 1987, a atriz resolveu aceitar o convite de Cassiano Gabus Mendes, com quem nunca tinha trabalhado, para estrelar a novela das sete Brega & Chique ao lado de Glória Menezes. A novela foi bem-sucedida, chegando a alcançar Ibope maior que a trama das oito, O Outro. Foi um dos maiores sucessos da carreira televisiva da atriz, na qual viveu a desligada socialite Rafaela Alvaray, que passava de milionária a pobretona em pouco tempo e era obrigada a trabalhar para se sustentar.
Em outra entrevista a O Globo, em 1º de novembro de 1987, ela voltou ao assunto. "Antigamente os horários de gravação eram mais extensos, ficava muito cansativo juntar novela e teatro. Quando o Cassiano Gabus Mendes, com quem eu nunca havia trabalhado, me contou como seria a Rafaela, gostei".
Em 1988, veio outro grande sucesso: a vilã Juliana, da minissérie O Primo Basílio.
Sem novela das oito
Um fato curioso da carreira de Marília Pêra é que, apesar de ter atuado em novelas desde 1965, ela participou de sua primeira trama no principal horário da Globo com um personagem fixo apenas em 2007, em Duas Caras, quando viveu Gioconda de Queiroz Barreto. Antes disso, ela havia participado especialmente, como ela mesma, de Rainha da Sucata (1990) e Celebridade (2003). Nunca tinha atuado em novela das oito/nove. Em 2009, a atriz abandonou a série Cinquentinha, de Aguinaldo Silva, após se desentender com Susana Vieira.
A última participação de Marília Pêra em novelas foi em 2011, quando viveu a vilã Maruschka em Aquele Beijo. Desde 2013, ela atuava na série Pé na Cova, na qual poderá ser vista na temporada de 2016, já que todos os episódios estão gravados desde o início do ano. No episódio da próxima terça (8), haverá uma homenagem à atriz.
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